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As vendas reais do comércio varejista vêm mantendo
a oscilação de resultados positivos e negativos
que tem marcado sua evolução em 2016, mas parece
que, à medida em que avançamos para o segundo semestre
do ano, a amplitude dessas variações tem sido menor,
girando mais claramente em torno da estabilidade na série
com ajuste sazonal.
O declínio
das vendas do varejo no conceito restrito foi de 0,3% em julho
frente ao mês anterior, já descontados os efeitos
sazonais, revertendo a alta de mesma magnitude verificada em junho
(+0,3%). Já no conceito ampliado, que inclui as vendas
de automóveis, autopeças e materiais de construção,
o desempenho tem sido sistematicamente negativo desde março
de 2016, mas também tem se aproximado cada vez mais de
zero. Em julho, caiu -0,5% frente a junho com ajuste.
Esta é
uma trajetória menos adversa do que a de 2015, quando as
quedas imperaram. Mas é bem provável que o presente
ano termine sem uma mudança do quadro do comércio
de declínio para crescimento, já que, como temos
visto em Análises IEDI anteriores, a situação
do emprego continua grave, com uma taxa de desocupação
em elevação e rendimentos reais em declínio.
Ademais, as vendas daqueles bens que exigem algum tipo de financiamento
também esbarram no crédito em contração
e a juros elevados.
Nessa conjuntura,
os sete meses de 2016 continuam sendo de crise para o comércio,
muito embora um pouco menos intensa do que fora no ano passado.
Na pior fase da atual crise, indicada pela comparação
do nível de vendas reais de dez/15 com dez/13, na série
com ajuste, o comércio no conceito restrito caiu 8,2%.
Já em 2016, na comparação entre jul/16 e
dez/15, a retração persiste: -2,2%. No conceito
ampliado, essas mesmas comparações dão os
seguintes resultados: -14,3% e -4,5%, respectivamente.
A despeito
de resultados negativos, em três importantes segmentos do
comércio as perdas em 2016 puderam ser bastante arrefecidas.
É o caso de equipamentos de escritório e informática,
cujas vendas reais tinham caído 11,0% entre dez/13 e dez/15
e agora caem 2,0% no contraste de jul/16 com dez/15. Os outros
casos são de móveis e eletrodomésticos (-21,7%
e -5,8% nas mesmas comparações) e veículos
e autopeças (-28,1% e -8,1%, respectivamente).
Um segmento
que também sofreu muito em 2015, o de tecidos, vestuário
e calçados, que apresentou perda de vendas reais de 15,4%
na pior etapa da crise (dez13 a dez15) e que na comparação
entre jul/16 e dez/15 registra declínio de 8,2%, veio com
retração preocupante em julho. Frente a junho, com
ajuste, a queda foi de -5,8%, depois de três meses seguidos
em que o segmento vinha conseguindo, na margem, expandir suas
vendas.
De todos os
segmentos do varejo aquele que mais nitidamente tem flertado com
a estabilização é o de hiper e supermercados,
alimentos, bebidas e fumo. No pior da crise suas vendas reais
caíram 6,0% e agora, em jul/16 frente a dez/15, apresentam
retração de apenas 0,4%. Isto ocorre a despeito
de o desempenho mês a mês, que vinha próximo
de zero, mas sempre positivo entre março e junho, ter voltado
a cair em julho: -0,3% frente a junho, com ajuste sazonal. Neste
caso, a inflação de alimentos aparece como um obstáculo
importante para uma reação mais persistente.
Por fim, cabe
registrar a performance de dois segmentos que entraram atrasados
na crise do varejo. As vendas de farmacêuticos, ortopédicos,
perfumaria e cosméticos aumentaram 9,3% em dez/15 frente
a dez/13, passando a mostrar retração na comparação
mais recente: -2,7% em jul/16 contra dez/15. Já as vendas
de artigos de uso pessoal, que incluem as lojas de departamento,
caíram 3,3% e 5,7% nas mesmas comparações,
respectivamente.
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De acordo com dados da Pesquisa Mensal do Comércio de julho de
2016 divulgados hoje pelo IBGE, o índice de volume de vendas do
comércio varejista no Brasil, a partir de dados dessazonalizados,
registrou retração de 0,3% em relação a junho.
Na comparação com o mesmo mês do ano passado, a queda
foi de 5,3%, no acumulado do ano de 6,7% e nos últimos 12 meses,
de -6,8%.
O comércio
varejista ampliado, que inclui vendas de veículos, motos, partes
e peças e de materiais de construção, registrou queda
de 0,5% sobre junho, a partir de dados livres de influências sazonais.
Na comparação com junho de 2015, o decréscimo foi
de 10,2%, no acumulado do ano foi de 9,4% e nos últimos 12 meses,
a variação foi de -10,3%.
A partir de dados
dessazonalizados de julho, frente ao mês de junho, os segmentos
de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de
perfumaria (0,7%), equipamentos e materiais de escritório, informática
e comunicação (5,9%) apresentaram crescimento. Os demais
segmentos registraram retração, como tecidos, vestuário
e calçados (-5,8%), livros, jornais, revistas e papelaria (-1,2%),
móveis e eletrodomésticos (-1,0%), outros artigos de uso
pessoal e doméstico (-0,9%), hiper, supermercados, produtos alimentícios,
bebida e fumo (-0,3%) e combustíveis e lubrificantes (-0,3%). No
varejo ampliado, o volume de vendas de veículos e motos, partes
e peças decresceu 0,3% e o de material de construção,
-2,5%.
Em relação
ao mês de julho de 2015, todos os setores pesquisados continuam
apresentando retração. No varejo restrito, o maior recuo
foi observado nos segmentos de livros, jornais, revistas e papelaria (-18,6%),
tecidos, vestuário e calçados (-14,2%), equipamentos e material
para escritório, informática e comunicação
(-12,9%), móveis e eletrodomésticos (-12,4%), outros artigos
de uso pessoal e doméstico (-11,6%), combustíveis e lubrificantes
(-9,9%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos
e de perfumaria (-3,2%) e hipermercados, supermercados, produtos alimentícios,
bebidas e fumo (-0,1%). No varejo ampliado, a venda de material de construção
retraiu 12,6% enquanto que a de veículos e motos, partes e peças
encolheu 20,0%.
No acumulado do ano
de 2016, todos os segmentos tiveram retração, puxados por
livros, jornais, revistas e papelaria (-17,2%), equipamentos e material
para escritório, informática e comunicação
(-15,8%), móveis e eletrodomésticos (-14,4%), outros artigos
de uso pessoal e doméstico (-12,2%), tecidos, vestuário
e calçados (-11,6%), combustíveis e lubrificantes (-9,8%)
e hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-2,9%)
e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de
perfumaria (-0,3%). No varejo ampliado, a venda de materiais de construção
retraiu 12,9% e a de veículos, motos, partes e peças, -14,7%.
Em relação
a julho de 2015, todas as unidades federativas pesquisadas, a exceção
de Roraima, que registrou expansão de 3,2%, apresentaram retração
no volume de vendas. As maiores foram observadas no Amapá (-18,9%),
Pará (-15,5%), Bahia (-13,4%), Espírito Santo (-13,4%),
Mato Grosso (-13,2%), Rondônia (-12,7%), Rio Grande do Norte (-11,2%),
Piauí (-11,1%), Tocantins (-11,1%), Maranhão (-10,8%) e
Distrito Federal (-10,6%). As menores reduções ocorreram
em Minas Gerais (-1,4%), Santa Catarina (-2,9%), São Paulo (-3,0%),
Rio Grande do Sul (-3,2%) e Paraná (-4,0%).
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