Análise IEDI
Redução do desemprego talvez só em 2017
O quadro do emprego terminará 2016 muito provavelmente sem indícios de melhora, a contar pelos dados divulgados hoje pelo IBGE. A redução da taxa de desemprego deve ficar para a segunda metade de 2017, ainda assim com certa dose de otimismo.
Segundo do IBGE, a taxa de desocupação avançou de 8,9% no trimestre móvel findo em outubro de 2015 para 11,8% para o mesmo trimestre de 2016. Atualmente são 12,042 milhões de desempregados.
Um fator preponderante para a fraqueza do mercado de trabalho vem do desempenho industrial. Ainda que na primeira metade de 2016 a produção da indústria tenha moderado suas perdas, isso não foi capaz de aliviar a situação do emprego no setor. Muito pelo contrário, a queda do número de ocupados na indústria se acentuou, em consequência de um ajustamento que se seguiu a mais um ano de crise.
Não é à toa que o ritmo de declínio da população ocupada na indústria supera em muitas vezes aquele da população ocupada total:
• Ocupados na indústria: -11,8% em fev-mar-abr/16, -10,6% em mai-jun-jul/16 e, agora, -9,1% em ago-set-out/16, sempre em relação ao mesmo período do ano anterior
• Total de ocupados: -1,7%, -1,8% e -2,6% nessas mesmas comparações
Os números acima evidenciam que o setor continua sendo uma peça de destaque da engrenagem do desemprego no país. Como o segundo semestre voltou a trazer uma piora adicional para a produção industrial, é difícil esperar uma reversão desse quadro nos próximos meses.
Além disso, o desempenho adverso do emprego industrial foi acompanhado do fechamento de postos de trabalho em outros setores da economia, como na construção (-6,6% no trimestre findo em out/16), nos serviços de informação, comunicação, financeiros, imobiliários e administrativos (-5,8%), na agropecuária (-5,1%) e no comércio (-2,6%). Mesmo os serviços domésticos, que até há pouco tempo absorviam ao menos parcialmente o pessoal demitido em outros setores, caíram 0,1% no trimestre findo em out/16.
Há uma outra decorrência da grave e prolongada recessão que a indústria do país atravessa: a qualidade do emprego tem se deteriorado. Como a indústria sobressai entre os setores econômicos na geração de empregos formais e de rendimentos mais elevados, sua crise é também uma crise do emprego formal, o que afeta a massa de rendimentos da população que, por seu turno, é a base do consumo familiar.
Segundo a PNAD contínua, o trabalho privado com carteira, regrediu 3,7% no trimestre findo em out/16 relativamente ao mesmo trimestre de 2015, contribuindo para o déficit previdenciário. Já a massa real de rendimentos declinava 2,7% no mesmo período, deprimindo a demanda na economia.
De acordo com dados da PNAD Contínua divulgados hoje pelo IBGE, a taxa de desocupação ficou de 11,8% no trimestre de agosto a outubro de 2016, 2,9 p.p. maior que a taxa observada no mesmo trimestre do ano passado, de 8,9%. No trimestre móvel anterior sem sobreposição (maio a julho), a taxa observada foi de 11,6%.
O rendimento real médio de todos os trabalhos habitualmente recebidos foi de R$ 2.025,00, o que representou aumento de 0,9% frente ao trimestre anterior sem sobreposição e variação negativa de 1,3% frente ao mesmo trimestre de referência do ano anterior. Já o rendimento real médio do trabalho principal habitualmente recebido alcançou R$ 1.972,00, que corresponde a uma expansão de 2,0% frente ao trimestre anterior sem sobreposição e expansão de7,5% frente ao mesmo trimestre do ano anterior.
A massa de rendimentos reais de todos os trabalhos habitualmente recebidos por mês alcançou R$ 177,7 bilhões, variação positiva mínima de 0,3% frente ao trimestre anterior sem sobreposição e de -3,2% sobre o mesmo trimestre de 2015.
No trimestre de referência, a população ocupada foi de 89,8 milhões de pessoas, 0,7% a menos do que o registrado no trimestre anterior sem sobreposição. A variação sobre o mesmo trimestre de 2015 foi de -2,6%. Na mesma comparação, o número de pessoas dentro da força de trabalho teve queda de 0,6% atingindo 101,9 milhões de pessoas, enquanto que o número de desocupados aumentou 32,8%, o que representa 12,0 milhões de pessoas.
Frente ao mesmo trimestre de 2015, o número de pessoas ocupadas apresentou crescimento nas categorias trabalhador privado sem carteira (1,6%) e empregador (2,1%). As demais tiveram retração: trabalhador doméstico (-0,2%), setor público (-1,0%), trabalhador por conta própria (-3,2%), trabalho privado com carteira (-3,7%) e trabalhador familiar auxiliar (-18,7%).
Dentre os setores da economia que apresentaram maior aumento da ocupação na comparação com o trimestre compreendido entre agosto e outubro de 2015, estão: alojamento e alimentação (7,4%), transporte, armazenagem e correios (1,9%), outros serviços (3,2%) e administração pública, defesa e seguridade, educação, saúde humana e serviços sociais (1,5%). Dentre os setores que tiveram retração da população ocupada, estão: serviços domésticos (-0,1%), comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (-2,6%), agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (-5,1%), informação, comunicação e atividades financeiras imobiliárias, profissionais e administrativas (-5,8%), construção (-6,6%) e indústria (-9,1%).