1º de julho de 2016

Balança Comercial
Exportações e importações:
trajetórias distintas


   

 
A balança comercial nesse primeiro semestre do ano atingiu um superávit recorde no valor de US$ 23,7 bilhões. Esse resultado bastante positivo decorreu de exportações de US$ 90,3 bilhões e de importações de US$ 66,6 bilhões.

Nessa primeira metade de 2016, exportações e importações têm assumido trajetórias distintas ainda que ambas estejam em contração. No caso das exportações, as quedas têm sido cada vez menores, enquanto que no caso das importações elas têm sido cada vez maiores.

As exportações totais caíram apenas 4,3% no primeiro semestre de 2016 frente ao mesmo período do ano anterior. Esse patamar é muito inferior à retração de 13,9% do primeiro semestre de 2015 em igual comparação.

Dois fatores têm contribuído muito para esse desempenho. Em primeiro lugar, a taxa de câmbio mais competitiva, que melhora as condições de venda dos produtos brasileiros no mercado internacional. Em segundo lugar, o quadro recessivo doméstico, que pressiona as empresas a buscar uma saída para amenizar a crise por meio de exportações.

No caso de bens básicos, as exportações, que caíam 21,6% na primeira metade de 2015, tiveram um resultado de -6,3% no primeiro semestre de 2016, com uma melhora nos preços internacionais das commodities.

Bens manufaturados seguiram a mesma trajetória de arrefecimento da queda: de -8,0% para -2,4% nos mesmos períodos. No caso de semimanufaturados, o resultado chegou a ser positivo no acumulado dos seis meses de 2016: +0,1% contra uma queda de -3,9% no mesmo semestre de 2015.

O câmbio e a recessão doméstica também estão na origem do comportamento das importações, cuja retração passou de -18,5%, no primeiro semestre de 2015, para -27,7% no primeiro semestre de 2016, sempre em relação ao mesmo período do ano anterior. Aqui, é possível que esteja ocorrendo uma substituição de importações mais intensa no setor de bens de consumo.

De fato, a importação de bens de consumo recuou -26,3% no primeiro semestre do presente ano, patamar muito superior à queda de -12,1% vista no mesmo semestre de 2015. Seguiu pelo mesmo caminho a importação de bens intermediários, com aprofundamento das quedas de -15,0% para -25,5% na comparação dos mesmos períodos.

Um dado que pode vir a ser favorável, se estiver indicando uma estabilização da retração do investimento, é a importação de bens de capital, cujo desempenho na primeira metade de 2015 e de 2016 são equivalentes: -18,2% e -18,6%, respectivamente, em relação ao mesmo período do ano anterior.
  

  
De acordo com dados divulgados pelo MDIC, o saldo da balança comercial brasileira em junho apresentou superávit de R$ 3,974 bilhões frente a um saldo de 4,529 bilhões no mesmo mês do ano passado. As exportações alcançaram R$ $ 16,743 bilhões, o que representa uma redução no valor de 18,6% frente ao mesmo mês do ano passado. As importações, por sua vez, somaram R$ 12,770 bilhões, valor 19,3%, menor que o de junho do último ano.

Observa-se que para o acumulado do ano, o saldo comercial apresentou superávit de US$ 23,635 bilhões. Para o mesmo período de 2015 a balança comercial apresentou déficit de US$ 2,228 bilhões. As exportações, para o mesmo período apresentaram valor de US$ 90,237 bilhões, queda de 5,9% frente a 2015. Quanto as importações vemos que estas somaram US$ 66,602 bilhões, declínio de 28,9% sobre igual período de 2015.

No mês, a média diária (medida por dia útil) das exportações foi de US$ 761,1 milhões, 18,6% inferior ao mesmo mês do ano passado, quando atingiu US$ 934,7 milhões. A média diária das importações apresentou variação negativa, de 19,3%, registrando US$ 580,4 milhões, frente a US$ 719,0 milhões do mesmo mês do ano passado. A média diária do saldo comercial no mês foi de US$ 180,6 milhões, 16,3% menor que o do último mês de junho, de US$ 215,7 milhões.

Exportações por Fator Agregado. As exportações em junho atingiram US$ 16.743 bilhões. Deste valor, US$ 7,821 bilhões (-21,7%) corresponderam a exportação de produtos básicos, US$ 2,444 bilhões (+3,7%) a produtos semimanufaturados, US$ 6,095 bilhões (21,0%) a produtos manufaturados.

Em relação ao mês de junho de 2015, a média diária das exportações teve redução de 18,6%. As principais variações vieram de operações especiais (-22,9%), manufaturados (-21,0%), básicos (-21,7%), semimanufaturados (3,7%).

Destaques Exportações. No grupo dos básicos na comparação com junho de 2015 temos as seguintes variações: petróleo em bruto (-36,2%), minério de cobre (-32,2%), café em grão (-26,3%), soja em grão (-24,6%), fumo em folhas (-18,2%), minério de ferro (-15,2%).

Para os manufaturados, os destaques são os seguintes: óleos combustíveis (-51,6%), autopeças (-33,1%), óxidos e hidróxidos de alumínio (-31,0%), motores p/veículos e partes (-26,1%), laminados planos (-24,6%), bombas e compressores (-21,5%), aviões (-21,4%).

Para os semimanufaturados, quando comparado com junho do ano passado, temos as seguintes variações: açúcar em bruto (+53,6%), ouro em forma semimanufaturada (+24,6%) e óleo de soja em bruto (+14,7%).

Importações por Categoria de Uso. As importações totais em junho somaram US$ 12,770 bilhões, dos quais US$ 2,668 bilhão (24,4%) referentes ao grupo de bens de capital, US$ 7,260 bilhões (-19,6%) a bens intermediários, US$ 1,768 bilhão a bens de consumo (-30,2%) e US$ 1,058 bilhão (-49,7%) a combustíveis e lubrificantes.

Na comparação com o mês de junho de 2015, a média diária de importação caiu -19,3%, com queda em todos os segmentos. A maior variação negativa ficou por conta de combustíveis e lubrificantes (-49,7%), bens de consumo (-30,2%) e bens intermediários (-19,9%), enquanto cresceram as compras de bens de capital (24,4%).

Destaques Importações. Para bens de capital, houve queda dos seguintes itens: equipamentos de transporte industrial e bens de capital, exceto equipamentos de transporte industrial.

No segmento de bens intermediários decresceram as aquisições de peças e acessórios para bens de capital, insumos industriais elaborados e alimentos e bebidas elaboradas, destinados principalmente à indústria.

No segmento bens de consumo, as principais quedas foram observadas nas importações de bens de consumo duráveis e bens de consumo semiduráveis e não duráveis.

No grupo dos combustíveis e lubrificantes, a queda decore da diminuição dos preços de petróleo bruto, óleo diesel, gás natural, carvão, gasolina, querosene e óleos combustíveis.

 

 

 

 

 

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