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O desempenho do varejo neste primeiro semestre de 2016 não
é muito animador. A despeito da obtenção
de algumas taxas positivas na série com ajuste sazonal,
como o módico 0,1% em junho para o varejo restrito, as
quedas superam as altas. Se considerarmos o volume de vendas de
automóveis e materiais de construção (conceito
ampliado), o resultado de -0,2% de junho perfaz a quinta taxa
negativa do semestre.
De fato, essa
evolução não causa estranhamento já
que as forças por detrás do desempenho do varejo,
isto é, as condições do emprego, da renda,
do crédito e da inflação, não têm
contribuído e, ao que parecem, não devem mudar muito
nos próximos meses. Isso significa dizer que dificilmente
o segundo semestre do ano será muito melhor do que este
primeiro.
A leitura
mais otimista que é possível fazer dos dados do
IBGE é que o ritmo de piora das vendas do comércio
restrito se estabilizou, mas isso não quer dizer que as
quedas não sejam profundas. Frente ao mesmo período
do ano passado, os resultados do último trimestre de 2015
e dos dois primeiros de 2016 foram -6,9%, -7,0% e -7,1%, respectivamente,
um sinal de estabilização da taxa de declínio.
Desde o início do levantamento do varejo nacional, em 2001,
nunca houve uma sucessão de trimestres tão ruins.
Na comparação
dos semestres, ainda há deterioração, mas
também em um ritmo menos intenso: -2,2%, -6,4% e -7,0%,
nos dois semestres de 2015 e neste primeiro de 2016, respectivamente.
Em boa medida isso tem sido provocado pela estabilização,
ou mesmo moderação, das perdas daqueles segmentos
do varejo que foram os primeiros alvos de ajustamento do orçamento
das famílias.
O segmento
de tecidos, vestuário e calçados, cujas vendas caem
sistematicamente desde o segundo trimestre de 2014, ultrapassando
a faixa de -10% no final do ano passado, é um desses casos.
A retração de 11,1% no primeiro semestre de 2016
ficou praticamente no mesmo nível do segundo semestre de
2015 (-11,5%).
Outro exemplo
é o segmento de móveis e eletrodomésticos,
muito prejudicado pela contração do crédito
e pelo receio das famílias do desemprego. O volume de suas
vendas, em retração desde o terceiro trimestre de
2014, atingiu um resultado de -16,7% no último semestre
de 2015 e, agora em 2016, de -14,5%. Existe moderação,
mas ela é pouco significativa diante desse patamar de queda.
Já
as vendas de supermercados, alimentos e bebidas, que pesam bastante
no desempenho do varejo, acumularam perdas de 3,2% no último
semestre de 2015 e de 3,6% neste primeiro semestre de 2016. A
pesar de sua essencialidade, as estratégias das famílias
em substituir produtos e marcas por similares mais baratos parecem
ter chegado no limite, diante de uma inflação de
alimentos que teima a subir acima do IPCA geral. O impacto sobre
o volume de vendas do segmento tem sido mais forte ultimamente
(-4,4% no segundo trim. de 2016).
O segmento
de veículos e autopeças, o primeiro a entrar em
crise já no final de 2013, ainda está longe de reverter
suas perdas, mas ao menos conseguiu arrefece-las um pouco, ainda
que marginalmente: de -19,9% no segundo semestre de 2015 para
-13,7% no primeiro de 2016. Isso foi determinante para a desaceleração
da queda do comércio varejista no conceito ampliado, de
-10,7% para -9,3% nesse mesmo período.
Os demais
setores, cujas vendas começaram a cair mais recentemente,
ainda estão numa clara trajetória de piora. É
o caso de outros artigos de uso pessoal e doméstico, com
retração de -5,7% no segundo semestre de 2015 e
de -12,3% agora em 2016. Ainda que em menor intensidade, o mesmo
vale para equipamentos de escritório e informática
(-11,9% e -16,2%, respectivamente), combustíveis (-8,9%
e -9,8%), livros, jornais e papelaria (-13,9% e -17,0%) e material
de construção (-11,9% e -13,0%).
Mesmo artigos
farmacêuticos, ortopédicos e de perfumaria, que mantinham
crescimento do volume de vendas, sucumbiram no segundo trimestre
de 2016 (-2,0% frente ao mesmo período do ano anterior).
