9 de setembro de 2016

Indústria
A desindustrialização brasileira
na perspectiva internacional


  

 
A Carta IEDI que será divulgada hoje analisa resultados de uma nova revisão das informações industriais realizada pela UNIDO (Organização de Desenvolvimento Industrial das Nações Unidas). Os dados colocam em evidência a perigosa desindustrialização que vem ocorrendo no Brasil.

Contudo, são também reveladores de que a posição brasileira no contexto mundial ainda conserva certa relevância. No início da atual década, por exemplo, a participação do país na manufatura mundial, em torno a 3%, aproximava-se de um país que é referência em processos bem-sucedidos de industrialização, como é o caso da Coreia do Sul.

Naquela época, o Brasil detinha o 6º maior parque industrial do mundo. Em 2015, ano em que a indústria nacional declinou quase 10% e o país passou a representar apenas 2,3% do PIB manufatureiro global, caímos para a 9ª posição. Em suma, os últimos tempos foram de retrocesso para a indústria brasileira perante o mundo, fruto de tantos reveses e de efeitos tão adversos de algumas políticas executadas nas últimas décadas, a exemplo da política cambial. Contudo, cabe também lembrar que, mesmo assim, o Brasil ainda preserva certa presença no mapa industrial mundial, figurando entre as maiores indústrias do planeta

Outros resultados do recente Relatório da UNIDO referente a 2015 seriam:

  • De 2014 para 2015 não houve mudança na relação dos países entre os 15 maiores produtores, embora se destaque a troca de posições que envolve o Brasil. Este foi sobrepujado pela Índia, pela Itália e pela França, caindo, como vimos, da 6ª para a 9ª colocação.
     
  • A China, que desde 2010 é a maior produtora mundial, responde atualmente por quase um quarto do total de valor adicionado pela indústria de transformação mundial. Em seguida, estão EUA (16,5%), Japão (8,9%), Alemanha (6,4%) e Coreia do Sul (3,1%).
     
  • Em 2015, as economias industrializadas representavam 56,4% do valor adicionado mundial e as economias industriais emergentes, 39,1% (sendo que a China acumula 23,8% nesse grupo). Em 2005 essa relação era de 69% para economias industrializadas e 27% para economias industriais emergentes.
     
  • Em valores constantes de 2010, o valor adicionado da indústria de transformação per capita mundial passou de US$ 1.493 em 2005 para US$ 1.630 em 2015, um crescimento de 9,2%. Por sua vez, o valor adicionado da indústria de transformação per capita no Brasil caiu de US$ 1.524 para US$ 1.322, tornando-se, assim, inferior à média mundial em 2015.

Também relevante é a observação de que a parcela do valor adicionado da indústria de transformação no PIB do Brasil foi e continua sendo inferior à média mundial e à dos países de renda média alta. Além disso, enquanto houve elevação nessa relação mundialmente entre 2005 e 2015, de 15,8% para 16,1%, no Brasil houve queda de 13,9% para 12,2%. Mas vale atentar para o fato de que o recuo desse indicador também se fez sentir, mesmo que em menor magnitude, no grupo de países de renda média alta ao qual o Brasil pertence.

O crescimento do valor adicionado da indústria mundial foi de 2,8% e o das economias emergentes industriais foi 4,5% em 2015. O Brasil, como consequência dos problemas que o país atravessa, teve variação negativa de 9,0%, em dólares contantes de 2010. Aliás, a indústria de transformação dos países industriais emergentes teve taxas de variação mais expressivas, menos voláteis e mais resistentes à crise. Mas o seu crescimento desacelerou em 2015 relativamente a 2014. Já a evolução do setor manufatureiro das economias industrializadas acelerou levemente de 1,4% em 2014 para 1,5% em 2015.

Na comparação entre os períodos de 2006 a 2010 e de 2011 a 2015, o valor adicionado da indústria de transformação mundial cresceu 3,5% e 2,9%, respectivamente, percentuais superiores à evolução do PIB que ficou estável em 2,6% nos dois períodos. Isso mostra que a indústria ainda constitui um motor de crescimento econômico. Cabe notar que a desaceleração das manufaturas deveu-se principalmente ao menor ritmo de evolução da produção chinesa.
   

 
 

 

 

 

 

 

Leia outras edições de Análise IEDI no site do IEDI


Leia no site do IEDI: Indústria e Desenvolvimento - Reflexões e Propostas do IEDI para a Economia Brasileira - Para celebrar o aniversário de 25 anos de fundação do IEDI e sua trajetória, produzimos o presente livro que reúne 30 trabalhos representativos do Instituto a respeito dos mais diversos temas da indústria e da economia brasileira.