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A indústria brasileira caminha para fechar 2014 com mais um resultado adverso na sua história recente. De 2003 para cá, a produção industrial caiu em dois anos: 2009 (–7,1%) e 2012 (–2,3%). Naquele ano de 2009, a indústria brasileira amargava os efeitos da crise internacional e, em 2012, com o acirramento da concorrência nos mercados externos e após um longo período de valorização da moeda nacional, o produto brasileiro mostrava-se claramente pouco competitivo.
Para 2014, estima-se que a produção industrial encolherá 2,6%. Portanto, a segunda maior queda no período 2003-2014. Ao longo deste ano, a trajetória da produção da indústria brasileira foi de declínio a partir de março, de ligeira recuperação em julho e agosto, de mais uma queda em setembro e de estagnação no início do último trimestre deste ano – de acordo com números do IBGE, a produção industrial não variou (0,0%) na passagem de setembro para outubro, considerando o ajuste sazonal.
Provavelmente, a indústria brasileira começará 2015 no mesmo compasso, ou seja, com produção baixa e oscilando de acordo com as necessidades de ajustes de estoques. Para 2015 como um todo, a indústria dependerá muito da intensidade e da extensão do ajuste fiscal e da condução da política monetária. Cortes dos investimentos públicos e elevação das taxas de juros inibirão o que se mostra hoje como a principal saída para a indústria em particular e para a economia brasileira em geral, qual seja: os investimentos privados. São os investimentos privados que poderão reverter o momento adverso pelo qual o setor passa e levar a economia a crescer a taxas significativas.
O último trimestre deste ano iniciou, como dito acima, com a produção industrial estagnada. A produção de bens intermediários (0,0%) e de bens de capital (0,0%) manteve, em outubro, o mesmo patamar de setembro. Resultados piores foram registrados na produção de bens de consumo duráveis (–0,8%) e de bens de consumo semi e não–duráveis (–0,6%) no mês de outubro. No período janeiro-outubro, a produção industrial total caiu 3,0%, refletindo quedas expressivas da atividade produtiva dos setores de bens de capital (–8,8%) e de bens duráveis (–9,6%), bem como o declínio da produção de bens intermediários (–2,5%). Por sua vez, no setor de bens semiduráveis e não duráveis, a produção não recuou no acumulado dos dez primeiros meses deste ano, mas avançou muito pouco (0,2%).
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Em outubro, segundo dados divulgados pelo IBGE, a produção industrial apontou variação nula (0,0%) frente ao mês imediatamente anterior, na série livre de influências sazonais. No confronto com igual mês do ano anterior, o total da indústria mostrou queda de 3,6%, em outubro de 2014 (oitava taxa negativa consecutiva nesse tipo de comparação). Assim, para o acumulado dos dez meses do ano a variação foi de –3,0%. O indicador acumulado nos últimos doze meses, com o recuo de 2,6%, em outubro de 2014, manteve a trajetória descendente iniciada em março último, assinalando o resultado negativo mais intenso desde dezembro de 2012 (–2,9%).
Entre as categorias de uso na comparação com o mês imediatamente anterior, bens intermediários (0,0%) e bens de capital (0,0%) acompanharam o resultado do total da indústria e repetiram o patamar do mês anterior. Já os setores produtores de bens de consumo duráveis (–0,8%) e de bens de consumo semi e não–duráveis (–0,6%) apontaram redução na produção nesse mês.
No confronto com igual mês do ano anterior, bens de capital (–11,4%) e bens de consumo duráveis (–9,4%) assinalaram as quedas mais acentuadas entre as grandes categorias econômicas. Os segmentos de bens intermediários (–2,8%) e de bens de consumo semi e não–duráveis (–0,1%) também apontaram resultados negativos nesse mês, mas com intensidade menor do que a média nacional (–3,6%).
Já o perfil dos resultados para o acumulado no ano mostrou menor dinamismo para bens de consumo duráveis (–9,6%) e bens de capital (–8,8%), pressionadas especialmente pela redução na fabricação de automóveis (–16,7%), na primeira, e de bens de capital para equipamentos de transporte (–16,6%), na segunda. O segmento de bens intermediários também assinalou resultado negativo, de –2,5%, nessa comparação, ou seja, uma queda menos intensa do que a observada na média nacional (–3,0%). Em contraste, o setor produtor de bens de consumo semi e não–duráveis que apontou taxa positiva de 0,2%.
A estagnação da atividade industrial na passagem de setembro para outubro de 2014 foi influenciada pelo recuo de 16 dos 24 ramos pesquisados, especialmente produtos farmacêuticos e farmoquímicos (–9,7%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (–2,2%). Outras contribuições negativas importantes sobre o total da indústria vieram das atividades de produtos de minerais não–metálicos (–2,1%), produtos de borracha e material plástico (–1,7%), couro, artigos de viagem e calçados (–3,2%), produtos do fumo (–6,2%) e bebidas (–1,3%). Já entre os seis ramos que ampliaram a produção nesse mês, o desempenho de maior importância para a média global foi assinalado por produtos alimentícios (2,5%). Vale citar também os impactos positivos vindos dos setores de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (4,7%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (0,9%) e outros equipamentos de transporte (5,0%).
Na comparação com outubro de 2013, o setor industrial mostrou queda de 3,6% em outubro de 2014, com perfil disseminado de resultados negativos: 23 dos 26 ramos apontaram redução na produção. Entre as atividades, a de veículos automotores, reboques e carrocerias, que recuou 16,5%, exerceu a maior influência negativa na formação da média da indústria. Outras contribuições negativas relevantes sobre o total nacional vieram de produtos de metal (–13,9%), metalurgia (–8,3%), máquinas e equipamentos (–8,0%), outros produtos químicos (–5,7%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (–6,5%) e produtos de minerais não–metálicos (–4,6%). Por outro lado, entre as três atividades que aumentaram a produção, os principais impactos foram observados em indústrias extrativas (6,4%) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (6,3%).
No índice acumulado no ano, houve queda em 19 dos 26 ramos (atingindo 63% dos 805 produtos investigados). O principal impacto negativo foi observado em veículos automotores, reboques e carrocerias (–18,0%). Outras contribuições negativas relevantes vieram dos setores de produtos de metal (–11,4%), metalurgia (–6,6%), máquinas e equipamentos (–5,3%), outros produtos químicos (–4,3%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (–7,7%) e produtos de borracha e de material plástico (–3,9%). Entre as sete atividades que ampliaram a produção, as principais influências foram observadas em indústrias extrativas (5,5%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (3,2%) e produtos farmacêuticos e farmoquímicos (5,4%).
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