IEDI na Imprensa - Manufaturado ensaia recuperação, mas 2017 traz incerteza
Valor Econômico
Marta Watanabe
A exportação de manufaturados ensaiou recuperação no ano passado, mas o desempenho para este ano é considerado incerto.
Em 2016 o embarque de manufaturados cresceu 1,2% contra o ano anterior, segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic). Trata-se de alta pequena, mas considerada importante por analistas levando em conta a redução de 3,5% do total das exportações, na mesma comparação, e as quedas dessa classe de produto nos anos anteriores. Em 2015, os embarques de manufaturados caíram 9,3% e, no ano anterior, 13,8%.
Em 2016, destaca Rafael Cagnin, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), a alta de exportação dos manufaturados foi um elemento dinamizador dos embarques, embora a exportação total brasileira tenha caído e no cenário geral tenha prevalecido a queda em ritmo maior das importações.
Com o crescimento, os manufaturados ampliaram de 38% para 40% a participação na pauta exportadora. "Mas a fatia continua muito aquém do que já foi. Em 2000 essa participação era de quase 60%", diz Cagnin. Ele pondera também que a pauta de exportação ainda é muito concentrada em equipamentos para o agronegócio e pela cadeia automotiva, puxada pela normalização do comércio com a Argentina.
A preocupação, alerta o economista, é que o dinamismo da exportação de manufaturados perdeu força à medida que o real se valorizou no decorrer do ano passado e a alta observada no acumulado de 2016 se deve mais ao desempenho do primeiro semestre. "Para 2017, há uma grande incógnita. Se houver alta volatilidade do câmbio, há o risco de se abortar mais um processo de recuperação de embarque de manufaturados."
Para José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), não há dúvidas de que o câmbio ajudou a impulsionar os embarques em 2016. Mas ele pondera que a alta de manufaturados também contou com boa ajuda das plataformas de petróleo. Sem elas, afirma, o resultado seria uma redução de 1,1% nas exportações dessa classe de produtos.
Para 2017, diz Castro, o câmbio não deve ajudar tanto. A AEB projeta dólar médio a R$ 3,30 este ano. O que pode favorecer um pouco o embarque de industrializados brasileiros, avalia, é a Argentina, destino importante de manufaturados e para o qual se projeta crescimento em torno de 3% do PIB.