IEDI na Imprensa - Produção industrial mensal recua em 13 das 14 regiões
Produção industrial mensal recua em 13 das 14 regiões
Valor Econômico - 10/06/2015
Robson Sales
O cenário de deterioração da economia brasileira tem provocado queda generalizada da produção industrial e ampliado o número de Estados com dados negativos. Em abril, 13 dos 14 locais pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresentaram recuo, segundo a Pesquisa Industrial Mensal Regional. Entre março e abril, apenas o Paraná avançou, com alta de 1,4%. A produção industrial recuou 7,6% em abril na comparação com igual mês de 2014.
A produção não tinha queda tão generalizada desde o fim de 2008. Em novembro daquele ano, a indústria caiu em todos as áreas pesquisadas e em dezembro, apenas um Estado se salvou.
Thiago Biscuola, economista da RC Consultores, aponta que a queda na produção dos bens não duráveis já afeta diferentes Estados, principalmente no Nordeste. A renda das famílias mais apertada, maior restrição de crédito e juros mais altos, na avaliação de Biscuola, está provocando a deterioração da indústria de bens não duráveis. "Conforme o tombo é ampliado, esses segmentos se disseminam", avalia o analista da RC Consultores.
"Existem vários brasis e alguns Estados começam a sofrer um pouco antes, como Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul. Esses outros que ainda tinham um dinamismo econômico, uma certa inércia, começam a sentir essa fragilidade do consumo", completou o economista.
A avaliação do Instituto Estudos Desenvolvimento Industrial (IEDI) é que a queda generalizada revelada pela PIM mostra que "a crise já se alastrou para todo o tecido industrial". "Ela abarca as regiões mais intensamente industrializadas, como São Paulo, como também as indústrias das regiões mais especializadas do país", completa a nota. Para o economista do IEDI Rogério Cesar de Souza, os dados refletem o andamento da economia brasileira.
No Norte, para Biscuola, o Amazonas, "é um caso alarmante por causa da queda das vendas da linha marrom". Nos primeiros quatro meses do ano, o tombo da indústria amazonense já soma 18,2% - é o pior dado entre todas as regiões pesquisadas pelo IBGE. Desde a Copa do Mundo o comércio de produtos de informática e televisores está caindo. Com a crise, segundo Rogério Cesar de Souza, do Iedi, "as pessoas deixam de comprar bens duráveis, como televisores e geladeiras".
Na comparação entre abril deste ano com o mesmo mês de 2014, o setor no Estado de São Paulo - maior economia do país - registrou recuo em 17 dos 18 segmentos analisados, segundo o IBGE. Foi a queda mais generalizada em toda série histórica paulista, apenas a indústria de minerais não metálicos se salvou e avançou 2,3% - no confronto com abril do ano passado.
Segundo Rodrigo Lobo, economista do IBGE, o resultado foi influenciado, no entanto, pela base de comparação muito baixa. Em abril de 2014, o segmento havia caído 11,9% - na comparação com abril de 2013.
Ainda na comparação anual, alguns setores da indústria de São Paulo vêm sofrendo com taxas negativas seguidas. É o caso da atividade de outros produtos químicos, que inclui a fabricação de inseticidas para a agricultura, que recua há 18 meses seguidos - bem acima da média nacional, que cai há 14 meses. Já a metalurgia mostra recuo por 17 meses seguidos.
De acordo com o IBGE, a produção industrial de São Paulo está 17,6% abaixo do seu pico histórico de produção, registrado em março de 2011. Desde junho de 2013 a trajetória é declinante.
Ainda na comparação com abril do ano passado, 13 dos 15 locais pesquisados tiveram queda. Os únicos dois locais pesquisados com resultado positivo foram Espírito Santo (14,4%) e Pará (5,8%), ambos muito dependentes da indústria extrativa. Segundo o IBGE, no acumulado do ano, Espírito Santo (19,2%) e Pará (8%) assinalaram as expansões mais elevadas.
O setor extrativo, afirma Lobo, representa 80% da atividade industrial do Pará e cerca de 60% no Espírito Santo. Apesar do crescimento no último levantamento, a atividade industrial ainda está 1,8% abaixo do pico histórico registrado pelo IBGE no Pará e de 3,9% abaixo do máximo no Espírito Santo.