IEDI na Imprensa - Emprego na indústria tem 45ª queda seguida e registra o pior semestre da série histórica
Emprego na indústria tem 45ª queda seguida e registra o pior semestre da série histórica
Valor Econômico - 20/08/2015
Camilla Veras Mota e Alessandra Saraiva
O emprego industrial registrou entre janeiro e junho o semestre mais negativo da Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário (Pimes), com queda de 5,2%. Os dados de junho do levantamento, que começa em 2002, deram continuidade à sequência de quedas apuradas já há vários meses pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação com o mesmo período do ano passado, a contração de 6,3% no pessoal ocupado foi a 45ª consecutiva, o recuo de 6,3% das horas pagas, a 41ª seguida e queda de 7,1% na folha de pagamento real, a 13ª.
Entre os setores, o desempenho de junho também repete as tendências do semestre. Máquinas e aparelhos eletroeletrônicos, produtos de metal e meios de transporte foram os mais negativos, com quedas de 13,9%, 11,8% e 11,4% sobre junho de 2014, nessa ordem. Todos os 18 segmentos acompanhados, entretanto, mostraram queda na ocupação.
Para o banco Fator, os números expõem "a frágil situação do setor e sua persistente piora", já que as quedas registradas em 2015 se dão sobre a base já fraca do ano passado. O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) ressalta que a situação já é pior do que durante a crise de 2009, quando o pessoal ocupado na indústria encolheu 4,8% nos primeiros seis meses. No primeiro semestre de 2014, a queda foi de 2,4%.
Em 2015, o emprego no setor encolherá pelo quarto ano seguido. Após as quedas 1,4% em 2012, de 1,1% em 2013 e de 3,2%, a expectativa do Iedi é que o tombo deste ano seja "maior que 4,5%". Ao contrário de 2009, quando boa parte da crise era importada de fora, as dificuldades deste ano são reflexo principalmente do desempenho fraco da economia, que se dá em um cenário de "forte ajuste nas contas do governo" e expectativas ruins, pondera a instituição, que lembra que a demanda global ainda fraca complica a situação já debilitada da indústria.
Para André Macedo, economista do IBGE, a intensificação do ritmo de contração é "preocupante", especialmente diante da ausência de sinais de recuperação da produção industrial no curto prazo - no primeiro semestre, ela recuou ainda mais que o emprego no setor, 6,3% em relação ao mesmo período do ano passado. Outro antecedente importante do emprego, as horas pagas caíram 5,8% no semestre, também o pior resultado da série histórica.
O segmento automotivo é um dos principais responsáveis pela intensificação da queda na ocupação, afirma Macedo. Em junho, o ramo de meios de transporte - que representa 10% do emprego industrial do país e engloba o setor - registrou algumas das maiores quedas entre as principais variáveis do levantamento. O emprego encolheu 11,4% sobre junho do ano passado; horas pagas, 11,1% e folha de pagamento, 17,4%.