IEDI na Imprensa - Skaf Vê Timidez no Pacote e Propõe Mudanças Profundas
Skaf Vê Timidez no Pacote e Propõe Mudanças Profundas
Folha de São Paulo - 31/12/2006
Guilherme Barros
Mercado Aberto
O Brasil não está precisando mais de um pacote de "bondades", e sim de reformas profundas para mudar o foco do país para o desenvolvimento econômico. Um pacote de medidas para estimular alguns setores da economia brasileira é até positivo, mas este e outros governos já fizeram e nem por isso o país cresceu.
A afirmação é do presidente da Fiesp, Paulo Skaf, ao falar de suas expectativas sobre o pacote econômico do governo que deverá ser anunciado na terceira semana de janeiro. "Um pacote com um estímulo aqui e outro ali, ainda que seja positivo, será mais do mesmo, e não é disso que o Brasil precisa agora", afirma.
Skaf defende uma mudança mais ampla. O que o governo deve fazer agora, na sua opinião, é, na verdade, um choque de gestão que contemple cortes de gastos, reformas estruturais, mecanismos de desburocratização e de incentivos ao investimento privado, além do aumento do investimento público e de uma redução ainda maior dos juros.
A Fiesp encaminhou recentemente ao governo um documento, elaborado com o Iedi, com uma série de propostas que visam elevar o crescimento econômico do país para 5% ao ano, a partir de 2009.
Sem esconder um certo ar de desânimo, Skaf espera que a decisão de prorrogar o anúncio do pacote econômico tenha sido motivada para ampliar o alcance das medidas, mas ele não acredita nessa hipótese. Ele tampouco acha que o documento elaborado pela Fiesp com o Iedi venha a ser aproveitado pelo governo.
O trabalho da Fiesp/Iedi propõe que o governo adote uma meta de crescimento econômico para que o país consiga se expandir. Nessa proposta, que o documento chama de novo enfoque da política econômica, seria a meta de crescimento que iria definir o superávit nominal, a meta de inflação e a política cambial.
Segundo Skaf, isso não significa que ele defenda a volta da inflação, que é a maior crítica que se faz sobre a proposta da Fiesp. O documento projeta uma inflação ao ano de 4,5% até 2009, para depois cair para 4% em 2010 e para 3% em dez anos. "Ninguém quer a volta da inflação", diz Skaf. "O que o país precisa é de crescer, e ninguém cresce se continuar com o freio de mão acionado."
Caso contrário, o Brasil, de acordo com Skaf, corre o risco de seguir o exemplo do México, que baixou o risco-país, o juro e a inflação, atingiu o grau de investimento em 2002, mas o crescimento está empacado na faixa de 3%.
Frase
"Um pacote com um estímulo aqui e outro ali, ainda que seja positivo, será mais do mesmo, e não é disso que o Brasil precisa agora"
PAULO SKAF
presidente da Fiesp