1º de agosto de 2016

Balança Comercial
Básicos versus Industrializados


   

 
O resultado do comércio exterior em julho foi novamente superavitário, no valor de US$ 4,6 bilhões, devido a exportações de US$ 16,3 bilhões e de importações de US$ 11,7 bilhões. Com isso, o superávit comercial acumulado em 2016 (US$ 28,2 bilhões) já ultrapassa em seis vezes aquele de 2015 (US$ 4,6 bilhões).

A despeito deste espetacular ajustamento externo da economia brasileira, as exportações continuam em queda. A média diária das vendas externas do país caiu 3,5% no mês de julho, em relação ao mesmo mês do ano passado. A melhora das contas externas está sendo gerada, então, principalmente pelas importações em queda livre. Em julho, sua média diária foi 20,3% inferior que àquela do mesmo mês de 2015.

Mas cabe notar que a situação poderia ser muito mais confortável se o país não tivesse se descuidado tanto, nos últimos anos, das exportações de bens industrializados, que foram fortemente penalizadas por longos períodos de câmbio apreciado, por gargalos de infraestrutura e por uma estrutura tributária complexa e custosa, a incidir especialmente sobre as cadeias produtivas mais longas.

Essa afirmação vem do fato de que enquanto as exportações totais caíram 3,5% em julho, como acabamos de ver, as vendas externas de produtos industrializados cresceram 8,1% frente ao mesmo mês do ano anterior. No caso de produtos básicos, houve declínio de 14,7%.

Para evitar variações pontuais, vejamos como têm se saído recentemente as vendas brasileiras de produtos básicos e de produtos industrializados para o restante do mundo a partir das médias móveis trimestrais de suas exportações por dia útil.

No trimestre findo em julho, a média diária das exportações totais apresentou retração de 7,9% frente ao mesmo período de 2015, influenciada sobretudo pelo desempenho de produtos básicos, cujo declínio chegou a 14,9%. No caso das exportações de produtos industrializados, o resultado foi muito próximo da estabilidade (-0,2%).

Dentre os tipos de produtos industrializados, as exportações daqueles classificados como manufaturados voltaram a apresentar queda de suas médias diárias no trimestre findo em julho, mas em um patamar não muito elevado (-2,8%), se compararmos às taxas vistas em 2014 e 2015. De fato, o melhor desempenho tem vindo de produtos semimanufaturados, em alta desde abril. No trimestre findo em julho, suas exportações médias cresceram 7,5% frente ao mesmo período do ano anterior.

Frente a essas evoluções, se a participação dos produtos industrializados na pauta exportadora do país não tivesse regredido de algo como 75% no início de 2005 para o 55% em julho último, o resultado total das vendas externas no acumulado de 2016, de -4,9% segundo a média diária, estaria mais próximo do desempenho de -0,9% dos produtos industrializados do que dos -8,4% dos produtos básicos.
  

  
De acordo com dados divulgados pelo MDIC, o saldo da balança comercial brasileira em julho apresentou superávit de US$ 4,578 bilhões frente a um saldo de US$ 2,387 bilhões no mesmo mês do ano passado. As exportações alcançaram US$ 16,331 bilhões, o que representa uma redução no valor de 3,5% frente ao mesmo mês do ano passado. As importações, por sua vez, somaram US$ 11,752 bilhões, queda de 20,3% em relação a julho do último ano.

Observa-se que para o acumulado do ano, o saldo comercial apresentou superávit de US$ 28,230 bilhões. No mesmo período de 2015, a balança comercial apresentou superávit de US$ 4,615 bilhões. As exportações, em 2016, apresentaram o valor de US$ 106,583 bilhões, queda de 5,9% frente a 2015. Quanto as importações vemos que estas somaram US$ 66,602 bilhões, recuo de 5,6% sobre igual período de 2015.

No mês, a média diária (medida por dia útil) das exportações foi de US$ 777,6 milhões, 3,6% inferior ao mesmo mês do ano passado, quando atingiu US$ 805,8 milhões. A média diária das importações apresentou variação negativa, de 20,3%, registrando US$ 559,6 milhões, frente a US$ 702,0 milhões do mesmo mês do ano passado. A média diária do saldo comercial no mês foi de US$ 218,0 milhões, 110,0% maior que o do último mês de julho, de US$ 103,8 milhões.

Exportações por Fator Agregado. As exportações em julho atingiram US$ 16,331 bilhões. Deste valor, US$ 7,029 bilhões (-14,7%) corresponderam a exportação de produtos básicos, US$ 2,399 bilhões (+10,1%) a produtos semimanufaturados, US$ US$ 6,563 bilhões (+7,3%) a produtos manufaturados.

Em relação ao mês de julho de 2015, a média diária das exportações teve redução de 3,5%. As principais variações vieram de operações especiais (-12,9%), manufaturados (+7,3%), básicos (-14,7%), semimanufaturados (10,1%).

Destaques Exportações. No grupo dos básicos na comparação com julho de 2015 temos as seguintes variações: minério de cobre (-49,4%), café em grão (-26,7%), minério de ferro (-20,1%), carne de frango (-18,3%), carne suína (-18,1%), soja em grão (-17,6%), carne bovina (-14,4%, para US$ 325 milhões), milho em grão (-7,4%) e fumo em folhas (+17,5%)

Para os manufaturados, os destaques são os seguintes: plataforma p/extração de petróleo (US$ 923 milhões), tubos flexíveis de ferro/aço (+160,9%), açúcar refinado (+66,9%), máquinas p/terraplanagem (+23,3%), etanol (+15,2%), pneumáticos (+13,1%), torneiras/válvulas (+11,4%)

Para os semimanufaturados, quando comparado com junho do ano passado, temos as seguintes variações: açúcar em bruto (+58,4%), ouro em forma semimanufaturada (+41,3%), ferro fundido (+28,2%), ferro-ligas (+14,8%) e madeira serrada (+13,3%).

Importações por Categoria de Uso. As importações totais em julho somaram US$ 11,752 bilhões, dos quais US$ 1,732 bilhão (-21,2%) referentes ao grupo de bens de capital, US$ 7,369 bilhões (-13,5%) a bens intermediários, US$ 1,677 bilhão a bens de consumo (-29,8%) e US$ 968 bilhão (-40,7%) a combustíveis e lubrificantes.

Na comparação com o mês de julho de 2015, a média diária de importação caiu -20,3%, com queda em todos os segmentos. A maior variação negativa ficou por conta de combustíveis e lubrificantes (-40,7%), bens de consumo (-29,8%) e bens intermediários (-13,5%) e bens de capital (-21,2%).

Destaques Importações. Para bens de capital, houve elevação dos seguintes itens: equipamentos de transporte industrial e bens de capital, exceto equipamentos de transporte industrial.

No segmento de bens intermediários decresceram as aquisições de peças e acessórios para bens de capital, insumos industriais básicos e insumos industriais elaborados.

No segmento bens de consumo, as principais quedas foram observadas nas importações de bens de consumo duráveis e bens de consumo semiduráveis e não duráveis.

No grupo dos combustíveis e lubrificantes, a queda decore da diminuição dos preços de petróleo bruto, óleo diesel, gás natural, carvão, gasolina, querosene e óleos combustíveis.

 

 

 

 

 

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