IEDI na Imprensa - Melhores sinais de recuperação da indústria
O Estado de São Paulo
Editorial Econômico
Que a retomada da indústria em fevereiro foi lenta e dependente de poucos setores, a começar da produção de veículos, não há dúvidas. Mas o fato de a leve recuperação ter sido liderada por Estados com parques industriais desenvolvidos é sinal positivo, que permite alimentar expectativas melhores quanto ao futuro.
Entre janeiro e fevereiro, o crescimento mais forte da produção, segundo a Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física Regional, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ocorreu nos Estados do Rio de Janeiro (+2,2%), Minas Gerais (+2%), Paraná (+1,9%) e Santa Catarina (+2,8%), nos quais o setor secundário da economia é bastante desenvolvido.
Um sinal decepcionante, na avaliação do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), veio de São Paulo, com alta de apenas 0,2% entre janeiro e fevereiro.
Cabe lembrar que, como a recuperação ainda é restrita a alguns segmentos, a diversificação do parque industrial paulista ajuda a explicar o resultado, pois 12 dos 18 segmentos analisados empurraram a indústria para baixo. Foi o caso de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-9,7%), alimentícios (-10,2%) e farmoquímicos e farmacêuticos (-20,4%). O consumidor final dos bens industriais parece adiar compras, concentrando esforços na redução do endividamento para evitar o risco de inadimplência.
Em São Paulo e outros Estados, impactos positivos têm vindo dos segmentos de máquinas e equipamentos, reboques e carrocerias, além de automóveis e caminhões. No Amazonas, por exemplo, onde a produção cresceu 5,6% entre fevereiro de 2016 e fevereiro de 2017, o impacto mais favorável veio da fabricação de televisores. Mas também avançaram os segmentos de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (41,6%), máquinas e equipamentos (113,1%), impressão e reprodução de gravações (67%) e produtos de borracha e material plástico (21,2%).
Embora 9 dos 14 locais pesquisados pelo IBGE tenham apresentado recuperação entre janeiro e fevereiro, a retomada mal é percebida pela maioria das empresas. Para algumas companhias, o maior esforço é renegociar os débitos bancários, para ganhar fôlego e poder cuidar da produção. Esse esforço é pesado e deverá se estender ao longo deste ano.