IEDI na Imprensa - Representantes do governo defendem inovação como saída da crise
Representantes do governo defendem inovação como saída da crise
Valor Econômico - 14/05/2015
Arícia Martins
Autoridades do governo defenderam ontem a uma plateia de empresários que o ajuste econômico terá duração limitada e que é preciso definir estratégias para que o Brasil volte a crescer depois de terminado esse processo. A inovação, tema de congresso realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), foi apontada como peça-chave na retomada do crescimento do país e da participação do setor industrial na economia.
Presente no evento pela manhã, o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo, afirmou que o ajuste não é um programa nem uma política do governo, e não terá "duração eterna". Segundo Rebelo, o objetivo das medidas fiscais é preparar o país para voltar a crescer e se desenvolver. Nesse contexto, disse, o desafio é recompor o orçamento do Ministério - que deve ser contingenciado em pouco menos de 30% - para que a pasta lidere os esforços de inovação no país. "Vamos fazer esforços para que os contingenciamentos não sacrifiquem ações essenciais do Ministério, principalmente as voltadas para a inovação".
Para o ministro, "não é concebível" que não haja nenhuma obra de sua pasta no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), preocupação que, de acordo com ele, já foi levada à presidente Dilma Rousseff. Duas sugestões que serão feitas por Rebelo à presidente são a inclusão no PAC da construção do laboratório do projeto Sirius, em Campinas, e de um reator multipropósito.
No painel da tarde, o diretor de Planejamento do BNDES, João Carlos Ferraz, bateu na mesma tecla: em sua visão, o ajuste fiscal será duro, e é preciso planejar a saída dele para evitar impactos negativos adicionais na economia. "O ajuste tem que ter um tempo limitado. Se ele não estiver acompanhado de recuperação da atividade, confiança e etc, a história mostra que a tendência é que o processo vá na direção negativa."
Ferraz aproveitou a palestra de Mariana Mazzucato, professora da Universidade de Sussex, na Inglaterra - que citou o BNDES como exemplo positivo de atuação do Estado na inovação - para defender a importância do banco como indutor do crescimento nos últimos anos. Segundo ele, a instituição tem sido atacada "de maneira absolutamente absurda nos últimos anos por desconhecimento da sociedade". Como exemplo de ação do banco como empreendedor e "networker", citou a associação entre a Mobilização Empresarial para a Inovação, grupo de empresários criado pela CNI, e o Plano Inova Empresa, do BNDES, que gerou R$ 35 bilhões em contratos. "Estamos num contexto, num país que está num nível 'deprê'. Agradeço o afago ao ego extremamente machucado", acrescentou Ferraz à pesquisadora.
Destacando o atraso do Brasil na área da inovação, o presidente da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Luis Fernandes, disse que o governo está no momento de definir sua nova política industrial. Países como Coreia do Sul e China, diz Fernandes, estão em outro patamar quando mensurados os gastos com inovação em relação ao PIB, "o que nos coloca um problema de velocidade". Ele afirmou que é preciso um trabalho mais "eficiente e mais eficaz do poder público, inclusive na sua articulação com setor privado".
Representantes da MEI entregaram a Rebelo um manifesto que defende a necessidade de políticas de inovação para o setor industrial. Lido por Pedro Passos, presidente do conselho da Natura e do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), o documento destacou que a indústria está se aproximando dos "lamentáveis" 10% de participação no PIB, e que em 2012, último dado disponível, o país investiu apenas 0,56% de seu produto em pesquisa e desenvolvimento (P&D).