IEDI na Imprensa - 08/01/2016 – Desastre e Greve Derrubam a Indústria
Desastre e Greve Derrubam a Indústria
Folha de São Paulo - 08/01/2016
Produção caiu 2,4% de outubro para novembro; retração de 2015 é prevista em 8,5% e pode contaminar 2016
Com resultado pior no mês, Bradesco estima que PIB brasileiro tenha encolhido 1,5% no 4º trimestre de 2015
Bruno Villas Bôas
O desastre ambiental em Mariana (MG) eagreve dos petroleiros na bacia de Campos —principal região produtora de petróleo no país— derrubaram a indústria numa intensidade maior que a imaginada por economistas.
Em novembro, a produção industrial caiu 2,4% na comparação com o mês anterior —o pior resultado desde dezembro de 2013 (-2,8%) e a sexta queda consecutiva. Ante novembro de 2014, a baixa foi ainda maior, de 12,4%.
Economistas consultados pela agência Bloomberg esperavam queda de 1% sobre outubro e de 10,3% ante o mesmo mês do ano anterior.
O vilão do mês foi a indústria extrativa —que inclui minério de ferro e petróleo. Esse setor produziu 10,9% a menos do que em outubro, o maior tombo desde dezembro de 2008 (-15,2%).
O minério foi o que mais pesou, após o rompimento da barragem da Samarco (associação da BHP BillitoneVale) em Mariana. A Samarco produz cerca de 30 milhões de toneladas por ano, o equivalente 7,5% da produção de minério do país em 2014.
A greve dos petroleiros também teve reflexos. Iniciada em 28 de outubro, durou quase um mês e afetou o refino, que caiu 7,8% ante outubro.
“Os dois eventos são a novidade de uma indústria que já vinha sendo afetada pela menor demanda e por estoques elevados, além falta de confiança dos empresários”, disse André Macedo, gerente de Indústria do IBGE.
É o caso dos bens de capital (que inclui máquinas, equipamentos e caminhões). Termômetro dos investimentos, recuaram 1,6% sobre outubro e 31,2% ante novembro de 2014.
“Empresário com a indústria ociosa prefere não investir”, disse Rafael Fagundes Cagnin, economista do IEDI. No acumulado em 12 meses, a queda é de 7,7%.
Para o banco Fator, o resultado do mês aponta para uma queda de 8,5% da indústria no ano passado fechado. A Rosenberg Associados prevê queda de 8,3% em 2015 e uma perda “contratada” de 4,5% em 2016.
Segundo o Bradesco, o resultado de novembro sugere uma indústria ainda enfraquecida nos próximos meses e uma contração de 1,5% no PIB do quarto trimestre sobre o trimestre anterior.