16 de setembro de 2016

Serviços
Estabilização em três segmentos


  

 
O faturamento real do setor de serviços voltou a crescer em julho na série com ajuste sazonal, prolongando a trajetória de hesitação entre resultados positivos e negativos, mas que, nos últimos três meses, sugere uma estabilização das perdas do setor. Segundo os dados divulgados hoje pelo IBGE, frente ao mês anterior a alta em julho foi de 0,7%, após -0,2% em junho e +0,2% em maio, já descontados os efeitos sazonais.

Já em relação ao mesmo mês do ano anterior, julho apontou queda de 4,5% do faturamento real do setor, acumulando nos sete meses de 2016 uma retração de 4,8%. Cabe observar ainda que no ano passado o setor já havia caído 3,6%.

O resultado favorável na comparação mês contra mês anterior com ajuste sazonal vem sendo ensejado pelo comportamento de três importantes segmentos do setor de serviços, cujos resultados na margem estão já há alguns meses muito próximos de zero. É o caso de serviços de informação e comunicação que ficou estável em julho frente a junho, sendo que tanto em abril como em maio tinha caído apenas 0,1% e em junho obtido uma alta de 0,3%.

Também ronda a estabilidade o segmento de serviços profissionais, administrativos e complementares. Seu desempenho com ajuste sazonal nos três últimos meses foi de 0% em maio, -0,4% em junho e +0,3% agora em julho frente ao mês anterior. Dentre seus subsegmentos, quem mais tem influenciado essa trajetória é o de serviços administrativos e complementares, que incluem muitas atividades terceirizadas: +0,3%, +0,9% e -0,5% nas mesmas comparações anteriores.

O terceiro segmento de serviços a estancar sua deterioração foi o de transportes e correio, fortemente relacionado ao nível de atividade da economia como um todo. Neste caso, isso aparece mais recentemente, nos últimos dois meses. O faturamento real desse segmento cresceu 0,2% em junho e caiu 0,3% agora em julho, frente ao mês anterior com ajuste.

O segmento de serviços prestados às famílias, por sua vez, vem apresentando resultados positivos mais expressivos, ao menos na série com ajuste sazonal. Em junho cresceu 2,7% e em julho, 3,2% sempre em relação ao mês anterior.

Como este segmento de serviços às famílias foi um dos primeiros a entrar em crise, em meados de 2014, é possível que já venha conseguindo reverter seu quadro, uma vez que vai se estreitando a margem para cortes adicionais do consumo desses serviços. Não pode ser descartado, contudo, o risco de uma nova rodada de perdas, já que a situação do emprego e da renda das famílias continua bastante adversa.

Em julho, o segmento de outros serviços também teve alta digna de nota: +1,9% frente a junho com ajuste sazonal. Este resultado positivo veio depois de três meses seguidos de queda nessa comparação e, por isso, é cedo para inferir algum início de melhora nesse segmento, ainda mais porque ele reúne um conjunto muito diversificado de serviços que dificulta a interpretação de seus resultados.

Outros sinais que também sugerem que o setor de serviços parou de piorar. Por exemplo, a variação da média móvel trimestral do faturamento real do setor como um todo, tem ficado geralmente entre -5,0% e -4,5%. O declínio acumulado no ano, a seu turno, permanece próximo de -5,0% (-4,8% até jul/16).

O cenário geral é então de estabilização, porém em um patamar muito elevado de perdas e sem movimentos recentes que possam sugerir o início de uma trajetória de recuperação. O setor parece se encontrar no vale da fase descendente do seu ciclo. Nesse sentido, a situação dos serviços contrasta com aquela da indústria, em que muitos setores já podem ter deixado para trás o pior da crise.
   

 
De acordo com dados divulgados pelo IBGE da Pesquisa Mensal de Serviços para o mês de julho, o volume de serviços prestados aumentou 0,7% sobre o mês de junho, para dados com ajuste sazonal. Frente ao mesmo mês do ano anterior, a oscilação negativa foi de -4,5% enquanto que no acumulado do ano, de -4,8%, e na variação dos últimos 12 meses, -4,9%.

Na comparação com o mês de junho, na série com ajuste sazonal, a variação do volume de serviços prestados pelos segmentos de serviços prestados às famílias (3,2%), outros serviços (1,9%), serviços profissionais, administrativos e complementares (0,3%) registraram alta, enquanto serviços de informação e comunicação apresentou estabilidade e transportes, serviços auxiliares aos transportes e correios (-0,3%) teve retração. A atividade turística, na mesma comparação, teve avanço de 0,7%.

Em relação ao mês de julho de 2015, todos os segmentos tiveram desempenho negativo, puxados por transportes, serviços auxiliares dos transportes e correio (-8,7%), serviços profissionais, administrativos e complementares (-5,0%), serviços prestados às famílias (-2,2%), serviços de informação e comunicação (-1,5%) e outros serviços (-0,8%). Atividades turísticas registraram queda de 0,2%.

No acumulado do ano, todos os setores mantiveram desempenho negativo. A maior queda observada foi no segmento de serviços profissionais, administrativos e complementares (-6,3%), transporte, serviços auxiliares dos transportes e correios (-6,3%), serviços prestados às famílias (-4,1%), outros serviços (-3,4%) e serviços de informação e comunicação (-3,1%). Os serviços relacionados a atividades turísticas tiveram retração de 1,9%.

Na variação de 12 meses registrada em junho, todos os setores registraram queda. O pior desempenho alcançado foi do grupo de outros serviços (-6,7%), seguido por serviços profissionais, administrativos e complementares (-6,7%), transportes, serviços de transportes e correio (-6,4%), serviços prestados às famílias (-5,3%) e serviços de informação e comunicação (-2,5%). Nesta comparação, os serviços de atividades turísticas retraíram 1,7%.

Na análise por unidade federativa, no acumulado do ano, frente ao mesmo período de 2015, as unidades federativas que tiveram variação positiva são Roraima (5,3%), Distrito Federal (3,2%), Tocantins (1,8%), Rondônia (1,0%), e Alagoas (0,2%). As maiores variações negativas foram registradas nos estados do Amapá (-15,7%), Amazonas (-14,8%), Maranhão (-10,7%), Pernambuco (-9,3%), Paraíba (-9,2%), Sergipe (-8,7%), Bahia (-8,5%), e Santa Catarina (-7,2%).

 

 

 

 

 

 

 

 

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