IEDI na Imprensa - Investimentos e indústria mantêm ritmo lento de alta
O Estado de São Paulo
Taxa de investimentos cresceu 0,6% no 1º trimestre, enquanto a indústria subiu apenas 0,1%
Daniela Amorim e Vinicius Neder
A indústria e os investimentos mantiveram o ritmo lento de recuperação no primeiro trimestre do ano, mas a greve de caminhoneiros acendeu um alerta para uma possível paralisação desse processo, segundo economistas. Com a elevação do nível de incertezas, os investimentos tendem a ser um dos itens mais atingidos na atividade econômica.
A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, medida dos investimentos no PIB) cresceu 0,6% na passagem do quarto trimestre de 2017 para o primeiro trimestre de 2018, informou ontem o IBGE. Na comparação com o primeiro trimestre do ano passado, o avanço foi de 3,5% no primeiro trimestre deste ano, a segunda alta seguida nessa base de comparação, após 14 trimestres no vermelho. Apesar da recente recuperação, a taxa de investimento ficou em 16% do PIB, a segunda mais baixa para primeiros trimestres da atual série histórica do PIB, iniciada em 1996.
Antes mesmo da greve dos caminhoneiros, a lentidão do crescimento econômico já vinha abalando a confiança. O Índice de Confiança Empresarial (ICE), medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV), já mostrou nos últimos dois meses um aumento da insatisfação com a economia, as incertezas políticas e o cenário externo. A situação tende a se agravar na confiança dos empresários que será coletada em junho, quando o indicador captará os efeitos da greve dos caminhoneiros. O ICE recuou 0,6 ponto em maio ante abril, para 92,8 pontos, o menor nível desde novembro.
“O impacto da greve na confiança é naturalmente negativo. Os investimentos, que vêm subindo muito lentamente, podem estacionar até o fim do ano, diante da perspectiva de possibilidade de novas crises”, disse Fabio Bentes, chefe da Divisão Econômica da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Construção. Como reflexo dos investimentos ainda tímidos, o PIB da indústria cresceu apenas 0,1% no 1.º trimestre, com a construção puxando o número para baixo, ao recuar 2,2%. Já são 16 trimestres seguidos no negativo. Segundo Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, o setor ainda mostra perdas relacionadas ao envolvimento de construtoras na Operação Lava Jato, mas também por causa dos ajustes fiscais conduzidos pelos governos – tanto o federal quanto os estaduais e municipais.
Na avaliação do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), os dados do PIB mostram uma situação favorável de manutenção da tendência de recuperação tanto da indústria quanto dos investimentos, mas com perda de vitalidade. “No atual momento, seria fundamental que essa recuperação adquirisse uma vitalidade ainda maior”, disse Rafael Cagnin, economista-chefe do IEDI.