7 de julho de 2016

Indústria Regional
Alta volatilidade e novos declínios


   

 
O desempenho da indústria brasileira em maio, ainda que tenha conseguido evitar o terreno negativo, não pode ser considerado de fato favorável. Isso porque, como vimos em nossa última Análise da produção industrial (“Não é tão bom assim”, em 1º de julho de 2016), o resultado de 0% frente a abril, com ajuste, esconde uma queda de 0,6% da indústria de transformação.

Agora, os dados da produção industrial regional, divulgados hoje pelo IBGE, dão motivos adicionais de receio sobre a evolução futura do setor, reforçando a ideia de que devemos ficar atentos para os riscos de nova deterioração. Os resultados mostram que os principais centros manufatureiros do país experimentaram no mês significativas perdas. Mais: a maior parte das localidades pesquisadas (8 das 14) voltaram ou se mantiveram no vermelho em maio.

Ocorreu declínio da produção na comparação com ajuste sazonal nos três maiores centos industriais, justamente de onde vinham sinais positivos nos meses anteriores. O maior centro industrial, São Paulo, ilustra bem a questão em tela: sua produção havia crescido 1,4% e 2,2% e fevereiro e março, respectivamente, voltando a cair em maio: -1,6% frente ao mês anterior.

Rio de Janeiro e Minas Gerais seguiram o mesmo caminho. A indústria carioca teve retração de 0,1% em maio, depois de ter crescido 1,9% e 0,7% em fevereiro e março, em relação ao mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal. No caso da indústria mineira a queda de 0,9% em maio havia sido precedida por altas de 1,1% e 1,9% nos dois meses anteriores.

Outro motivo de receio a ser destacado é que mesmo naquelas localidades que apresentaram crescimento da produção em maio o quadro é de bastante volatilidade dos resultados. A trajetória recente do Amazonas é exemplar: +19,7% em março, -12,5% em abril e, agora, +16,2%, sempre em relação ao mês anterior, com ajuste sazonal. Mas este não foi o único caso.

Também tem mostrado forte alternância de resultados a região Nordeste, cuja alta de 1,6% em maio foi precedida dos seguintes resultados: -1,0% em abril, +6,6% em março e -5,4% em fevereiro. Santa Catarina é outro caso desses: 0,1% em maio, depois de -1,9% em abril, 3,1% em março e -2,9% em fevereiro.

Espírito Santo e Rio Grande do Sul, por sua vez, tiveram taxas de crescimento relevantes em maio, respectivamente de +3,8% e de +4,4% frente a abril, com ajuste sazonal. Mas isso ocorreu depois de meses seguidos de queda. A indústria gaúcha teve retrações nos três meses entre fevereiro e abril e a do Espírito Santo desde out/15 com exceção de jan/16.

Todos esses resultados indicam que o desempenho da indústria em maio foi mais desfavorável do que parece à primeira vista, sinal de que devemos dar toda a atenção para os dados futuros antes de chegarmos à conclusão definitiva de que o fundo do poço da crise industrial já foi atingido.
   

 
Resultados Gerais. De acordo com os dados divulgados pela Pesquisa Industrial Mensal – Regional do IBGE, na passagem de abril para maio (com ajuste sazonal) a produção industrial recuou em 8 dos 14 locais pesquisados. Os recuos mais intensos ocorreram no Paraná (-3,5%), Goiás (-2,3%), Pará (-1,9%) e São Paulo (-1,6%). Pernambuco (-1,1%), Minas Gerais (-0,9%), Bahia (-0,3%) e Rio de Janeiro (-0,1%) completaram o conjunto de locais com índices negativos. Amazonas (16,2%), Rio Grande do Sul (4,4%), Espírito Santo (3,8%), região Nordeste (1,6%), Ceará (1,4%) e Santa Catarina (0,1%) representaram as variações positivas.

Na base de comparação mês contra mesmo mês do ano anterior, 12 dos 15 locais pesquisados assinalaram queda. As variações negativas mais intensas foram registradas nos estados do Espírito Santo (-18,9%) e Paraná (-11,0%), seguidos por Goiás (-8,5%), Rio de Janeiro (-7,6%), Minas Gerais (-7,2%), Amazonas (-6,3%), Santa Catarina (-6,2%), São Paulo (-5,8%), Pernambuco (-3,8%), Rio Grande do Sul (-3,6%), Bahia (-2,9%) e Ceará (-2,3%). Mato Grosso (14,6%) e Pará (7,8%), por sua vez, assinalaram os avanços mais elevados.

A produção industrial acumulada nos cinco primeiros meses de 2016 reduziu em 12 das 15 localidades. Nessa comparação, os estados que apresentaram desempenho pior do que a média nacional (-9,8%) foram: Espírito Santo (-21,6%), Amazonas (-18,8%) e Pernambuco (-18,7%). São Paulo (-9,8%), Rio de Janeiro (-9,5%), Minas Gerais (-9,4%), Paraná (-8,9%), Goiás (-8,1%), Santa Catarina (-7,3%), Rio Grande do Sul (-6,2%), Ceará (-5,8%) e região Nordeste (-3,2%) completaram o conjunto de locais com resultados negativos. Pará (9,6%), Mato Grosso (7,4%) e Bahia (1,2%) assinalaram os avanços no índice acumulado no ano.

Rio Grande do Sul. Em maio, frente a abril, com dados já descontados dos efeitos sazonais, a produção industrial do estado apresentou alta de 4,4%. No confronto com maio de 2015, constatou-se redução de 3,6%, taxa influenciada principalmente pelos setores: produtos de fumo (-29,8%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-7,5%), produtos de metal (-8,5%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-14,3%), outros produtos químicos (-4,2%), bebidas (-14,4%) e móveis (-10,8%). No acumulado no ano de 2016 a produção industrial decresceu 6,2%, sob influência dos setores de veículos automotores, reboques e carrocerias (-25,5%), máquinas e equipamentos (-15,0%), produtos de metal (-10,0%), móveis (-17,1%), bebidas (-14,4%), produtos de borracha e de material plástico (-9,5%) e metalurgia (-14,3%), enquanto celulose, papel e produtos de papel (96,5%) e produtos alimentícios (3,2%) foram as contribuições positivas mais significativas.

São Paulo. Em maio, a indústria paulista apresentou recuo de 1,6% na comparação com abril (dados livres de efeitos sazonais). Na comparação mensal (mês/ mesmo mês do ano anterior), o estado registrou queda de 5,8%, com recuo de 14 dos 18 setores analisados pela pesquisa. Os destaques ficaram para: coque, produtos derivados de petróleo e biocombustíveis (-22,3%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (-15,1%), seguidos por produtos de metal (-12,9%), de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-12,9%), de metalurgia (-9,4%), de produtos de minerais não-metálicos (-7,1%) e de produtos de borracha e de material plástico (-4,7%). No acumulado no ano de 2016 a produção industrial recuou 9,5%, com destaque negativo para os setores de: veículos automotores, reboques e carrocerias (-24,1%), coque, produtos derivados de petróleo e biocombustíveis (-14,4%), máquinas e equipamentos (-13,2%), produtos de metal (-19,1%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-28,8%), produtos de borracha e de material plástico (-13,5%), metalurgia (-14,6%), produtos de minerais não-metálicos (-11,1%), outros produtos químicos (-5,9%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-9,4%). O impacto positivo mais importante, por sua vez, foi assinalado pelo setor de produtos alimentícios (14,4%).

 

 

 

 

 

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