IEDI na Imprensa - Indicadores Sugerem Terceiro Trimestre de Ajuste para Atividade
Publicado em: 05/09/2016
Indicadores Sugerem Terceiro Trimestre de Ajuste para Atividade
Valor Econômico – 05/09/2016
Camilla Veras Mota
Os indicadores já conhecidos de julho e agosto reforçam a percepção de que o terceiro trimestre deve ser mais um período de acomodação para a atividade. A indústria reitera os sinais, frágeis, de melhora. Setores mais dependentes do mercado interno mantêm resultados negativos, ainda que os índices de confiança sinalizem recuos menores nos próximos meses.
O Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio retraiu 1,2% em julho sobre junho (com ajuste sazonal), queda que devolveu integralmente a expansão do mês anterior. No confronto com julho de 2015, o recuo de 7,1% foi o pior da série, que começa em janeiro de 2000.
Ainda não há dados consolidados para agosto, mas levantamento feito pela SPC Brasil apontou queda de 7,15% das vendas a prazo na semana do Dia dos Pais em relação a igual período de 2015. É a terceira retração consecutiva para a data, embora menor que em 2015 (11,21%).
"O mercado de trabalho continua piorando, a taxa de juros segue alta e a concessão de crédito, em queda. Não tem como esperar uma melhora [do consumo] para este terceiro trimestre", pondera o economista-chefe do banco ABC Brasil, Luis Otávio de Souza Leal.
O "fundo do poço" para o emprego, ele avalia, só deve chegar no primeiro trimestre de 2017, e apenas a partir daí é possível esperar desempenho mais consistente do consumo das famílias e do setor de serviços. Sua estimativa de retração de 0,2% do PIB para o período de julho a setembro em relação aos três meses anteriores, feito o ajuste, se baseia na expectativa de queda dos dois componentes, ainda com intensidade menor que no segundo trimestre - de 0,7% do consumo privado e de 0,8% dos serviços.
A boa notícia, observa o Bradesco, é que indicadores de confiança mantiveram a trajetória de recuperação neste início de trimestre. O Índice de Confiança do Consumidor da FGV avançou 7,6% em julho e 3,4% em agosto ante os meses imediatamente anteriores, após ficar no menor nível da série em abril.
A confiança da indústria, também segundo a Sondagem da FGV, interrompeu a sequência de cinco altas e recuou 1 ponto em agosto sobre julho, atingindo 86,1 pontos. Para Rafael Cagnin, do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), a queda foi uma correção da melhora acelerada dos meses anteriores. "Foi um chamado para a realidade. A retomada da confiança só vai ser consistente quando a avaliação da situação atual melhorar junto das expectativas", pontua.
Cagnin interpreta a alta de 0,1% da produção industrial em julho, divulgada sexta-feira, como um "sinal amarelo" sobre a retomada que o setor vem ensaiando. A categoria de bens de capital, destaca, apurou a primeira queda do ano, 2,7% ante junho. O ramo de bens de consumo não-duráveis encolheu 1,9%. Havia subido 0,9% no mês anterior.
Para ele, o resultado reitera que a crise no setor foi estancada, mas reforça incertezas em relação ao ritmo de recuperação. O real valorizado, afirma, pode ter impacto negativo em ramos que vinham usando a exportação para compensar parte da queda no mercado doméstico.
O nível ainda alto de estoques e as paralisações em algumas montadoras de veículos sinalizam que a produção voltou a cair em agosto, diz Leal, do ABC Brasil. Essa também é a avaliação da MCM Consultores.