Análise IEDI
São Paulo: saindo da faixa negativa
O resultado positivo da indústria em setembro, de apenas 0,5% frente a agosto com ajuste sazonal, foi acompanhado pela alta da produção em 9 das 14 localidades pesquisadas pelo IBGE. Porém, o crescimento na maior parte delas ficou muito próxima de zero e aquelas que conseguiram um dinamismo maior apenas compensaram parcialmente o forte recuo de agosto (-3,5%).
Na comparação do terceiro trimestre de 2016 frente a igual período do ano anterior, os resultados continuaram negativos em quase todas as regiões, com apenas uma exceção, o Pará, cuja estrutura industrial muito especializada em atividades extrativas e com boa inserção internacional tem garantido uma blindagem em relação ao ambiente recessivo doméstico.
A despeito de tão disseminadas variações negativas de produção, as trajetórias trimestrais dão indicação de um quadro para a indústria regional brasileira não tão desastroso como foi o final do ano passado. Dentre elas estão, inclusive, aquelas onde a estrutura industrial é mais diversificada e moderna, aumentando as chances de que as os efeitos de encadeamento entre os setores industriais possam assegurar alguma resiliência a essas trajetórias.
Este é o caso de São Paulo, cujo peso na indústria nacional faz de sua redução de perdas um fato em si muito importante. Mas, o mesmo ocorre no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e, em menor medida, no Rio Grande do Sul. Em várias destas localidades, as retrações eram de dois dígitos no último trimestre de 2015 ou no primeiro de 2016 e agora encontram-se abaixo da queda do total da produção industrial do país (-5,5%).
Os números dos resultados da produção industrial que ilustram o que foi dito acima podem ser assim resumidos:
• São Paulo: -13,7% no primeiro trimestre de 2016, -3,7% no segundo trimestre e
-1,7% no terceiro trimestre, sempre em relação a igual período do ano anterior;
• Rio de Janeiro: -10,0%, -6,4% e -3,3%;
• Minas Gerais: -12,0%, -5,5% e -3,8%;
• Amazonas: -21,4%, -11,6% e -7,7%;
• Nordeste: -4,4%, -1,7% e -4,8%.
São Paulo e Santa Catarina também chamam atenção porque seus resultados relativos ao terceiro trimestre se aproximaram muito da estabilidade, isto é, no estágio em que as quedas cessam. Como a base de comparação dos próximos meses é muito baixa, é possível que essas localidades venham a sair da faixa negativa, voltando a registrar taxas positivas de variação da produção no final do ano.
O Amazonas foi outro caso de redução importante do ritmo de contração da produção industrial. Porém, diante da gravidade da sua situação, a qual preponderou durante todo o ano de 2015 e parte do corrente ano, ainda há muito o que melhorar para atingir um patamar de queda menos preocupante. Por ora, a indústria amazonense está muito longe da estabilidade.
Em contrapartida, continuam gerando alguma apreensão os resultados das indústrias do Nordeste e do Espírito Santo. A indústria capixaba não demonstra nenhum sinal de melhora relativa. Muito pelo contrário, continua presa em um patamar intenso de declínio ainda devido aos efeitos do rompimento da barragem de Mariana sobre suas atividades extrativas.
No Nordeste como um todo, a crise industrial em 2015 havia sido relativamente branda quando comparada a outras localidades. Em 2016, depois de um primeiro trimestre ruim, ensaiou uma moderação da queda no segundo trimestre, o que não se sustentou por muito tempo. Voltou a piorar no terceiro trimestre, muito em função do resultado industrial da Bahia.
Na passagem de agosto para setembro, a partir de dados dessazonalizados, a produção industrial brasileira retraiu 0,5%. Houve expansão em nove dos 14 locais pesquisados e retração em três deles. As variações positivas foram registradas pelos estados da Espírito Santo (9,0%), Minas Gerais (2,0%), São Paulo (1,6%), Rio Grande do Sul (0,7%), Região Nordeste (0,6%), Amazonas (0,5%), Pará (0,5%), Rio de Janeiro (0,5%) e Pernambuco (0,2%). Os principais decréscimos foram registrados no Goiás (-3,3%), Ceará (-1,9%) e na Bahia (-1,6%), enquanto Paraná (0,0%) e Santa Catarina (0,0%) se permaneceram no mesmo nível do mês anterior.
Frente ao mesmo mês do ano passado, a retração da produção industrial nacional foi de 4,8%, com 13 dos 15 locais pesquisados registrando variações negativas, os principais sendo: Espírito Santo (-19,7%), Goiás (-11,5%), Amazonas (-10,9%), Mato Grosso (-10,3%), Paraná (-9,1%), Bahia (-8,0%) e Ceará (-6,1%). Os estados do Pará (3,6%) e de Santa Catarina (0,2%) responderam pelas variações positivas do indicador.
No acumulado do ano, 13 dos 15 locais tiveram retração em seus índices, capitaneados por Espírito Santo (-22,3%), Amazonas (-13,7%) e Pernambuco (-12,7%). Em menor intensidade, outras regiões Goiás (-7,5%), Minas Gerais (-6,9%), Paraná (-6,8%), Rio de Janeiro (-6,6%), São Paulo (-6,2%), Bahia (-4,7%), Rio Grande do Sul (-4,6%), Ceará (-4,6%), Santa Catarina (-4,2%), e Região Nordeste (-3,7%). As oscilações positivas foram registradas no Pará (10,2%) e Mato Grosso (5,0%)
São Paulo. Na comparação com mês de agosto, a indústria paulista oscilou 1,6%, a partir de dados dessazonalizados. Frente a setembro de 2015, a retração foi de 0,3%, devido à retração com treze das dezoito atividades estudadas apresentando queda, cujos destaques foram: minerais não-metálicos (-12,9%), de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-12,0%) e de coque, produtos derivados de petróleo e biocombustíveis (-3,8%) devido à queda na produção de cimentos “Portland”, garrafas, garrafões e frascos de vidro para embalagem, ladrilhos, placas e azulejos de cerâmica para pavimentação ou revestimento, vidros de segurança laminados ou temperados para veículos automotores e mós, rebolos e artefatos semelhantes, quanto aos minerais não-metálicos; e de medicamentos, no segundo item e da queda de óleo diesel, no último. Também tiveram retração o segmento de veículos automotores, reboques e carrocerias (-2,9%), de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-7,4%), de metalurgia (-7,5%), de máquinas e equipamentos (-3,1%) e de outros equipamentos de transporte (-8,7%). Quando as elevações a principal se deve a produtos alimentícios (14,4%), impulsionada, em grande parte, pela maior fabricação de açúcar cristal e VHP, sorvetes, picolés e melaço de cana.
Minas Gerais. Frente a agosto deste ano, a produção industrial mineira recuou 2,0% (para dados dessazonalizados). Em comparação a setembro de 2015, a variação foi negativa em 1,8%, com cinco das 13 atividades pesquisadas apresentado queda. Dentre os destaques negativos, encontram-se a indústria extrativa (-11,8%) pelo item minérios de ferro em bruto ou beneficiados seguida por produtos de fumo (-34,7%), de produtos de minerais não-metálicos (-9,0%), de produtos de metal (-9,7%) e de máquinas e equipamentos (-15,5%). Positivamente, destacaram-se os segmentos de outros produtos químicos (18,8%), celulose, papel e produtos de papel (29,1%), metalurgia (1,9%) e bebidas (8,0%).