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O setor de serviços, cuja crise vinha em nítida
progressão desde o início do ano passado, conseguiu
estabilizar o ritmo de sua queda. É o que se observa nesses
primeiros meses 2016. Mas se isso significa o início de
uma trajetória de recuperação, ainda é
muito cedo para afirmar.
A retração
das receitas reais do setor, que havia atingido -5,5% no último
quadrimestre de 2015, recuou para -4,9% no primeiro quadrimestre
de 2016, sempre em relação ao mesmo período
do ano anterior. Este arrefecimento, mesmo que favorável,
é pouco e mantém o setor preso numa conjuntura muito
adversa.
A despeito
disso, os serviços é o macrossetor da economia que
“melhor” tem resistido à crise presente, inclusive
agora em que sinais de moderação também marcaram
a evolução do comércio e da indústria.
De fato, as retrações acumuladas em 2016 de -6,9%
das vendas reais do comércio e, principalmente, de -10,5%
da produção industrial indicam situações
de gravidade maior do que em serviços (-4,9%).
O que notabiliza
muito o comportamento do setor de serviços nesse começo
de ano tem sido uma dança de cadeiras entre seus segmentos,
em que uns assumem o lugar de outros numa trajetória de
nítida piora. Isso reflete em alguma medida fases distintas
das estratégias das famílias e das empresas diante
do prosseguimento da crise.
Vejamos a
seguir como a evolução de alguns segmentos de serviços
ilustram esse ciclo de estratégias.
Dentre os
serviços prestados às famílias, o subsetor
de alojamento e alimentação foi o que primeiro sentiu
os efeitos da crise (desde jun/14). A queda de suas receitas reais
foi influenciada tanto pela elevação dos preços
das refeições fora de casa como pelo fato de restaurantes
e viagem serem considerados por muitas famílias como gastos
supérfluos ou de mais fácil adiamento.
Por isso,
os serviços de alojamento e alimentação tornaram-se
o primeiro alvo do ajuste familiar diante da fase adversa da economia,
mas sua retração de -6,2% no último trimestre
de 2015 refluiu para -3,3% no acumulado de 2016 até abril.
Certamente isso ocorreu porque foi ficando difícil para
as famílias cortar ainda mais gastos que tanto já
haviam caído.
A pressão
do ajuste passou então a atingir de forma intensa o subsetor
de outros serviços prestados às famílias.
O mergulho das receitas reais desse segmento em 2015 foi extraordinário:
+0,1%, -4,0% e -7,8% nos seus três quadrimestres em ordem,
frente ao mesmo período do ano anterior. Depois de uma
evolução de tal intensidade, a queda no primeiro
quadrimestre de 2016 refluiu bastante: -1,9%.
Quanto às
empresas, por sua vez, sua reação à crise
afetou em primeiro lugar (desde mai/13) o subsetor de serviços
técnico-profissionais, mais diretamente relacionados ao
volume de seus negócios. Sua retração chegou
a -11,2% no último quadrimestre de 2015, passando para
-7,4% no primeiro quadrimestre de 2016, possivelmente devido à
moderação da crise vivida pela indústria
e comércio. Mas o fato é que apesar dessa evolução
ainda caem muito.
Já
o subsetor de serviços administrativos e complementares
começaram a cair depois (a partir de jul/15) porque não
estão diretamente vinculados ao desempenho das empresas,
como os serviços de limpeza e segurança, por exemplo.
Mas desde então levaram um tombo do qual ainda não
se recuperaram. A evolução de suas receitas reais
no segundo e terceiro quadrimestre de 2015 e no primeiro de 2016
foi a seguinte: -1,6%, -6,5% e -6,1%, em relação
ao mesmo período do ano passado.
Por fim, os
serviços de informação e comunicação
por terem se tornado essenciais tanto às empresas como
às famílias são um dos últimos segmentos
a entrar em crise (desde set/15). Por isso, suas perdas ainda
estão em processo de aceleração: -2,1% e
-4,0% no último quadrimestre de 2015 e no primeiro de 2016,
respectivamente.
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De acordo com dados divulgados pelo IBGE da Pesquisa Mensal de Serviços
para o mês de abril, a variação do volume de serviços
prestados sobre o mesmo mês do ano anterior foi de -4,5%. No acumulado
do ano, a retração de 4,9% e nos últimos 12 meses,
de -4,6%.
O desempenho negativo,
ainda que tenha reduzido de intensidade, persiste. Frente a abril de 2015,
todos os segmentos pesquisados apresentaram redução do volume
de serviços vendidos, tendo a maior variação sido
registrada nos serviços de transporte, serviços auxiliares
dos transportes e correios (-6,5%), seguido por serviços profissionais,
administrativos e complementares (-5,4%), outros serviços (-3,3%)
e serviços prestados às famílias e serviços
de comunicação e informação (ambos -3,0%).
O volume de serviços de atividades turísticas retraiu 3,6%.
No acumulado do ano,
todos os setores mantiveram desempenho negativo. A maior queda observada
foi no segmento de serviços profissionais, administrativos e complementares
(-6,4%), transporte, serviços auxiliares dos transportes e correios
(-5,5%), serviços de informação e comunicação
(-4,0%), outros serviços (-3,6%) e serviços prestados às
famílias (-3,1%). Os serviços relacionados a atividades
turísticas tiveram aumento da retração, alcançando
-1,0%.
Na variação
de 12 meses registrada em março, todos os setores registraram queda.
O pior desempenho alcançado foi do grupo de outros serviços
(-7,9%), seguido por transportes, serviços de transportes e correio
(-6,1%), serviços profissionais, administrativos e complementares
(-5,8%), serviços prestados às famílias (-5,0%) e
serviços de informação e comunicação
(-2,1%). Nesta comparação, os serviços de atividades
turísticas retraíram 1,6%.
Na análise
por unidade federativa, no acumulado do ano, frente ao mesmo período
de 2015, as unidades federativas que tiveram variação positiva
estão Roraima (8,8%), Rondônia (7,8%), Distrito Federal (5,3%),
Mato Grosso (4,8%) e Tocantins (2,9%). As maiores variações
negativas foram registradas nos estados do Amapá (-16,3%), Amazonas
(-16,0%), Maranhão (-10,7%), Paraíba (-9,6%), Pernambuco
(-9,4%), Bahia (-8,4%), Sergipe (-7,7%) e Espírito Santo (-7,4%).
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