Análise IEDI
Moderações parciais
Os dados divulgados hoje pelo IBGE mostram que em setembro o setor de serviços não se recuperou da significativa retração do mês anterior. As receitas reais do setor, que tinham caído 1,4% em agosto, na série com ajuste sazonal, apresentaram novamente uma variação negativa em setembro, de -0,3% frente ao mês anterior.
Diante da piora do emprego e da ausência de sinais consistentes de recuperação do rendimento salarial das famílias, não é de se estranhar a dificuldade do setor de serviços em reduzir suas perdas.
De fato, se considerarmos as variações frente ao ano anterior, os resultados em todas as comparações são muito semelhantes, indicando o patamar de queda em que o setor está preso: -4,9% frente a setembro de 2015; -4,7% no acumulado do ano e -5,0% no acumulado em doze meses até setembro de 2016.
A trajetória trimestral mostra algo semelhante, ainda que a situação no terceiro trimestre do corrente ano não esteja tão ruim como aquela da passagem de 2015 para 2016. A retração das receitas reais totais de serviços foi de 4,4% no trimestre findo em setembro último, mas tinha chegado a -5,0% e -4,7% nos dois primeiros trimestres do ano. Vem ocorrendo, então, uma moderação muito limitada das quedas.
Alguns segmentos do setor de serviços, entretanto, conseguiram atenuar a queda de suas receitas ao longo desses nove meses de 2016, enquanto outros continuaram piorando.
• Serviços prestados às famílias: -3,2% no primeiro trimestre,
-5,8% no segundo trimestre e -4,0% no terceiro trimestre,
sempre frente ao ano anterior
• Serviços de informação e comunicação: -4,4%; -2,4% e -1,2%
• Serviços profissionais, administrativos e complementares: -6,8%; -6,3% e -4,2%
• Serviços de transporte e seus auxiliares e de correios: -5,2%; -6,7% e -8,9%
• Outros serviços: -3,8%; -3,9% e -2,0%
Segundo os números acima, nota-se que quem vem assumindo um arrefecimento das perdas de forma mais nítida são os serviços de informação e comunicação, em grande medida devido ao seu componente de telecomunicações, cuja contração das receitas reais recuou de -4,0% para -1,7% entre o primeiro e o terceiro trimestre de 2016.
Outro segmento com melhora relativa foi o de outros serviços, que reúne um conjunto bastante amplo de atividades, tais como serviços de assistência técnica, serviços urbanos, agrícolas e imobiliários. Vale lembrar que esse segmento chegou a cair mais de 10% no final do ano passado, isto é, um patamar de queda cinco vezes maior que o do terceiro trimestre de 2016.
Quanto aos serviços prestados às famílias, continua difícil falar em moderação, já que o nível de retração continua expressivo, influenciado pelos serviços de alojamento e de alimentação, que costumam figurar entre os principais gastos a serem cortados pelas famílias quando estas se encontram com dificuldades financeiras. Em contrapartida, os demais serviços prestados às famílias voltaram a crescer no trimestre findo em set/16 (+1,1%).
Também continuam em declínio acentuado os serviços profissionais, administrativos e complementares. Como se tratam em geral de serviços corporativos, esse desempenho sugere a adversidade da situação enfrentada pelas empresas no país. Ainda mais preocupante é que o componente desse segmento referente justamente aos serviços mais qualificados, aqueles de serviços técnicos-profissionais, tiveram seu pior resultado desde o início da crise neste terceiro trimestre de 2016 (-13,5%).
Também não traz bons indícios sobre o nível geral da economia do país o aprofundamento das quedas do segmento de serviços de transporte e correios, que atingiu igualmente sua pior marca no trimestre findo em set/16. O resultado deste trimestre deveu-se ao retrocesso das receitas de todos os seus componentes, mas o destaque fica por conta dos transportes terrestres (-10,6%) devido à sua aderência ao ciclo econômico.
De acordo com dados divulgados pelo IBGE da Pesquisa Mensal de Serviços para o mês de setembro, o volume de serviços prestados recuou 0,3% sobre o mês de agosto, para dados com ajuste sazonal. Frente ao mesmo mês do ano anterior, a oscilação negativa foi de 4,9% enquanto que no acumulado do ano, de -4,7%, e na variação dos últimos 12 meses, -5,0%.
Na comparação com o mês de agosto, na série com ajuste sazonal, a variação do volume de serviços prestados pelos segmentos de outros serviços (-2,5%), serviços prestados às famílias (-0,9%) e serviços de informação e comunicação (-0,6%), registraram queda, enquanto serviços profissionais, administrativos e complementares (0,7%) e transportes, serviços auxiliares aos transportes e correios (0,3%) registaram elevação. A atividade turística, na mesma comparação, teve elevação de 1,5%.
Em relação ao mês de setembro de 2015, todos os segmentos tiveram desempenho negativo, puxados por serviços prestados às famílias (-5,7%), outros serviços (-4,9%), transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio (-4,8%), serviços profissionais, administrativos e complementares (-3,8%) e serviços de informação e comunicação (-1,9%). O segmento de atividades turísticas registrou queda de 2,6%.
No acumulado do ano, todos os setores mantiveram desempenho negativo. A maior queda observada foi no segmento de transporte, serviços auxiliares dos transportes e correios (-7,0%), seguido por serviços profissionais, administrativos e complementares (-5,8%), serviços prestados às famílias (-4,3%), outros serviços (-3,2%) e serviços de informação e comunicação (-2,7%). Os serviços relacionados a atividades turísticas tiveram retração de 2,7%.
Na variação de 12 meses registrada em setembro, todos os setores registraram queda. O pior desempenho alcançado foi do grupo de transportes, serviços de transportes e correio (-7,1%), seguido por serviços profissionais, administrativos e complementares (-6,3%), outros serviços (-5,3%), serviços prestados às famílias (-4,8%) e serviços de informação e comunicação (-2,6%). Nesta comparação, os serviços de atividades turísticas retraíram 2,3%.
Na análise por unidade federativa, no acumulado do ano, frente ao mesmo período de 2015, as unidades federativas que tiveram variação positiva são Roraima (3,3%), Distrito Federal (1,0%), Tocantins (0,6%). As maiores variações negativas foram registradas nos estados do Amapá (-15,3%), Amazonas (-14,7%), Maranhão (-10,5%), Pernambuco (-9,3%), Bahia (-9,2%), Paraíba (-8,6%), Sergipe (-8,5%) e Espírito Santo (-8,2%).