16 de junho de 2016

Emprego Industrial
Cenário do emprego
por intensidade tecnológica


   

 
Se nos primeiros meses de 2016 existem indícios de que a crise da economia brasileira está perdendo força – inclusive no seu epicentro, isto é, na indústria – as perspectivas no mercado de trabalho continuam de todo sombrias. A redução de empregos seguiu progredindo nesse início de ano, sendo que o quadro mais grave continua o do emprego industrial. Contudo, isso não ocorre na mesma intensidade em todos os setores da indústria.

A Carta IEDI a ser divulgada hoje analisa a situação recente do emprego nos diferentes setores industriais agrupados segundo a intensidade tecnológica (IT), a exemplo do que já faz com a produção industrial e a exportação de manufaturados. Para isso, toma-se como base a classificação dos setores adotada pela OCDE, que estabelece quatro faixas de intensidade tecnológica: alta, média-alta, média-baixa e baixa.

No que se refere ao emprego formal total, a partir dos dados do CAGED, o país perdeu, em termos líquidos, pouco mais de 1,8 milhão de vagas nos últimos 12 meses, entre maio de 2015 e abril de 2016. A rapidez da destruição líquida de postos de trabalho foi extraordinária, já que no período anterior, entre maio de 2014 e abril de 2015, a queda tinha sido de 418 mil vagas.

Quem mais contribuiu foi a indústria de transformação, onde a redução líquida de postos de trabalho formais chegou a 650 mil entre maio de 2015 e abril de 2016. Neste período, todos os agrupamentos de setores por IT apresentaram saldo negativo, configurando uma situação consideravelmente pior do que a observada em 2009, quando a economia brasileira sofria o efeito-contágio da crise financeira global.

No período recente, foi a faixa de alta intensidade tecnológica onde o emprego mais se retraiu ainda que em termos absolutos não seja uma faixa muito empregadora, já que reúne setores intensivos em capital e em conhecimento. Entre maio de 2015 e abril de 2016 foram fechadas 51 mil vagas, quanto no período de maio de 2014 e abril de 2015 a redução tinha chegado a 17 mil. O fechamento de postos avançou, assim, 190%. Todos os setores dessa faixa desempregaram nos últimos 12 meses, inclusive o de produtos farmacêuticos que vinha mantendo um crescimento de vagas até abril de 2015.

Apesar da forte aceleração da recente redução de vagas, a faixa de alta intensidade tecnológica foi a que mais demorou para efetuar cortes de monta. O emprego nesses subsetores é, de fato, em um primeiro momento, menos elástico às variações na produção em função do maior grau de qualificação da sua força de trabalho. As demissões são onerosas tanto pelos altos rendimentos quanto pelos elevados custos de treinamento da força de trabalho.

Em segundo lugar, vem a faixa de baixa intensidade tecnológica, que reúne justamente os setores mais intensivos em mão de obra. Entre maio de 2015 e abril de 2016 foram 235 mil vagas a menos, isso porque já havia tido redução de 101 mil vagas entre maio de 2014 e abril de 2015. A redução de postos aumentou, assim, 131,5%. Os segmentos onde a redução de postos mais se ampliou foram produtos alimentícios, papel e celulose, produtos de madeira, móveis, têxteis e confecção de vestuário e acessórios.

Convém ressaltar que os setores de baixa intensidade tecnológica cumpriram o papel de colchão amortecedor do emprego industrial na crise de 2009, mas se transformaram em 2015 e 2016 em focos de demissões e estão colaborando para aprofundar o declínio no emprego industrial total.

Em seguida, encontra-se a faixa de média baixa intensidade tecnológica, cujas perdas cresceram 107% nos últimos 12 meses em relação aos 12 meses imediatamente anteriores. Entre maio de 2015 e abril de 2016 foram 174 mil vagas a menos, muito acima das 84 mil vagas perdidas entre maio de 2014 e abril de 2015. Nesta faixa, as maiores retrações do emprego vieram da produção de minerais não metálicos e de produtos de borracha e plástico.

Por fim, na faixa de média alta intensidade tecnológica a perda de postos de trabalho avançou de 105 mil entre maio de 2014 e abril de 2015 para 150 mil entre maio de 2015 e abril de 2016 (+42,4%). As maiores retrações tiveram como destaques: produtos químicos, máquinas e aparelhos elétricos e máquinas e equipamentos.
  

 

 

Leia outras edições de Análise IEDI no site do IEDI


Leia no site do IEDI: A Estrutura Recente de Proteção Nominal e Efetiva no Brasil -
Estudo de iniciativa do IEDI e da Fiesp que objetiva analisar a estrutura tarifária brasileira.