9 de setembro de 2016

Indústria Regional
Uma comparação de
resultados entre as localidades


   

 
A virtual estagnação da produção industrial brasileira em julho – alta de apenas 0,1% na série com ajuste sazonal com relação ao mês anterior – resultou em termos regionais de variações positivas no volume de produção industrial em número equivalente ao de variações negativas: 6 altas e 6 quedas. Dois estados, Amazonas e Goiás, nem cresceram nem caíram (0%).

Vale notar que dentre as localidades com produção em alta encontram-se muitos dos maiores centros industriais. É especialmente importante o caso de São Paulo, cujo parque industrial é o mais moderno e complexo do país. A indústria paulista cresceu 1,6% em julho frente ao mês anterior com ajuste, depois de um desempenho semelhante em junho (+1,7%). Com isso, já são 5 taxas positivas em 7 meses, um resultado que reforça a percepção de que de fato está em curso um processo de melhora do desempenho industrial.

Outras localidades com crescimento industrial em julho foram Minas Gerais (+1,1%), Espírito Santo (+2,3%), Paraná (+2,6%), Pernambuco (+3,9%) e Ceará (+0,4%). A despeito dessas elevações que, em algumas localidades, somaram-se a variações positivas em meses anteriores de 2016, as perdas acumuladas a serem compensadas ainda são muito grandes.

Como já mencionamos em outra Análise IEDI, entre dez/13, início da deterioração mais acentuada da indústria, e dez/15, isto é, antes da etapa atual de moderação, o recuo industrial do país como um todo chegou a 14,2%. Já os sete meses de 2016 foram responsáveis por uma compensação de perdas muito marginal: +1,6% comparando jul/16 com dez/15 na série com ajuste sazonal. Agora, vejamos o significado da melhora de 2016 para diferentes localidades.

Tomado o período de crise industrial intensa, isto é, a comparação de dezembro de 2013 com o mesmo mês de 2015, duas localidades despontam em função da magnitude de suas quedas: Amazonas (-33,8%), refletindo a forte retração de segmentos de bens de consumo duráveis, de peso importante em sua indústria, e São Paulo (-19,1%), cuja presença entre as maiores quedas deixa evidente o caráter sistêmico da atual crise da indústria, não poupando praticamente nenhum setor.

Em ambos os casos, o ano de 2016 tem significado um retorno a variações positivas. A produção industrial do Amazonas cresceu 11,6% e a de São Paulo, 6,9% na comparação de jul/16 com dez/15 utilizando-se a série com ajuste sazonal. São trajetórias favoráveis e expressivas embora ainda insuficientes para compensar as grandes perdas anteriores da produção.

Outros estados com declínio substancial em 2014 e 2015, mas mais próximo da média nacional (-14,2%), foram Paraná (-13,6%), Rio de Janeiro (-12,5%), Santa Catarina (-12,3%) e Minas Gerais (-12,2%). Todos eles voltaram para o azul quando tomamos o resultado da comparação de jul/16 sobre dez/15, com destaque para o Paraná (+7,9%) e Santa Cataria (+5,5%). Rio de Janeiro (+3,2%) e Minas Gerais (+2,9%) vem tendo um resultado positivo mais tímido em 2016.

A indústria do Rio Grande do Sul também caiu bastante na pior fase da crise (-12,7% para o período dez15/dez13), mas conseguiu apenas arrefecer seu patamar de retração para -2,3% na comparação de jul/16 com dez/15, diferentemente dos demais estados do Sul do país. Pior ainda foi o Espírito Santo, única localidade em que não houve melhora de performance industrial em 2016; ao contrário, a retração se agravou (-4,3% e -5,8% nas comparações de dez15/dez13 e jul16/dez15, respectivamente).

Para o Nordeste como um todo, que caiu 6,5% entre dez/13 e dez/15, isto é, bem menos que a média nacional (-14,2%), os primeiros sete meses de 2016 trouxeram uma estabilização de perdas, já que sua produção aumentou apenas 0,1% entre jul/16 e dez/15.

Pará e Goiás, devido sobretudo a seus ramos extrativos ou estreitamente vinculados ao agrobusiness, têm sofrido menos com a crise e continuam com um desempenho favorável em 2016. Em dez/15 frente a dez/13, Pará cresceu 5,2% e Goiás, 0,6%. Já em 2016 (jul16/dez15), não só repetem variações positivas como também apontam aceleração: +8,1% e +1,1%, respectivamente.
   

