IEDI na Imprensa - Queda da Indústria foi a Maior Desde 2009
Publicado em: 04/05/2016
Queda da Indústria foi a Maior Desde 2009
O Globo - 04/05/2016
Recuo foi de 11,7% no 1º trimestre, puxado por veículos, minério e petróleo
Daiane Costa
A produção industrial brasileira caiu 11,4% em março, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, e acumulou nos três primeiros meses do ano urna queda semelhante, de 11,7%. Este é o pior primeiro trimestre da indústria desde 2009, quando recuou 14,2%. Os dados foram divulgados ontem pelo IBGE. Foi a 25' queda seguida na comparação anual. Já frente a fevereiro, houve expansão de 1,4%. De acordo com o 11101i, a indústria está produzindo o mesmo que em janeiro de 2009 (um dos piores momentos do setor, durante a crise financeira global) e 20,5% abaixo do pico da série, registrado em junho de 2013.
Na análise de André Macedo, gerente da pesquisa, a alta em fevereiro em nada muda o cenário de crise da indústria. As quedas continuam fortes frente aos meses do ano passado, principalmente rios setores de bens de capital (máquinas e equipamentos) e de consumo duráveis (carros e eletrodomésticos), duas atividades muito influenciadas pela falta de confiança que afetam as decisões de investimento e o consumo das famílias.
— Esse crescimento se deve muito mais a uma base de comparação mais baixa (em fevereiro a produção caiu muito), e não foi capaz de compensar a queda de 2,7% do mês anterior.
O economista do IBGE afirmou que houve redução de estoques nos setores de alimentos, de equipamentos de informática e eletrônicos, que estavam muito altos:
— Há setores que também se beneficiaram das exportações com o dólar mais competitivo. Flávio Castelo Branco, gerente-executivo de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), reforça a avaliação do gerente do 113Gfi. Para o representante do setor, não há sinais que apontem reação:
— Fatores que explicam essa situação, como a elevada taxa de juros e um ambiente econômico que gera baixa confiança ainda estão presentes. Essa incerteza na economia traz as piores perspectivas. Se não houver mudança no quadro de confiança, a queda, este ano, pode ser tão intensa quanto a do ano passado (de 8,3%, a maior em 13 anos).
MERCADO PREVÊ QUEDA DE 5,83%
As projeções para a produção industrial no Boletim Focos do Banco Central, que reúne as principais estimativas do mercado, pioraram, no último mês, para -5,83%. Nas contas do economista Silvio Salles, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), para que a retração da indústria se limite a 5%, é necessário que, a partir do resultado de abril, a produção cresça 0,7% todo o mês sobre o mês anterior até dezembro.
— Para que isso ocorra, seria necessário algo que mudasse as expectativas, hoje negativas. A indústria está operando com urna capacidade ociosa muito alta — completou Sanes. Segundo Macedo, o efeito câmbio, apesar de estar ajudando a impulsionar a produção de setores exportadores como de celulose, carne bovina e aves, tem se mostrado incapaz de fazer indústria geral ter um resultado positivo:
— É um impacto muito pequeno diante do setor industrial, onde três quartos dos produtos investigados estão em queda. E uma melhora muito residual.
No acumulado do primeiro trimestre do ano, frente a igual período do ano anterior; as taxas negativas se disseminaram por todas as quatro grandes categorias e por 75,4% dos 805 produtos pesquisados pelo IBGE. Entre as atividades, o ramo de veículos automotores, reboques e carrocerias, que recuou 27,8%, e indústrias extrativas (-15,3%) exerceram as maiores influências negativas na formação da média da indústria. A produção de automóveis, caminhões, autopeças, veículos para transporte de mercadorias, caminhão-trator para reboques e semirreboques, chassis com motor para ônibus e caminhões e carrocerias para ônibus caiu mais. Na indústria extrativa, tanto minério como petróleo recuaram forte.
REDUÇÕES MENORES
Alberto Ramos, economista da Goldman Sachs, afirmou, cm relatório, que, apesar "da impressão positiva de março, a perspectiva geral para a atividade industrial continua sendo um desafio", devido à falta de confiança, à carga tributária crescente e a uma branda demanda externa. Mais otimista, Rafael Cagnin, economista do Instituto de Estudos de Desenvolvimento Industria (IEDI), vê sinais de melhora: as quedas estão menores:
— O quadro geral é muito ruim, mas existem indícios preliminares de arrefecimento do ritmo de queda.