14 de junho de 2016

Comércio Varejista
Moderação do ritmo de queda


   

 
O varejo, que era caracterizado por continuadas quedas nas vendas reais, passa do final do ano passado até aqui a intercalar bons e maus resultados. Isso é uma novidade positiva, muito embora a intensidade das quedas ainda sobrepuje aquela das elevações. Em outras palavras, a tendência em 2016 ainda é de declínio, mas com alguma moderação com relação ao que dominou o ano de 2015.

Em boa medida, esse comportamento se deveu ao segmento de alimentos e bebidas que, a despeito da subida dos preços, pode ter se beneficiado do reajuste do salário mínimo a recompor parte do poder de compra da população. Outro aspecto importante para a venda desses bens é sua essencialidade, que impõe um piso à redução de sua compra pelas famílias. É possível também que o ajustamento familiar venha se dando menos pela quantidade comprada e mais pela qualidade, mantendo o gasto no setor, porém substituindo produtos mais caros por similares mais baratos.

Em abril, as vendas reais do varejo no conceito restrito cresceram 0,5% frente a março, sem efeitos sazonais. Esta foi a segunda variação positiva do ano. O resultado de fevereiro também tinha sido positivo (+1,2%), enquanto os de janeiro (-2,0%) e março (-0,9%) foram negativos. Já no conceito ampliado, que inclui veículos e materiais de construção, as vendas caíram 1,4% em abril.

Também se verifica a moderação do ritmo de piora do varejo no resultado de -6,9% no acumulado de janeiro a abril de 2016, em relação ao mesmo período do ano anterior, patamar equivalente àquele do último trimestre de 2015. No conceito ampliado, há até mesmo um arrefecimento: -9,3% contra -12,0% na mesma comparação.

Ainda com base nos dados em relação ao ano passado, é possível identificar aqueles setores que seguem ou não a tendência média de moderação. Como já mencionado, o segmento de hipermercados, alimentação, bebidas e fumo, com peso importante no comércio, é um dos que pararam de piorar. O declínio de suas vendas reais tem sido de -3,2% no terceiro e no quatro trimestre de 2015 bem como no acumulado de 2016 até abril. O aspecto ruim disso é que esse patamar de queda não é pouca coisa para o segmento.

Materiais de construção compreendem outro segmento cujas vendas em volume se estabilizaram num ritmo de queda expressivo. No último trimestre de 2015, seu desempenho foi de -14,0% e de -14,3% no acumulado dos quatro meses de 2016.

Já em outros segmentos a deterioração continua. Em alguns isso ocorre em ritmo acelerado, como em artigos de uso pessoal e doméstico, que inclui as lojas de departamento. A retração real de -7,5% do final de 2015 avançou para -12,2% nos primeiros meses de 2016.

Em outros, o ritmo de piora é mais brando até porque as perdas já são bastante expressivas, como são os casos de artigos de escritório, informática (-15,5% no quarto trim. de 2015 e -16,2% no acumulado de jan-abr/16) e comunicação e livros jornais e papelaria (-14,4% e -15,5%, respectivamente) e tecidos, vestuário e calçados (-11,5% e -12,2%, respectivamente).

A evolução desses segmentos foi compensada por retrações menos intensas em outros. As vendas reais de veículos caíram -13,6% no acumulado de 2016 até abril contra -22,7% no último trimestre de 2015. Já as de combustíveis tiveram retração de -9,8% em 2016 e de -11,1% nos últimos três meses de 2015. Em móveis e eletrodomésticos por sua vez, esse arrefecimento foi muito marginal (-15,4% contra -16,8% nas mesmas comparações).

O único segmento a apresentar crescimento do volume de vendas continua sendo o de artigos farmacêuticos, ortopédicos, cosméticos e perfumaria, mas a taxas quase insignificantes diante de resultados em anos anteriores à crise. No acumulado de janeiro a abril cresceram apenas 1,5%.
  

 
Resultados Gerais. Segundo dados divulgados pelo IBGE, o volume de vendas do comércio varejista em abril, com dados ajustados sazonalmente, cresceu 0,5%. No confronto com o mesmo mês de 2015, o volume de vendas apresentou recuo de 6,7%. No acumulado do primeiro quadrimestre de 2016, frente mesmo período do ano anterior, a variação das vendas varejistas foi negativa em 6,9%. A variação acumulada nos últimos 12 meses foi de 6,1%.

Setores. Na comparação com março de 2016 na série com ajuste sazonal, três das dez atividades pesquisadas obtiveram variações positivas para o volume de vendas. Os resultados positivos: hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (1,0%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (2,8%), tecidos, vestuário e calçados (3,7%). As vendas no setor de combustíveis e lubrificantes ficaram estáveis, enquanto os resultados negativos foram: equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-4,9%), livros, jornais, revistas e papelaria (-3,4%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-2,9%), móveis e eletrodomésticos (-1,8%), veículos e motos, partes e peças (-6,6%) e material de construção (-4,0%).

Na comparação de abril de 2016 contra abril de 2015, todas as dez atividades apresentaram resultados negativos: Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-4,4%), Combustíveis e lubrificantes (-10,8%); Outros artigos de uso pessoal e doméstico(-10,4%), Móveis e eletrodomésticos (-10,1%), Tecidos, vestuário e calçados (-8,8%); Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (-1,3%); Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (-14,6%); Livros, jornais, revistas e papelaria (-18,7%),Veículos, motos, partes e peças (-13,8%) e Material de construção (-13,0%).

Regiões. A partir dos dados de volume de vendas com ajuste sazonal, na comparação de abril de 2016 com março do mesmo ano, verificou-se que 17 apresentaram variações positivas, com destaque para: Sergipe (6,3%), Amapá (3,5%) e Paraná (2,9%), enquanto as maiores variações negativas ficaram para Rondônia (-3,7%), Bahia (-1,8%) e Amazonas (-1,6%).

Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, 27 estados registraram resultados negativos em termos de volume de vendas do comércio varejista ampliado, destacando-se o São Paulo (-4,8%) e Minas Gerais (-13%), seguidos por Rio de Janeiro (-8,7%) e Rio Grande do Sul (-15,1%).

 

 

 

  

 

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