10 de agosto de 2016

Indústria Regional
Três velocidades de moderação


   

 
Como mostraram os dados da produção industrial na semana passada, a crise do setor perdeu força nessa primeira metade de 2016 e em determinados setores vai dando lugar a alguma recuperação. A pesquisa regional divulgada hoje mostra, por sua vez, que esse comportamento também já pode ser visto em algumas localidades, inclusive nos grandes centros industriais do país.

A alta da produção nacional de 1,1% de junho, frente a maio com ajuste sazonal, foi acompanhada por 9 de 14 localidades pesquisadas. No acumulado do primeiro semestre, frente a igual período do ano anterior, as quedas ainda prevalecem, mas se tornaram menos agudas do que no segundo semestre de 2015, a exemplo de São Paulo (-8,6% contra -13,0% respectivamente) e dos estados da região Sul, com destaque para o Rio Grande do Sul (-4,4% contra -13,4%). Para o total do país, a moderação foi de -10,4% para -9,1% nesse período.

As variações trimestrais permitem identificar melhor as trajetórias regionais. Em alguns casos, a moderação da crise já foi capaz de produzir patamares de queda bastante inferiores ao que vinha tendo em 2015. Isso vem ocorrendo nos principais centros industriais. A retração da indústria paulista, que ainda é o grande centro da produção do país, foi de -3,7% no segundo trimestre de 2016, depois de ter caído mais de 10% ao longo dos quatro trimestres anteriores.

Minas Gerais, Rio de Janeiro e também o Nordeste como um todo seguiram trajetória semelhante. Nos dois primeiros trimestres de 2016, o declínio da produção de Minas cedeu de -12,1% para -5,5%, respectivamente, e o do Rio de -10% para -6,6%, sempre em relação ao mesmo período do ano anterior. Já no Nordeste, o recuo foi de -4,3% para -1,6% nesses trimestres.

Em outros casos, a trajetória de moderação é ainda mais promissora, pois veio acompanhada de um retorno ao campo positivo no mês de junho. Exemplo disso é o Rio Grande do Sul, cuja produção industrial saiu de um patamar de queda de -14,3% no último trimestre de 2015 para -8,6% e -2,4% nos dois primeiros trimestres de 2016. Em junho, apontou alta de 3,2% frente ao mesmo mês do ano anterior. Santa Catarina também teve uma evolução semelhante a esta (-9,6%, -8,6% e -3,5% nos três últimos trimestres e +0,6% em jun16/jun15).

Mas, há também localidades que ainda não foram capazes de deixar para trás quedas substantivas a despeito da moderação recente, como o Amazonas, onde a indústria chegou a cair 23,6% no último trimestre de 2015 e 21,3% no primeiro de 2016. O recuo para um patamar de -11,8% neste segundo semestre não é desprezível, mas também indica que a situação continua muito complicada para a indústria do estado. O mesmo ocorre na indústria do Espírito Santo, que caiu 22,3% e 22,9% nos dois trimestres de 2016.
   

 
Resultados Gerais. De acordo com os dados divulgados pela Pesquisa Industrial Mensal – Regional do IBGE, na passagem de maio para junho (com ajuste sazonal) a produção industrial avançou em nove dos catorze locais pesquisados. As variações positivas mais intensas foram registradas nos estados: Rio de Janeiro (5,7%), Santa Catarina (5,4%), Pará (4,9%), Rio Grande do Sul (4,6%), Paraná (3,5%), Ceará (2,0%), São Paulo (1,5%), Goiás (1,4%) e Pernambuco (1,2%). Espírito Santo (-9,8%) apontou o resultado negativo mais acentuado, seguido por Bahia (-1,0%), região Nordeste (-0,3%) e Amazonas (-0,3%), enquanto Minas Gerais (0,0%) registrou estabilidade.

