IEDI na Imprensa - Superávit em 2016 deve ficar perto de US$ 42 bi, diz AEB
Valor Econômico - 03/11/2016
Marta Watanabe, Lucas Marchesini e Daniel Rittner
A queda menos acelerada das importações combinada com a redução nas exportações deve encolher o resultado da balança comercial esperada para o ano. Para José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), o superávit em 2016 deve ficar em torno de US$ 42 bilhões. Nos 12 meses até outubro, o saldo é maior que esse valor, atingindo quase US$ 46 bilhões.
Segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic), as exportações em outubro caíram 10,2% contra igual mês do ano passado. No acumulado até o mês, a queda foi de 5,1%. Castro chama a atenção para a retração mais acelerada dos manufaturados que caíram 1,6% no acumulado e 4% em outubro. Para ele, o comportamento já é efeito do real mais valorizado em relação ao início do ano.
O câmbio, diz Castro, também contribui para a desaceleração na queda das importações. Ressalta, porém, que a redução de desembarques nos bens de capital continua forte e os intermediários, que recuaram 2,3% em setembro, voltaram a cair de forma mais acelerada no mês passado (- 4,1%).
"A valorização do câmbio tem efeitos positivos e negativos para a economia, mas até agora está preponderando o lado negativo", diz Rafael Cagnin, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). "A janela de oportunidade para ocupar a capacidade industrial com produção de exportação ficou muito estreita", afirma. "Perdemos o elemento dinamizador das exportações de manufaturados e de substituição de importações."
O resultado das exportações de manufaturados no segundo semestre de 2016 não será tão ruim quanto o de igual período de 2015, diz Cagnin, mas deveria ser melhor levando em conta que a base de comparação é muito baixa. Ao mesmo tempo, diz o economista, o câmbio mais valorizado não conseguiu incentivar a importação de bens de capital. Dados do ministério mostram que em outubro a redução ainda foi alta, de 19,9% contra igual mês de 2015, embora mais desacelerada em relação à queda de 21,9% do acumulado até o mês passado.
Aos divulgar os dados da balança comercial de outubro, na terça-feira, o ministério manteve a previsão de superávit entre US$ 45 bilhões e US$ 50 bilhões para 2016. No acumulado do ano até outubro, o saldo está positivo em US$ 38,527 bilhões, o maior desde o início da série, em 1980.
"Continuamos com essa expectativa. O mês [outubro] apresentou exportação mais baixa, mas também a importação. Esse superávit é pouco inferior ao que vinha ocorrendo no ano, mas é sazonal", disse o diretor de estatística e apoio à exportação, Herlon Brandão.