IEDI na Imprensa - Compras no exterior cresceram em 14 segmentos no ano passado
Valor Econômico
Marta Watanabe
O avanço das importações de bens industriais aconteceu de forma generalizada em 2017. Dentre 19 ramos de atividade, em 14 houve aumento em relação ao ano anterior. Desse grupo, apenas um - de alimentos e bebidas - cresceu também em 2016. Os cálculos são de estudo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), que levanta dados da balança comercial da indústria de transformação segundo a intensidade tecnológica. Os desembarques da indústria subiram 9,7% no ano passado, na comparação com 2016.
Pelo estudo, a importação avançou no ano passado em todos os grupos de intensidade tecnológica, exceto na indústria de alta tecnologia, em que os desembarques caíram 0,3%, com variação praticamente estável em relação ao ano anterior, explica Rafael Cagnin, economista do IEDI. "Foi de forma geral uma puxada expressiva das importações em 2017."
O comportamento do grupo de alta tecnologia, afirma ele, foi influenciado pela indústria aeronáutica e aerospacial, cujas importações caíram 54,5% no ano passado em relação a 2016. Cagnin pondera, porém, que esse ramo tem ciclo de produção próprio, mais longo, e manteve importações mais estáveis nos anos anteriores. Ele diz ainda que os demais segmentos de alta tecnologia, como material de escritório e informática e instrumentos médicos de ótica, tiveram crescimento elevado, de 31,6% e 16,6%, respectivamente.
Produtos intermediários industriais puxaram as importações dos grupos de média-alta tecnologia e de média-baixa tecnologia, aponta Cagnin. No primeiro destacaram-se os produtos químicos e, no segundo, produtos metálicos, borracha e produtos plásticos e derivados de petróleo refinado. A alta na importação desses produtos, avalia ele, está ligada à retomada de produção industrial, devido à maior demanda doméstica.
Na baixa tecnologia, os ramos de alimentos e bebidas e têxteis couros e calçados apresentaram altas significativas de importação, com avanço de 15,4% e 19,8%, respectivamente, em 2017. Em têxteis e calçados, diz Cagnin, a reversão de sinal se dá de forma "muito brusca". No ano anterior, os desembarques desses segmentos recuaram 32%. Nesse caso há não apenas o efeito do consumo interno, alerta.
"Nesses ramos há muita concorrência dos asiáticos, e é possível que as importações retornem a um padrão pré-crise", afirma Cagnin, lembrando que naquele período o volume de desembarques cresceu mais que o da produção física.
As exportações da indústria de transformação cresceram no ano passado 9,2% contra 2016, com altas em todos os grupos de intensidade tecnológica. Na indústria de média-alta tecnologia, os embarques avançaram 20,8%, com destaque para elevação de 30,6% em veículos, reboques e semireboques e de 20,8% em máquinas e equipamentos.