IEDI na Imprensa - Ocupação cai e 2014 se torna pior ano para indústria desde 2009
Ocupação cai e 2014 se torna pior ano para indústria desde 2009
Valor Econômico - 11/02/2015
Camilla Veras Mota e Alessandra Saraiva
Os indicadores de emprego mostram que 2014 foi o pior ano da indústria desde 2009. No ano passado, a ocupação cedeu 3,2% - mesmo nível de queda da produção -, as horas pagas caíram 3,9% e a folha de pagamento real recuou 1,1%.
Em 2012 e 2013, a indústria registrou demissões líquidas, de acordo com a Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário (Pimes), e reduziu os quadros em 1,4% e 1,1%, respectivamente, mas sem queda no custo dos salários, que avançaram 4,4% e 1,3%, também nessa ordem. Desde o início da série, em 2002, essa combinação só aparece em 2009, quando o nível de emprego cai 5% e a folha de pagamento recua 2,4%.
Os resultados negativos foram disseminados. Houve cortes em 16 dos 18 setores acompanhados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) - as exceções foram os ramos de produtos químicos (1,4%) e de minerais não-metálicos (0,7%).
Rogério César de Souza, do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), chama atenção para o desempenho de São Paulo, onde a queda na ocupação, de 4,2%, foi a maior da série. Principal parque industrial do país, o Estado representa 32% do emprego e 40% da produção industrial.
Sem sinais de recuperação em São Paulo - onde as horas pagas caíram 6,2% em dezembro em relação a igual mês de 2013, contra retração de 5,3% na média geral - é difícil esperar reação dos indicadores nacionais, avalia André Macedo, gerente da coordenação de indústria do IBGE,.
"A crise do emprego industrial já começa a chegar a outros setores, como o comércio e os serviços", afirma Souza, do Iedi. Para ele, a ligeira melhora dos indicadores em dezembro sobre novembro - aumento de 0,4% na ocupação, de 1,9% na folha e redução de 0,1% nas horas pagas - também não embute sinais de uma recuperação em 2015.
O cenário, avalia Souza, é mais um reflexo da base fraca de novembro do que um ponto de inflexão. "Em relação a 2013, a queda de 4% na ocupação em dezembro é a 39ª seguida."