IEDI na Imprensa - Dólar Volátil Pode Afetar Embarque de Manufaturados
Publicado em: 04/04/2016
Dólar Volátil Pode Afetar Embarque de Manufaturados
Valor Econômico - 04/04/2016
Por Marta Watanabe e Fábio Pupo
A queda de 5,6% na exportação de manufaturados em março, contra igual mês de 2015, no critério da média diária - recuo 1,9% no trimestre - mostra que a reação dos embarques de industrializados encontra ainda dificuldades. Os dados foram divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O recuo ainda não é efeito do câmbio mais valorizado, mas o dólar mais barato das últimas semanas acende uma luz amarela na expectativa de recuperação das vendas ao exterior de bens industrializados.
Rafael Fagundes Cagnin, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), diz que a recente oscilação do câmbio é vista como resultado de especulação de mercado relacionada à crise política e que, superado isso, o real deve voltar a se desvalorizar. "A questão é quanto tempo a volatilidade vai durar. Se permanecer mais tempo, acende-se uma luz amarela, já que a desvalorização cambial foi a única boa notícia para a indústria neste ano."
José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), tem análise semelhante. Ele lembra que as empresas repassaram como desconto no preço de exportação a vantagem anterior do real mais desvalorizado. "Com a oscilação mais recente, as empresas ainda devem optar por sacrificar margem para não perder negócio."
Se o dólar demorar meses para voltar a subir, porém, as empresas não terão como deixar de elevar seus preços de exportação e o desempenho dos embarques de manufaturados no segundo semestre deverão ser afetados, avalia Castro. Por enquanto a AEB mantém estimativa de alta de 5% na exportação de manufaturados neste ano, na comparação com 2015.
Cagnin destaca que, de qualquer forma, há ainda uma melhora de desempenho das exportações totais quando se olha a variação em médias móveis trimestrais. No primeiro trimestre do ano, contra igual período de 2015, houve recuo de 5,1% nas exportações. Na mesma comparação o recuo foi de 6% no trimestre encerrado em dezembro de 2015. Em setembro, a redução foi de 19,4%. Em junho e março, de 15,6% e de 14,5%, respectivamente. "O mergulho das exportações está menor, o que não deixa de ser algo positivo."
Em março, a balança comercial registrou superávit de US$ 4,4 bilhões, valor quase dez vezes superior aos US$ 460 milhões registrados no mesmo mês do ano passado. Trata-se do melhor março da série iniciada em 89. Segundo o ministério, o saldo é resultado da queda da importação em ritmo maior que a das exportações.
No mês passado, a importação totalizou US$ 11,5 bilhões, redução de 30% em relação a março de 2015. A exportação chegou a US$ 16 bilhões -recuo de 5,8%, sempre na média diária. No trimestre, o superávit foi de US$ 8,4 bilhões, ante déficit de US$ 5,5 bilhões em igual período de 2015.