12 de julho de 2016

Comércio Varejista
Ainda em dificuldade


   

 
Os dados do comércio varejista de maio indicam que o setor tem encontrado dificuldades para arrefecer sua crise. Assim como na indústria, tem havido alternância de resultados positivos e negativos na série com ajuste sazonal, mas no caso do varejo as quedas prevalecem. Alguns de seus segmentos também apresentam nítida trajetória de piora em 2016.

Em maio, as vendas reais do comércio varejista no conceito restrito caíram 1% frente a abril, com ajuste sazonal, e 9% frente ao mesmo mês do ano anterior. Já no conceito ampliado, que inclui o comércio de veículos e autopeças e de material de construção, as quedas foram de -0,4% e -10,2% nessas mesas comparações, respectivamente.

Em termos de seus segmentos, parecem existir ao menos quatro situações distintas, sendo que poucas delas trazem sinais promissores.

Os indícios mais favoráveis vêm das vendas reais de veículos e autopeças, que tem conseguido reduzir suas perdas em 2016, ainda que os patamares de queda continuem elevados. Em maio, a variação foi de -13,3% frente ao mesmo mês do ano anterior, praticamente o mesmo resultado de abril (-13,7%) e bastante inferior às taxas vigentes nos últimos meses de 2015 (superior a -20%).

Os segmentos de supermercados, alimentos, bebidas e fumo e de móveis e eletrodomésticos, que ensaiavam uma moderação da crise em meses anteriores, voltaram a ter retrações maiores em maio. No primeiro caso, as vendas reais caíram 5,6% frente a maio de 2015, um patamar de queda expressivo e pouco frequente. No segundo caso, houve declínio de 14,6%, depois de um resultado de -10,1% em abril. É possível, contudo, que esta piora em maio venha a ser apenas pontual.

Tecidos, vestuário e calçados (-13,9% frente a mai/15), material de construção (-10,6%), combustíveis (-10,9%) e material de escritório e equipamentos de informática e comunicação (-14,4%) têm apresentado um comportamento de estabilização das quedas, mas ainda assim em patamares elevados e muito próximos daqueles vistos no final do ano passado.

A trajetória mais desfavorável, por sua vez, fica por conta dos segmentos de outros artigos de uso pessoal, onde estão as lojas de departamento, e de livros, jornais, revistas e papelaria, cujo desempenho só tem piorado. No primeiro caso, as quedas superam -10% desde janeiro, atingindo -15,5% em maio. No segundo caso, pela primeira vez desde 2004, a marca dos -20% foi rompida em maio: -24,2% frente ao mesmo mês do ano anterior.

A deterioração do emprego, que ainda está em processo, pode estar na origem desse comportamento do varejo. A inflação de alimentos, que tem sido sistematicamente superior à inflação geral, também tira poder de compra da população e obriga a redução do consumo desses bens, a despeito de sua essencialidade, prejudicando o desempenho das vendas dos supermercados, de grande importância no varejo.

Os sinais de dificuldade para a moderação da crise do comércio, mais claros para alguns segmentos, ou a estabilização das perdas em patamares ainda muito elevados não deixam de consistir em riscos para a trajetória da indústria, dado que o comércio varejista é um importante meio de escoamento dos bens manufaturados.
  

 
Resultados Gerais. Em maio, frente abril na série livre de efeitos sazonais divulgada pelo IBGE, o volume de vendas do comércio varejista assinalou recuo de 1,0%. Na comparação com maio de 2015, o volume de vendas decresceu 9,0%. A variação acumulada no ano foi de -7,3%. Nos últimos 12 meses, a variação acumulada foi de -6,5%, o pior resultado da série histórica.

Setores. Na relação entre maio de 2016 e o mês imediatamente anterior, na série ajustada sazonalmente, seis das oito atividades do comércio varejista restrito assinalaram queda: outros artigos de uso pessoal e doméstico (-2,4%), móveis e eletrodomésticos (-1,3%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-0,8%), combustíveis e lubrificantes (-0,4%), livros, jornais, revistas e papelaria (-2,7%) e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-2,0%). Por sua vez, Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo registraram estabilidade (0,0%) e Tecidos, vestuário e calçados cresceu 1,5% no mesmo período. Em relação ao comércio varejista ampliado, a queda de -0,4% ocorreu devido ao recuo de veículos e motos, partes e peças (-1,0%) e material de construção (-0,4%).

Na relação de maio 2016 contra maio 2015, todas as atividades registraram variações negativas: Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios bebidas e fumo (-5,6%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-15,5%), Móveis e eletrodomésticos (-14,6%), Combustíveis e lubrificantes (-10,9%), Tecidos, vestuário e calçados (-13,5%), Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-2,6%), Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-14,4%) e Livros, jornais, revistas e papelaria (-24,2%). Material de construção (-14,7%) e Veículos (-11,1%) também registraram variação negativa.

Regiões. Regionalmente, 23 das 27 unidades da federação apresentaram recuo no volume de vendas na comparação com o mês imediatamente anterior (com ajuste sazonal). Os destaques negativos foram Roraima (-6,0%) e Pará (-5,0%). Por outro lado, Santa Catarina, (2,5%) representou o maior impacto positivo, seguido por Rio Grande do Sul (0,8%) e Paraná (0,3%).

Na comparação com maio de 2015, o volume de vendas no varejo foi observado em todos os estados. Os destaques foram: Amapá (-21,5%), Pará (-16,8%), Bahia (-16,6%), Rondônia (-16,5%), Amazonas (-16,0%). Quanto à participação na composição da taxa do comércio varejista, destacaram-se, pela ordem: São Paulo (-6,7%), Rio de Janeiro (-11,0%) e Bahia (-16,6%).

 

 

 

 

 

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