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A situação do emprego continua se agravando em 2016,
ainda que, depois da piora substantiva da taxa de desemprego na
passagem do último trimestre de 2015 (9,0%) para o primeiro
deste ano (10,9%), tenha ocorrido algum arrefecimento do ritmo
de deterioração. A taxa no segundo trimestre ficou
em 11,3%.
Isso significa
que o contingente de desocupados no país avançou
para 11,6 milhões, uma alta de 3,2 milhões de pessoas
frente ao segundo trimestre de 2015. Como já apontamos
em outras Análises, os dois motores de aumento do desemprego
estão em operação em 2016, a saber, o crescimento
do número de pessoas em busca de trabalho (+1,8 milhão)
e o corte de postos de trabalho (-1,4 milhão).
Entretanto,
o que os dados divulgados hoje pelo IBGE mais revelam é
uma mudança no mapa do desemprego neste segundo trimestre.
Isso pode ser visto na evolução tanto dos diferentes
tipos de ocupação como dos distintos setores da
economia.
Do ponto de
vista da posição na ocupação, o trabalho
com carteira assinada continua liderando o fechamento de vagas:
-1,5 milhão frente ao segundo de trimestre de 2015. Parte
desse contingente que perdeu seus empregos tem migrado para ocupações
por conta própria, que incluem os chamados “bicos”,
mas o dado novo é que este papel compensatório dos
trabalhadores por conta própria perdeu força. Se
no primeiro trimestre de 2016, o contingente nessa ocupação
aumentou 1,4 milhão, no segundo trimestre o crescimento
caiu para 857 mil.
Outros tipos
de ocupação que tem aumentado estão no rol
daquelas de menor qualidade, apresentando rendimentos menores.
É o caso de serviços domésticos, com alta
de 225 mil postos, e serviços sem carteira assinada, que
nos últimos anos estava em declínio, mas que empregou
16 mil pessoas a mais no segundo trimestre de 2016 contra o mesmo
período do ano passado.
Do ponto de
vista setorial, a indústria parece ter moderado o ritmo
de fechamento de vagas no segundo trimestre do ano, mesmo que
ainda seja o setor que mais desemprega. No primeiro trimestre
fechou 1,5 milhão de vaga e agora no segundo trimestre,
1,4 milhão, sempre em relação ao mesmo período
do ano passado. Mas que fique claro, a situação
do emprego industrial permanece muito grave.
Um dos fatos
novos é que o setor de serviços qualificados (de
comunicação, financeiros, imobiliários e
profissionais) tem se aproximado muito do nível da indústria
em termos de fechamento de vagas, saltando de -656 mil para -1,1
milhão entre o primeiro e o segundo trimestre de 2016 frente
a iguais períodos de 2015. Outro fato novo é que
mesmo o emprego no comércio, que estava resistindo, também
sucumbiu e teve queda de 173 mil vagas no segundo trimestre.
Continuam
compensando parcialmente essas quedas, os setores de transporte
(+213 mil postos), alojamento e alimentação (+163
mil), administração pública, defesa e serviços
sociais (+481 mil) e serviços domésticos (+317 mil).
Chama atenção também o fato de a construção
civil, que desempregava no início do ano, tenha voltado
a ampliar vagas (+277 mil), o que pode estar associado com o aumento
do trabalho sem carteira assinada visto acima.
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De acordo com dados da PNAD Contínua divulgados hoje pelo IBGE,
a taxa de desocupação alcançou 11,3% no segundo trimestre
de 2016, 3,0 p.p. maior que a taxa observada no mesmo trimestre do ano
passado (8,3%). No trimestre móvel anterior sem sobreposição
(janeiro março), a taxa observada foi de 10,9%.
O rendimento real
médio de todos os trabalhos habitualmente recebidos foi de R$ 1.972,00,
o que representou redução de 1,5% frente ao trimestre anterior
sem sobreposição e variação de -4,2% frente
ao mesmo trimestre de referência do ano anterior. Já o rendimento
real médio do trabalho principal habitualmente recebido alcançou
R$ 1.921,00, que corresponde a uma retração de 1,4% frente
ao trimestre anterior sem sobreposição e de 3,9% frente
ao mesmo trimestre do ano anterior.
A massa de rendimentos
reais de todos os trabalhos habitualmente recebidos por mês alcançou
R$ 174,7 bilhões, variação de -1,1% frente ao trimestre
anterior sem sobreposição e de –4,9% sobre o mesmo
trimestre de 2015.
No trimestre de referência,
a população ocupada manteve-se estável em 90,8 milhões
de pessoas frente ao primeiro trimestre do ano. Contudo, sobre o mesmo
trimestre de 2015, a variação foi de -1,5%. Na mesma comparação,
o número de pessoas dentro da força de trabalho teve aumento
de 1,8% atingindo 102,4 milhões de pessoas, enquanto que o número
de desocupados aumentou 38,7%, o que representa 11,6 milhões de
pessoas.
Frente ao mesmo trimestre
de 2015, o número de pessoas ocupadas dentre as posições
de ocupação apresentou crescimento nas categorias trabalhador
por conta própria (3,9%) trabalhador doméstico (3,7%) e
trabalhador privado sem carteira (0,2%). As demais tiveram retração:
setor público (-1,3%), trabalho privado com carteira (-4,1%), empregador
(-7,3%) e trabalhador familiar auxiliar (-21,4%).
Dentre os setores
da economia que apresentaram maior aumento da ocupação na
comparação com o trimestre compreendido entre março
e maio de 2015, estão: serviços domésticos (5,3%),
transporte, armazenagem e correios (5,0%), construção (3,9%),
alojamento e alimentação (3,8%) e administração
pública, defesa e seguridade, educação, saúde
humana e serviços sociais (3,1%). Dentre os setores que tiveram
retração da população ocupada, estão:
outros serviços (-0,5%), comércio, reparação
de veículos automotores e motocicletas (-1,0%), agricultura, pecuária,
produção florestal, pesca e aquicultura (-1,5%), informação,
comunicação e atividades financeiras imobiliárias,
profissionais e administrativas (-10,0%) e indústria (-11,0%).
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