 
Resultados Gerais. De acordo com os dados divulgados pela Pesquisa Industrial Mensal – Regional do IBGE, na comparação de julho contra junho (com ajuste sazonal) a produção industrial cresceu em seis dos catorze locais pesquisados. As variações positivas mais intensas foram registradas em Pernambuco (3,9%), Paraná (2,6%) e Espírito Santo (2,3%). São Paulo (1,6%), Minas Gerais (1,1%) e Ceará (0,4%) também registraram variações positivas. Por outro lado, Bahia (-11,2%) apontou o resultado negativo mais acentuado nesse mês, seguida por Santa Catarina (-3,1%), Rio Grande do Sul (-2,8%), Rio de Janeiro (-2,3%), região Nordeste (-2,1%) e Pará (-2,0%). Amazonas (0,0%) e Goiás (0,0%) registraram estabilidade frente ao mês anterior.

Na base de comparação mês contra mesmo mês do ano anterior, 13 dos 15 locais pesquisados apontando resultados negativos, com destaque para Espírito Santo (-21,2%), Bahia (-19,2%), Rio Grande do Sul (-11,9%), Região Nordeste (-8,1%) e Goiás (-6,8%). Com recuos abaixo da média nacional (-6,6%) ficaram os estados: Santa Catarina (-5,5%), Rio de Janeiro (-5,0%), Amazonas (-4,4%), Minas Gerais (-4,3%), Pernambuco (-3,7%), Ceará (-2,0%), São Paulo (-1,8%) e Paraná (-0,1%). Por outro lado, Pará (9,9%) e Mato Grosso (3,1%) assinalaram os avanços em julho de 2016.

A produção industrial acumulada entre janeiro e julho de 2016 apresentou queda em 13 das 15 localidades: Espírito Santo (-22,4%), Pernambuco (-15,7%) e Amazonas (-15,0%) com recuo acima da média nacional (-8,7%). Minas Gerais (-8,0%), Rio de Janeiro (-7,8%), São Paulo (-7,5%), Goiás (-7,0%), Paraná (-6,9%), Santa Catarina (-5,9%), Rio Grande do Sul (-5,7%), Ceará (-5,1%), região Nordeste (-3,8%) e Bahia (-3,1%) completaram o conjunto de locais com resultados negativos. Por outro lado, Pará (10,2%) e Mato Grosso (9,9%) assinalaram os avanços no índice acumulado no ano.

No acumulado dos últimos 12 meses, 13 dos 15 locais pesquisados mostraram taxas negativas em julho de 2016, mas nove apontaram melhora frente ao índice de junho. Os principais ganhos entre junho e julho foram registrados por Amazonas (de -18,1% para -17,1%), Ceará (de -8,9% para -7,9%), São Paulo (de -11,0% para -10,1%) e Paraná (de -10,0% para -9,1%), enquanto Espírito Santo (de -14,4% para -16,5%), Bahia (de -2,8% para -4,7%) e Goiás (de -3,4% para -4,8%) mostraram as maiores perdas entre os dois períodos.

Minas Gerais. Frente a junho deste ano, a produção industrial mineira cresceu 1,1% (para dados dessazonalizados). Em comparação a julho de 2015, a variação foi negativa em 4,3%, com sete das treze atividades pesquisadas mostrando queda na produção. O segmento de indústrias extrativas apresentou queda de -15,1%, devido, principalmente, pelo impacto dos itens de minérios de ferro em bruto ou beneficiados. Outras retrações foram observadas no ramo de produtos de metal (-17,6%), de produtos de fumo (-27,7%), de máquinas e equipamentos (-18,2%) e de produtos de minerais não-metálicos (-4,8%). A maior variação positiva foi registrada no setor de metalurgia (3,4%), causado pelo aumento na produção dos itens fio-máquina de aços ao carbono, bobinas a frio de aços ao carbono e chapas a quente de aços ao carbono.

São Paulo. Em julho, a indústria paulista apresentou cresceu 1,6% na comparação com junho (dados livres de efeitos sazonais). Na comparação mensal (mês/ mesmo mês do ano anterior), o estado registrou queda de 1,8%, sob influência de: veículos automotores, reboques e carrocerias (-10,0%), coque, produtos derivados de petróleo e biocombustíveis (-9,3%), produtos de metal (-10,6%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-8,1%), de produtos de minerais não-metálicos (-7,2%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-5,9%), máquinas e equipamentos (-3,0%) e outros equipamentos de transportes (-8,9%). Por outro lado, principal contribuição positiva veio do setor de produtos alimentícios (11,3%). No acumulado no ano de 2016 a produção industrial recuou 7,5%, com destaque negativo para os setores de: veículos automotores, reboques e carrocerias (-19,9%), coque, produtos derivados de petróleo e biocombustíveis (-13,1%), máquinas e equipamentos (-10,1%), de produtos de metal (-15,4%), de produtos de borracha e de material plástico (-9,6%), de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-18,9%), de produtos de minerais não-metálicos (-9,7%), de metalurgia (-10,3%) e de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-7,2%).Por outro lado, o impacto positivo mais importante foi assinalado pelo setor de produtos alimentícios (9,4%).

 

 

 

 

 

 

 

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