IEDI na Imprensa - Fiesp Prevê Recuo de 2% no PIB e de 5% na Indústria este Ano
Publicado em: 29/05/2015
Fiesp Prevê Recuo de 2% no PIB e de 5% na Indústria este Ano
O Globo - 29/05/2015
Para Paulo Skaf, presidente da entidade, a combinação de crise política e econômica pode levar o país a uma crise social
Ronaldo D’Ercole e Lino Rodrigues
SÃO PAULO - O presidente da Federação das Indústrias de São Paulo, Paulo Skaf, disse nesta sexta-feira que o resultado do PIB no primeiro trimestre, queda de 0,2%, reflete a falta de gestão e governança da política econômica . Na sua avaliação, o governo federal erra também ao combinar o aperto fiscal com mais aumento nos juros.
— É preocupante que, mesmo com esse desempenho, o governo insista em errar, aumentando ainda mais os juros para conter a demanda. Já não há demanda, os juros sobem e inibem ainda mais a demanda e ainda aumenta os gastos do governo com a dívida publica — disse o dirigente, que estima em R$ 450 bilhões as despesas do governo este ano com pagamento de juros da dívida pública.
Para o presidente da Fiesp, a ideia de elevar impostos é inaceitável, já que a contrapartida de corte de gastos pelo governo não é realista. o mais grave dessa conjunção de fatores é que a situação tende a piorar ainda mais. Skaf lembra que, mesmo com o corte de R$ 69 bilhões no Orçamento, anunciada semana passada, o governo pretende gastar 7% a mais que em 2014.
—O governo falou em contingenciamento de despesas que não existem na verdade e vai gastar 7% mais, é um absurdo.
— Os indicadores do segundo trimestre, tanto do IBGE quanto da Fiesp, mostram um agravamento da retração. Nesse compasso, caminhamos para uma queda de 2% no PIB este ano, e se isso se confirmar a indústria encolherá mais 5% — diz Skaf.
Na avaliação do presidente da Fiesp, o país, que já vive uma crise econômica e política, caminha para uma crise social.
— O problema é a gastança, a falta de seriedade. Tudo tem limite.
IEDI
Para o economista-chefe do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), Rogério César de Souza, o mais preocupante nos números do PIB do primeiro trimestre é que a retração na atividade não se restringe mais fortemente ao setor de transformação, que encolheu 7% na comparação com mesmo período de 2014. Mas atinge agora também a construção e a distribuição de energia e água.
— Aquele ciclo de crescimento da construção dos últimos anos acabou e agora a desaceleração da economia chegou ao setor. A dificuldade da indústria não vem de agora, e o que o PIB mostra é que outros segmentos agora começam a sofrer, inclusive o comércio e os serviços. Isso tem a ver com a perda de ritmo geral da economia — diz Souza.
Quanto a indústria, acrescenta ele, o mau m omento de importantes parceiros do Brasil, como a Argentina e os Estados Unidos também pesa.
— O cenário da indústria não é muito diferente dos últimos anos e com os dados do primeiro trimestre já dá para ver que teremos mais uma queda na produção, que foi de 3,3% em 2014, e com perda de emprego pelo quarto ano consecutivo, disse o economista do IEDI, que projeta retração de 3,5% para a produção industrial este ano.
Já o presidente da Abinee, que reúne as indústrias de produtos elétricos e eletrônicos, Humberto Barbato, os números divulgados pelo IBGE confirmam o quadro econômico restritivo a parti das medidas de ajuste adotadas pelo governo federal.
— O resultado não surpreende e confirmam que teremos um ano muito difícil — diz.
Para Barbato, o governo precisa recuperar a confiança entre os empresários para que eles voltem a investir. Para isso, é preciso um cenário de maior estabilidade política e econômica no país.
— Recuperar a intenção de investir novamente vai levar tempo, poius demora para fazer com que a tartaruga acuada tira a cabeça do casco — disse Barbato.