IEDI na Imprensa - Emprego industrial sofre mais que em 2009
Emprego industrial sofre mais que em 2009
O Estado de São Paulo - 20/08/2015
Apesar de o IBGE indicar que a situação era pior na crise global, instituto ligado às indústrias vê cenário mais grave hoje
Mariana Durão
A situação do emprego industrial em 2015 é pior que na crise financeira global, avalia o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI). A queda de 5,2% do emprego na indústria no primeiro semestre, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é mais severa que a registrada no auge da crise de 2009.
Naquele ano a atividade industrial doméstica encolhia e o emprego do setor recuou 4,8% nos seis primeiros meses do ano, destaca o instituto em análise da Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário (PIMES). “O que parece ser hoje tão ruim quanto em 2009 é, em verdade, pior. A retração do emprego industrial em 2015 ocorre depois de três anos consecutivos de resultados adversos (-1,4% em 2012, -1,1% em 2013 e -3,2% em 2014)”, diz o documento.
Para o IEDI, o quadro atual é mais grave porque naquela época a crise vinha de fora. Apesar do desaquecimento da economia global ainda afetar a indústria nacional, a interpretação do instituto é que o desempenho pífio da economia brasileira em 2015, num cenário de forte ajuste das contas do governo e num ambiente pessimista– em boa parte em decorrência das incertezas políticas – tem levado a indústria nacional a amargar uma crise não observada em sua história recente.
No ano passado, a produção industrial caiu 3,1% e, neste ano, a taxa em doze meses recua 5,0%. A projeção para o número de ocupados na indústria é de retrocesso de mais de 4,5% em 2015. O IEDI chama a atenção para o aprofundamento da crise no emprego industrial ao longo do ano, com recuo de 0,7%no primeiro trimestre e de 2,4% no segundo, ao se comparar trimestre com trimestre imediatamente anterior com ajuste sazonal; e taxa negativa de -4,6% e -5,8%, respectivamente, no primeiro e segundo trimestres deste ano se a comparação é feita com iguais trimestres de 2014.
Outro ponto negativo ressaltado pelo IEDI é que a crise é geral, ocorre em todos os ramos da indústria. Além da queda brusca em segmentos como meios de transporte (-9,9%)e máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (- 12,5%), também estão sendo atingidos segmentos tradicionais da economia como vestuário (-5,4%), calçados e couro (- 7,5%), metalurgia básica (- 6,5%), refino de petróleo e produção de álcool (-6,3%), indústrias extrativas (-4,6%) e produtos têxteis (-2,9%).
Apesar de pouco otimista, o IEDI acredita que no segundo semestre pode haver algum abrandamento da escalada da crise do emprego industrial, porque ajustes mais duros teriam sido feitos no primeiro semestre.
IBGE. A análise do IEDI sinaliza uma piora ainda maior do que a identificada pelo IBGE. Segundo a série do instituto, a retração em junho foi de 6,3% ante o mesmo mês de 2014 – e a queda foi apontada como a mais intensa desde agosto de 2009, na época da crise.
Segundo o IBGE, com a retração em junho, o emprego na indústria acumula três anos e nove meses de quedas na comparação anual. Foi o pior desempenho para um semestre desde o início da série histórica da pesquisa, em dezembro de 2000. A constatação vale tanto para a variável de pessoal ocupado assalariado quanto para a de horas pagas, que desabaram 5,2% e 5,8% de janeiro a junho de 2015.
A pesquisa revela que a quantidade de pessoas empregadas em junho ficou 12,8% abaixo do pico histórico, ocorrido em julho de 2008. “O cenário do mercado de trabalho permanece no campo negativo há algum tempo. Isso não pode ser dissociado da trajetória descendente da produção industrial desde outubro de 2013”, diz o gerente da coordenação de indústria do IBGE, André Macedo.