IEDI na Imprensa - Impacto Negativo do Saldo Comercial Será Crescente em 2007
Impacto Negativo do Saldo Comercial Será Crescente em 2007
DCI - 21/12/2006
Marina Pita
O aumento da importação deverá exercer maior pressão negativa no PIB em 2007 e poderá comprometer o crescimento do País no próximo ano.
A conclusão é do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), em pesquisa divulgada ontem. A contribuição do saldo comercial para a variação do Produto Interno Bruto (PIB) deverá ser negativa em 2006 e puxar o PIB ainda mais para baixo em 2007.
No primeiro trimestre do ano o saldo comercial contribuiu negativamente com 0,5% para o incremento do PIB. No segundo trimestre a contribuição foi ainda pior, 0,7%. Apesar de neutra (0%) no terceiro trimestre, a tendência é de que o saldo comercial continue a puxar o PIB para baixo e ainda com mais força. O peso da corrente de comércio na formação do PIB, no entanto, ainda é pequeno.
O saldo comercial deve encerrar este ano na casa dos US$ 44 bilhões. No ano que vem, deve recuar para algo em torno de US$ 35 bilhões, com aumento das exportações inferior, percentualmente, ao das importações, segundo o Iedi. Para este ano, a entidade acredita que a alta do PIB ficará pouco abaixo de 3%; em 2007, pouco acima dos 3%, dois pontos percentuais abaixo da meta do governo.
O estudo mostra que entre os componentes da demanda para o incremento do PIB, a maior contribuição vem do consumo das famílias, seguido por consumo do governo, formação bruta de capital fixo e, em menor escala, variação dos estoques e saldo comercial.
Para Edgard Pereira, economista chefe do Iedi, a indústria está perdendo participação no PIB não porque o País tenha passado para outro patamar de desenvolvimento, em que é natural que isso ocorra, mas por conta da pressão exercida pelo câmbio valorizado.
O segmento com menor resultado na indústria nacional foi o de bens intermediários, segundo o levantamento, o que foi destacado como um dos pontos preocupantes. “Estamos observando a desestruturação da malha industrial o que representa um perigo para o desenvolvimento do País”. A indústria extrativa, no entanto, obteve o melhor desempenho e aumenta sua participação no PIB. O Instituto alerta ainda para a perda de qualidade das exportações brasileiras.
Para o presidente da Iedi, Josué Gomes da Silva, há otimismo em relação aos próximos anos e ao governo Lula: “Acredito que o Brasil tem condições de alcançar um crescimento robusto e sustentável”. Para isso, no entanto, o Governo Federal terá que ousar enfrentar interesses, diz Gomes da Silva.