Na base de comparação mês contra mesmo mês do ano anterior, 11 dos 15 locais mostraram redução na produção em junho de 2016. Os recuos acima da média nacional (-6,0%) foram registrados por Espírito Santo (-27,9%), Amazonas (-8,5%), Pernambuco (-7,5%), Bahia (-6,7%) e Paraná (-6,2%). Minas Gerais (-5,7%), Goiás (-4,5%), Ceará (-3,1%), São Paulo (-3,1%), região Nordeste (-2,9%) e Rio de Janeiro (-2,8%) completaram o conjunto de locais com taxas negativas nesse mês. Por sua vez, Pará (14,7%) e Mato Grosso (12,2%) assinalaram os avanços mais elevados, seguidos por Rio Grande do Sul (3,3%) e Santa Catarina (0,6%) também cresceram.

A produção industrial acumulada no primeiro semestre de 2016 apresentou queda em 12 das 15 localidades. Os destaques negativos ficaram para os estados: Espírito Santo (-22,6%), Pernambuco (-17,6%) e Amazonas (-16,8%). Abaixo da queda da média nacional ficaram: Minas Gerais (-8,7%), São Paulo (-8,6%), Rio de Janeiro (-8,3%), Paraná (-8,2%), Goiás (-7,0%), Santa Catarina (-6,1%), Ceará (-5,4%), Rio Grande do Sul (-4,4%) e região Nordeste (-3,0%). A Bahia (0,0%) ficou estável frente a igual período do ano anterior, enquanto Mato Grosso (11,9%) e Pará (10,3%) assinalaram os avanços da produção industrial nesta comparação.

Destaques

São Paulo. Em junho, a indústria paulista apresentou avanço 1,5% na comparação com maio (dados livres de efeitos sazonais). Na comparação mensal (mês/ mesmo mês do ano anterior), o estado registrou queda de 3,1%, sob influência de: produtos alimentícios (-9,1%) e de coque, produtos derivados de petróleo e biocombustíveis (-11,1%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-4,7%), de produtos de metal (-6,2%), de produtos de minerais nãometálicos (-5,9%), de bebidas (-8,8%) e de celulose, papel e produtos de papel (-3,8%). Outros produtos químicos (7,4%) e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (19,5%) foram as influências positivas mais relevantes.

No acumulado no ano de 2016 a produção industrial recuou 8,6%, com destaque negativo para os setores de: veículos automotores, reboques e carrocerias (-21,2%), coque, produtos derivados de petróleo e biocombustíveis (-13,8%), máquinas e equipamentos (-11,1%), produtos de metal (-16,7%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-22,6%), produtos de borracha e de material plástico (-11,4%), metalurgia (-12,2%) e produtos de minerais não-metálicos (-10,2%).

Rio de Janeiro. Em junho, frente a maio, com dados já descontados dos efeitos sazonais, a produção industrial do estado apresentou alta de 5,7%. No confronto com junho de 2015, constatou-se recuo de 2,8%, taxa influenciada principalmente pelos setores: metalurgia (-29,6%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-8,0%), outros equipamentos de transporte (-76,8%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-27,8%), enquanto os destaques positivos ficaram para a produção das indústrias extrativas (6,1%), de veículos automotores, reboques e carrocerias (26,6%), de impressão e reprodução de gravações (62,0%), de produtos de borracha e de material plástico (27,1%) e de produtos alimentícios (19,8%). No acumulado do primeiro semestre de 2016, o recuo de 8,3% da produção do estado deveu-se a queda em 12 das 14 atividades. Podemos destacar: metalurgia (-28,6%), indústrias extrativas (-5,2%) e outros equipamentos de transporte (-67,6%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-22,1%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-17,2%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-2,3%) e outros produtos químicos (-9,0%).

Mato Grosso.Na comparação mês/mesmo mês do ano anterior, a produção industrial do estado avançou 12,2%. A principal contribuição positiva sobre a indústria foi verificada no setor de produtos alimentícios (23,9%), seguida por outros produtos químicos (14,2%) e de bebidas (3,7%). Por outro lado, a influência negativa mais importante veio da atividade de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-19,2%). No acumulado do ano, a produção industrial avançou 11,9%. Novamente, foi a atividade de produtos alimentícios a maior influência positiva, com um crescimento de 15,3%. Outros produtos químicos (34,7%) e bebidas (5,0%) foram os demais setores a apresentar variações positivas, enquanto produtos de minerais não-metálicos (-11,9%) e de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-3,8%) assinalaram as influências negativas.

 

 

 

 

 

 

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