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Os dados do comércio varejista de maio indicam que o setor
tem encontrado dificuldades para arrefecer sua crise. Assim como
na indústria, tem havido alternância de resultados
positivos e negativos na série com ajuste sazonal, mas
no caso do varejo as quedas prevalecem. Alguns de seus segmentos
também apresentam nítida trajetória de piora
em 2016.
Em maio, as
vendas reais do comércio varejista no conceito restrito
caíram 1% frente a abril, com ajuste sazonal, e 9% frente
ao mesmo mês do ano anterior. Já no conceito ampliado,
que inclui o comércio de veículos e autopeças
e de material de construção, as quedas foram de
-0,4% e -10,2% nessas mesas comparações, respectivamente.
Em termos
de seus segmentos, parecem existir ao menos quatro situações
distintas, sendo que poucas delas trazem sinais promissores.
Os indícios
mais favoráveis vêm das vendas reais de veículos
e autopeças, que tem conseguido reduzir suas perdas em
2016, ainda que os patamares de queda continuem elevados. Em maio,
a variação foi de -13,3% frente ao mesmo mês
do ano anterior, praticamente o mesmo resultado de abril (-13,7%)
e bastante inferior às taxas vigentes nos últimos
meses de 2015 (superior a -20%).
Os segmentos
de supermercados, alimentos, bebidas e fumo e de móveis
e eletrodomésticos, que ensaiavam uma moderação
da crise em meses anteriores, voltaram a ter retrações
maiores em maio. No primeiro caso, as vendas reais caíram
5,6% frente a maio de 2015, um patamar de queda expressivo e pouco
frequente. No segundo caso, houve declínio de 14,6%, depois
de um resultado de -10,1% em abril. É possível,
contudo, que esta piora em maio venha a ser apenas pontual.
Tecidos, vestuário
e calçados (-13,9% frente a mai/15), material de construção
(-10,6%), combustíveis (-10,9%) e material de escritório
e equipamentos de informática e comunicação
(-14,4%) têm apresentado um comportamento de estabilização
das quedas, mas ainda assim em patamares elevados e muito próximos
daqueles vistos no final do ano passado.
A trajetória
mais desfavorável, por sua vez, fica por conta dos segmentos
de outros artigos de uso pessoal, onde estão as lojas de
departamento, e de livros, jornais, revistas e papelaria, cujo
desempenho só tem piorado. No primeiro caso, as quedas
superam -10% desde janeiro, atingindo -15,5% em maio. No segundo
caso, pela primeira vez desde 2004, a marca dos -20% foi rompida
em maio: -24,2% frente ao mesmo mês do ano anterior.
A deterioração
do emprego, que ainda está em processo, pode estar na origem
desse comportamento do varejo. A inflação de alimentos,
que tem sido sistematicamente superior à inflação
geral, também tira poder de compra da população
e obriga a redução do consumo desses bens, a despeito
de sua essencialidade, prejudicando o desempenho das vendas dos
supermercados, de grande importância no varejo.
Os sinais
de dificuldade para a moderação da crise do comércio,
mais claros para alguns segmentos, ou a estabilização
das perdas em patamares ainda muito elevados não deixam
de consistir em riscos para a trajetória da indústria,
dado que o comércio varejista é um importante meio
de escoamento dos bens manufaturados.
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Resultados Gerais. Em maio, frente abril na série
livre de efeitos sazonais divulgada pelo IBGE, o volume de vendas do comércio
varejista assinalou recuo de 1,0%. Na comparação com maio
de 2015, o volume de vendas decresceu 9,0%. A variação acumulada
no ano foi de -7,3%. Nos últimos 12 meses, a variação
acumulada foi de -6,5%, o pior resultado da série histórica.
Setores. Na
relação entre maio de 2016 e o mês imediatamente anterior,
na série ajustada sazonalmente, seis das oito atividades do comércio
varejista restrito assinalaram queda: outros artigos de uso pessoal e
doméstico (-2,4%), móveis e eletrodomésticos (-1,3%),
artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria
e cosméticos (-0,8%), combustíveis e lubrificantes (-0,4%),
livros, jornais, revistas e papelaria (-2,7%) e equipamentos e material
para escritório, informática e comunicação
(-2,0%). Por sua vez, Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios,
bebidas e fumo registraram estabilidade (0,0%) e Tecidos, vestuário
e calçados cresceu 1,5% no mesmo período. Em relação
ao comércio varejista ampliado, a queda de -0,4% ocorreu devido
ao recuo de veículos e motos, partes e peças (-1,0%) e material
de construção (-0,4%).
Na relação
de maio 2016 contra maio 2015, todas as atividades registraram variações
negativas: Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios
bebidas e fumo (-5,6%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico
(-15,5%), Móveis e eletrodomésticos (-14,6%), Combustíveis
e lubrificantes (-10,9%), Tecidos, vestuário e calçados
(-13,5%), Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos,
de perfumaria e cosméticos (-2,6%), Equipamentos e material para
escritório, informática e comunicação (-14,4%)
e Livros, jornais, revistas e papelaria (-24,2%). Material de construção
(-14,7%) e Veículos (-11,1%) também registraram variação
negativa.
Regiões.
Regionalmente, 23 das 27 unidades da federação
apresentaram recuo no volume de vendas na comparação com
o mês imediatamente anterior (com ajuste sazonal). Os destaques
negativos foram Roraima (-6,0%) e Pará (-5,0%). Por outro lado,
Santa Catarina, (2,5%) representou o maior impacto positivo, seguido por
Rio Grande do Sul (0,8%) e Paraná (0,3%).
Na comparação
com maio de 2015, o volume de vendas no varejo foi observado em todos
os estados. Os destaques foram: Amapá (-21,5%), Pará (-16,8%),
Bahia (-16,6%), Rondônia (-16,5%), Amazonas (-16,0%). Quanto à
participação na composição da taxa do comércio
varejista, destacaram-se, pela ordem: São Paulo (-6,7%), Rio de
Janeiro (-11,0%) e Bahia (-16,6%).
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