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A Carta IEDI que será
divulgada hoje analisa resultados de uma nova revisão das
informações industriais realizada pela UNIDO (Organização
de Desenvolvimento Industrial das Nações Unidas).
Os dados colocam em evidência a perigosa desindustrialização
que vem ocorrendo no Brasil.
Contudo, são
também reveladores de que a posição brasileira
no contexto mundial ainda conserva certa relevância. No
início da atual década, por exemplo, a participação
do país na manufatura mundial, em torno a 3%, aproximava-se
de um país que é referência em processos bem-sucedidos
de industrialização, como é o caso da Coreia
do Sul.
Naquela época,
o Brasil detinha o 6º maior parque industrial do mundo. Em
2015, ano em que a indústria nacional declinou quase 10%
e o país passou a representar apenas 2,3% do PIB manufatureiro
global, caímos para a 9ª posição. Em
suma, os últimos tempos foram de retrocesso para a indústria
brasileira perante o mundo, fruto de tantos reveses e de efeitos
tão adversos de algumas políticas executadas nas
últimas décadas, a exemplo da política cambial.
Contudo, cabe também lembrar que, mesmo assim, o Brasil
ainda preserva certa presença no mapa industrial mundial,
figurando entre as maiores indústrias do planeta
Outros resultados
do recente Relatório da UNIDO referente a 2015 seriam:
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De 2014 para 2015 não houve mudança na relação
dos países entre os 15 maiores produtores, embora se
destaque a troca de posições que envolve o Brasil.
Este foi sobrepujado pela Índia, pela Itália e
pela França, caindo, como vimos, da 6ª para a 9ª
colocação.
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A China, que desde 2010 é a maior produtora mundial,
responde atualmente por quase um quarto do total de valor adicionado
pela indústria de transformação mundial.
Em seguida, estão EUA (16,5%), Japão (8,9%), Alemanha
(6,4%) e Coreia do Sul (3,1%).
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Em
2015, as economias industrializadas representavam 56,4% do valor
adicionado mundial e as economias industriais emergentes, 39,1%
(sendo que a China acumula 23,8% nesse grupo). Em 2005 essa
relação era de 69% para economias industrializadas
e 27% para economias industriais emergentes.
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Em
valores constantes de 2010, o valor adicionado da indústria
de transformação per capita mundial passou de
US$ 1.493 em 2005 para US$ 1.630 em 2015, um crescimento de
9,2%. Por sua vez, o valor adicionado da indústria de
transformação per capita no Brasil caiu de US$
1.524 para US$ 1.322, tornando-se, assim, inferior à
média mundial em 2015.
Também
relevante é a observação de que a parcela
do valor adicionado da indústria de transformação
no PIB do Brasil foi e continua sendo inferior à média
mundial e à dos países de renda média alta.
Além disso, enquanto houve elevação nessa
relação mundialmente entre 2005 e 2015, de 15,8%
para 16,1%, no Brasil houve queda de 13,9% para 12,2%. Mas vale
atentar para o fato de que o recuo desse indicador também
se fez sentir, mesmo que em menor magnitude, no grupo de países
de renda média alta ao qual o Brasil pertence.
O crescimento
do valor adicionado da indústria mundial foi de 2,8% e
o das economias emergentes industriais foi 4,5% em 2015. O Brasil,
como consequência dos problemas que o país atravessa,
teve variação negativa de 9,0%, em dólares
contantes de 2010. Aliás, a indústria de transformação
dos países industriais emergentes teve taxas de variação
mais expressivas, menos voláteis e mais resistentes à
crise. Mas o seu crescimento desacelerou em 2015 relativamente
a 2014. Já a evolução do setor manufatureiro
das economias industrializadas acelerou levemente de 1,4% em 2014
para 1,5% em 2015.
Na comparação
entre os períodos de 2006 a 2010 e de 2011 a 2015, o valor
adicionado da indústria de transformação
mundial cresceu 3,5% e 2,9%, respectivamente, percentuais superiores
à evolução do PIB que ficou estável
em 2,6% nos dois períodos. Isso mostra que a indústria
ainda constitui um motor de crescimento econômico. Cabe
notar que a desaceleração das manufaturas deveu-se
principalmente ao menor ritmo de evolução da produção
chinesa.
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