IEDI na Imprensa - Por ora, um quadro de estabilidade
O Estado de São Paulo
Antes de comemorar alta da produção industrial, é preciso levar em conta os fatores que resultaram nesse avanço
Rafael Cagnin*
A alta de 1,4% da produção industrial em janeiro rompeu a sucessão de resultados negativos que vinha desde março de 2014, o que pode vir a significar o primeiro passo para a recuperação deste que foi o setor mais afetado pela crise. Nada mal começar o ano voltando ao azul. Mas antes das comemorações, é preciso fazer algumas ponderações. A primeira delas, como alerta o próprio IBGE, é que janeiro de 2017 teve dois dias úteis a mais do que janeiro de 2016. A segunda, é a baixa base de comparação, já que a pior etapa da crise se deu entre o fim de 2015 e o início de 2016. Levando em conta esses fatores, o estágio atual em que a indústria se encontra deve estar mais próximo da estabilidade do que de efetiva recuperação.
De todo modo, por mais que o resultado da indústria não seja tão bom quanto parece, é inegável que a situação vem se tornando menos dramática. Para o desempenho industrial neste início de ano, os sinais mais promissores vêm da produção de bens intermediários e bens de consumo semi e não duráveis. Bens de capital, por sua vez, acumulam quedas sucessivas na margem e bens de consumo duráveis, oscilações consideráveis.
Facilitariam a passagem do quadro de virtual estabilidade para uma trajetória de recuperação redução mais acelerada dos juros, destravamento do crédito e urgente realização das concessões públicas. Também seria conveniente que a demanda externa contribuísse mais para o dinamismo da produção nacional, com uma taxa de câmbio menos volátil e mais competitiva.
*Economista Iedi