Com isso, a alta de 1,1% no segundo semestre de 2015 caiu para
apenas 0,2% neste primeiro semestre de 2016.
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Resultados Gerais. Em junho, frente a maio, na série
livre de efeitos sazonais divulgada pelo IBGE, o volume de vendas do comércio
varejista assinalou pequeno avanço de 0,1%. Na comparação
com junho de 2015, o volume de vendas decresceu 5,3%. Por sua vez, a variação
acumulada no ano foi de -7,0%. Já na comparação do
acumulado em 12 meses, a variação acumulada foi de -6,7%,
acentuou o recuo nessa base de comparação verificado no
mês anterior.
Setores. Na
relação entre junho de 2016 e o mês imediatamente
anterior, na série ajustada sazonalmente, a relativa estabilidade
(0,1%) do comércio varejista foi observada também nos setores
de combustíveis e lubrificantes (-0,1%) móveis e eletrodomésticos
(-0,1%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos,
de perfumaria e cosméticos (-0,2%). Os setores que pressionaram
a taxa negativamente foram: hipermercados, supermercados, produtos alimentícios,
bebidas e fumo (-0,4%) e equipamentos e material para escritório,
informática e comunicação (-3,6%). Por outro lado,
os setores que assinalaram avanço no volume de vendas foram tecidos,
vestuário e calçados (0,7%), outros artigos de uso pessoal
e doméstico (0,8%) e livros, jornais, revistas e papelaria (0,6%).
No comércio varejista ampliado, a variação de -0,2%
deveu-se a queda de 1,3% de veículos e motos, partes e peças
e avanço de 1,3% em material de construção.
Na comparação
entre junho 2016 contra junho 2015, o volume das vendas varejistas mostrou
queda em todas as atividades, com destaque para: hipermercados, supermercados,
produtos alimentícios, bebidas e fumo (-2,9%), móveis e
eletrodomésticos (-9,7%); combustíveis e lubrificantes (-8,9%)
e outros artigos de uso pessoal e doméstico (-8,4%). As demais
atividades em quedas foram: tecidos, vestuário e calçados
(-3,7%), equipamentos e materiais para escritório, informática
e comunicação (-18,3%), artigos farmacêuticos, médicos,
ortopédicos e de perfumaria (-2,1%) e livros, jornais, revistas
e papelaria (-18,3%). O comércio varejista ampliado registrou recuo
de 8,4%, devido à queda de veículos, motos, partes e peças
(-15,2%) e material de construção (-9,8%).
No índice acumulado
no primeiro semestre de 2016, frente a igual período do ano anterior,
o volume das vendas no varejo registra queda de -7,0%, devido a queda
de todas as atividades, exceto artigos farmacêuticos, médicos,
ortopédicos e de perfumaria (0,2%). As principais influências
negativas na formação do resultado global do comércio
varejista vieram dos grupamentos de equipamentos e materiais para escritório,
informática e comunicação (-17,0%), livros, jornais,
revistas e papelaria (-16,2%), móveis e eletrodomésticos
(-14,5%), outros artigos de uso pessoal (-12,3%) e tecidos, vestuário
e calçados (-11,1%). No varejo ampliado, veículos, motos,
partes e peças (-15,2%) e material de construção
(-13,0%) registraram queda.
Regiões.
Em junho de 2016, 13 das 27 unidades da Federação
apresentaram recuo no volume de vendas, na comparação com
o mês imediatamente anterior, na série com ajuste sazonal.
Os destaques negativos foram: Paraíba (-2,0%), Tocantins e Rio
de Janeiro (-1,4%) Santa Catarina (-1,2%), Piauí (-1,1%) e Grande
do Norte (-1,0%). Por outro lado, Paraná, com variação
de 7,4%, registrou o maior avanço no volume de vendas.
Na comparação
com junho de 2015, a queda do volume de vendas no varejo foi registrada
em todas as unidades da federação. O destaque ficou para
o Amapá (-19,1%) em termos de magnitude, enquanto que em relação
à participação na composição da taxa
do comércio varejista, destacaram-se Rio de Janeiro (-9,5%) e São
Paulo (-1,7%).
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