IEDI na Imprensa - PIB é Melhor que o Esperado, mas Indústria tem Desempenho Sofrível
Publicado em: 27/02/2014
PIB é Melhor que o Esperado, mas Indústria tem Desempenho Sofrível
O Globo - 27/02/2014
Recuperação dos investimentos e indústria em 2014
Rogério César de Souza
A economia brasileira saiu-se melhor no final de 2013 do que se esperava. O avanço de 0,7% do PIB no quarto trimestre ante o terceiro (com ajuste sazonal), superou as estimativas do mercado. Esse resultado mostra que a economia reagiu e se recuperou da queda de 0,5% registrada no terceiro trimestre.
No entanto, ao se observar o desempenho do último trimestre do ano passado por setor de atividade, nota-se que nem tudo caminhou no mesmo ritmo e no mesmo sentido. De fato, o aumento do PIB decorreu, exclusivamente, do avanço do valor agregado (VA) do setor de Serviços (0,7%), já que o VA da Agropecuária ficou estagnado (0,0%) e o da Indústria caiu (-0,2%) — todas as taxas referentes ao quarto trimestre com relação ao terceiro, com ajuste sazonal.
O crescimento acumulado de 2,3% do PIB em 2013 também contou, dada sua elevada participação, com a evolução do VA do setor de Serviços (aumento de 2,0%). Ou seja, a despeito do crescimento de 7,0% do VA da Agropecuária e de 1,3% do VA da Indústria, Serviços foi, uma vez mais, como ocorreu nos últimos anos, o principal responsável pelo crescimento do PIB no ano de 2013. Essa “dependência” do comportamento de Serviços não é saudável para a economia do país. Uma justificativa para tal observação está na própria evolução das atividades desse setor, a qual, nos últimos três anos, vem apresentando um ritmo de crescimento bem mais modesto.
Quem precisa reagir, de modo mais consistente, é a indústria brasileira. O que se viu no ano passado foi uma indústria com andar trôpego e em desaceleração: variações do VA de –0,4%, 2,0%, 0,1% e –0,2%, nessa ordem, do primeiro ao último trimestre de 2013 – taxas calculadas no trimestre com relação ao trimestre imediatamente anterior, com ajuste sazonal. Os números de produção e emprego mostram que esse desempenho sofrível é generalizado, ou seja, pode ser visto em diferentes ramos industriais e em diferentes localidades em todo o país.
As expectativas não são tão favoráveis para a indústria neste início de ano. No entanto, espera-se que esse cenário melhore ao longo de 2014. A recuperação da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) registrada no ano passado – após queda de 4,0% em 2012, a FBCF cresceu 6,3% em 2013 –, é um sinal de que os investimentos foram retomados, e as estimativas são de que eles avancem mais neste ano. Ou seja, além da taxa de câmbio mais favorável, um crescimento tão ou mais significativo dos investimentos em 2014 será o principal fator que poderá levar a indústria brasileira a um crescimento mais substancial.
Rogério César de Souza é Economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi)