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O varejo, que era caracterizado por continuadas quedas nas vendas
reais, passa do final do ano passado até aqui a intercalar
bons e maus resultados. Isso é uma novidade positiva, muito
embora a intensidade das quedas ainda sobrepuje aquela das elevações.
Em outras palavras, a tendência em 2016 ainda é de
declínio, mas com alguma moderação com relação
ao que dominou o ano de 2015.
Em boa medida,
esse comportamento se deveu ao segmento de alimentos e bebidas
que, a despeito da subida dos preços, pode ter se beneficiado
do reajuste do salário mínimo a recompor parte do
poder de compra da população. Outro aspecto importante
para a venda desses bens é sua essencialidade, que impõe
um piso à redução de sua compra pelas famílias.
É possível também que o ajustamento familiar
venha se dando menos pela quantidade comprada e mais pela qualidade,
mantendo o gasto no setor, porém substituindo produtos
mais caros por similares mais baratos.
Em abril,
as vendas reais do varejo no conceito restrito cresceram 0,5%
frente a março, sem efeitos sazonais. Esta foi a segunda
variação positiva do ano. O resultado de fevereiro
também tinha sido positivo (+1,2%), enquanto os de janeiro
(-2,0%) e março (-0,9%) foram negativos. Já no conceito
ampliado, que inclui veículos e materiais de construção,
as vendas caíram 1,4% em abril.
Também
se verifica a moderação do ritmo de piora do varejo
no resultado de -6,9% no acumulado de janeiro a abril de 2016,
em relação ao mesmo período do ano anterior,
patamar equivalente àquele do último trimestre de
2015. No conceito ampliado, há até mesmo um arrefecimento:
-9,3% contra -12,0% na mesma comparação.
Ainda com
base nos dados em relação ao ano passado, é
possível identificar aqueles setores que seguem ou não
a tendência média de moderação. Como
já mencionado, o segmento de hipermercados, alimentação,
bebidas e fumo, com peso importante no comércio, é
um dos que pararam de piorar. O declínio de suas vendas
reais tem sido de -3,2% no terceiro e no quatro trimestre de 2015
bem como no acumulado de 2016 até abril. O aspecto ruim
disso é que esse patamar de queda não é pouca
coisa para o segmento.
Materiais
de construção compreendem outro segmento cujas vendas
em volume se estabilizaram num ritmo de queda expressivo. No último
trimestre de 2015, seu desempenho foi de -14,0% e de -14,3% no
acumulado dos quatro meses de 2016.
Já
em outros segmentos a deterioração continua. Em
alguns isso ocorre em ritmo acelerado, como em artigos de uso
pessoal e doméstico, que inclui as lojas de departamento.
A retração real de -7,5% do final de 2015 avançou
para -12,2% nos primeiros meses de 2016.
Em outros,
o ritmo de piora é mais brando até porque as perdas
já são bastante expressivas, como são os
casos de artigos de escritório, informática (-15,5%
no quarto trim. de 2015 e -16,2% no acumulado de jan-abr/16) e
comunicação e livros jornais e papelaria (-14,4%
e -15,5%, respectivamente) e tecidos, vestuário e calçados
(-11,5% e -12,2%, respectivamente).
A evolução
desses segmentos foi compensada por retrações menos
intensas em outros. As vendas reais de veículos caíram
-13,6% no acumulado de 2016 até abril contra -22,7% no
último trimestre de 2015. Já as de combustíveis
tiveram retração de -9,8% em 2016 e de -11,1% nos
últimos três meses de 2015. Em móveis e eletrodomésticos
por sua vez, esse arrefecimento foi muito marginal (-15,4% contra
-16,8% nas mesmas comparações).
O único
segmento a apresentar crescimento do volume de vendas continua
sendo o de artigos farmacêuticos, ortopédicos, cosméticos
e perfumaria, mas a taxas quase insignificantes diante de resultados
em anos anteriores à crise. No acumulado de janeiro a abril
cresceram apenas 1,5%.
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Resultados Gerais. Segundo dados divulgados pelo IBGE,
o volume de vendas do comércio varejista em abril, com dados ajustados
sazonalmente, cresceu 0,5%. No confronto com o mesmo mês de 2015,
o volume de vendas apresentou recuo de 6,7%. No acumulado do primeiro
quadrimestre de 2016, frente mesmo período do ano anterior, a variação
das vendas varejistas foi negativa em 6,9%. A variação acumulada
nos últimos 12 meses foi de 6,1%.
Setores. Na
comparação com março de 2016 na série com
ajuste sazonal, três das dez atividades pesquisadas obtiveram variações
positivas para o volume de vendas. Os resultados positivos: hipermercados,
supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (1,0%), outros
artigos de uso pessoal e doméstico (2,8%), tecidos, vestuário
e calçados (3,7%). As vendas no setor de combustíveis e
lubrificantes ficaram estáveis, enquanto os resultados negativos
foram: equipamentos e material para escritório, informática
e comunicação (-4,9%), livros, jornais, revistas e papelaria
(-3,4%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos,
de perfumaria e cosméticos (-2,9%), móveis e eletrodomésticos
(-1,8%), veículos e motos, partes e peças (-6,6%) e material
de construção (-4,0%).
Na comparação
de abril de 2016 contra abril de 2015, todas as dez atividades apresentaram
resultados negativos: Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios,
bebidas e fumo (-4,4%), Combustíveis e lubrificantes (-10,8%);
Outros artigos de uso pessoal e doméstico(-10,4%), Móveis
e eletrodomésticos (-10,1%), Tecidos, vestuário e calçados
(-8,8%); Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos
e de perfumaria (-1,3%); Equipamentos e materiais para escritório,
informática e comunicação (-14,6%); Livros, jornais,
revistas e papelaria (-18,7%),Veículos, motos, partes e peças
(-13,8%) e Material de construção (-13,0%).
Regiões.
A partir dos dados de volume de vendas com ajuste sazonal, na
comparação de abril de 2016 com março do mesmo ano,
verificou-se que 17 apresentaram variações positivas, com
destaque para: Sergipe (6,3%), Amapá (3,5%) e Paraná (2,9%),
enquanto as maiores variações negativas ficaram para Rondônia
(-3,7%), Bahia (-1,8%) e Amazonas (-1,6%).
Na comparação
com o mesmo mês do ano anterior, 27 estados registraram resultados
negativos em termos de volume de vendas do comércio varejista ampliado,
destacando-se o São Paulo (-4,8%) e Minas Gerais (-13%), seguidos
por Rio de Janeiro (-8,7%) e Rio Grande do Sul (-15,1%).
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