IEDI na Imprensa - Sobreviventes Entre Mortos e Feridos
Publicado em: 03/06/2016
Sobreviventes Entre Mortos e Feridos
O Estado de São Paulo - 03/06/2016
Rafael Cagnin*
Este será o terceiro ano consecutivo de declínio da produção industrial do País. A retração de -3% em 2014 avançou para -8,3%, em 2015, chegando a -11,4% no primeiro quadrimestre deste ano. A magnitude da crise, entretanto, não tem sido igual para todos os segmentos industriais.
Em 2015, de 96 segmentos acompanhados pelos IBGE, dez apresentaram crescimento de produção. Mesmo que em alguns casos tenha havido queda nos anos anteriores, é uma prova de resistência em um ambiente de profunda crise econômica. Foi este o caso de celulose, por exemplo.
Já no acumulado dos quatro primeiros meses de 2016, o número de segmentos industriais com crescimento avançou para 17 e, daqueles que têm conseguido obter alguma melhora do seu desempenho, chegou a 25.A lista inclui, principalmente, segmentos ligados às indústrias químicas que atendem ao agronegócio e à indústria alimentícia.
Outra indicação favorável para o quadro industrial veio da queda de apenas 0,3% do PIB da indústria de transformação no primeiro trimestre – rompendo com o padrão de 2015, quando a indústria sempre caía mais do que o PIB total.
Mas essas indicações de melhora ainda são insuficientes. Dos dez segmentos que não sofreram a crise em 2015, cinco tiveram piora substantiva no primeiro quadrimestre de 2016 e já entraram no campo negativo na comparação com o mesmo período do ano anterior. Ao todo, o desempenho de 32 segmentos (33% do total) piorou neste início de ano. Sobretudo para esses, a crise continua.
*Economista do IEDI