IEDI na Imprensa - Pacote Poderá Interferir no Crescimento de 2007
Pacote Poderá Interferir no Crescimento de 2007
Gazeta Mercantil - 21/12/2006
Nanci Santana
Em 2007, o desempenho da economia não deverá ser muito diferente do verificado este ano e dependerá, em parte, das medidas que devem ser anunciadas em janeiro pela equipe econômica. A análise é do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), que apresentou ontem sua avaliação da trajetória da indústria em 2006 e as perspectivas para o próximo ano.
"De partida, nós teremos uma repetição deste ano em 2007 e estamos na dependência do que vier de medidas efetivas do pacote que entrarão em vigor no início do próximo ano", disse o economista-chefe do Iedi, Edgar Pereira. Mais cético em relação ao conteúdo do pacote econômico, o diretor do departamento de economia do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Boris Tabacof, declarou que as medidas deverão ter um alcance limitado, concentrando-se principalmente na área fiscal. Em sua avaliação, na ausência de ações para reduzir o custo do crédito e trazer o câmbio para um nível mais competitivo, a economia não conseguirá crescer acima de 3%.
A dobradinha juros altos e câmbio valorizado é ressaltada também por Pereira, para quem o desequilíbrio dessas duas variáveis vem ajudando a aprofundar o processo de desestruturação da indústria brasileira. De acordo com ele, a substituição da produção doméstica por importados ocorre há mais de uma década no País devido ao diferencial de custos de produção interno em relação a outros países como a China. "A indústria nacional tem que ganhar produtividade e tem feito isso com bastante intensidade para conseguir concorrer com a China. Mesmo que o Brasil consiga um nível de produtividade chinesa, o País não conseguirá ser competitivo por causa do câmbio", ponderou Pereira.
O economista criticou ainda a forma de ajuste da economia brasileira, que ele classificou como passiva, ditada pela economia internacional. Um ajuste ativo implica na adoção de um conjunto de investimentos que aumentem a capacidade de produção, disse.
Pereira ressaltou que em 2006 a evolução da indústria teve um caráter muito heterogêneo, em que a indústria extrativa apresentou um desempenho muito acima da média, enquanto a produção de bens intermediários foi fortemente afetada pelo câmbio desfavorável.