8 de junho de 2016

Indústria Regional
Resultados setoriais em
São Paulo, Rio e Minas


   

 
Como é sabido, o resultado da indústria em abril foi baixo porém positivo: +0,1% frente a março, com ajuste sazonal. A reincidência de elevações da produção neste início de ano, ao menos na margem, dá esperanças de que tenhamos chegado a uma fase menos aguda da crise. Os dados regionais divulgados hoje mostram, contudo, que esse movimento, se estiver de fato ocorrendo, não é em toda parte.

Das 14 localidades acompanhadas pelo IBGE na série com ajuste sazonal apenas 4 tiveram desempenho positivo em abril frente a março. A característica frisante delas é que compreendem sobretudo os maiores centros industriais do país. De fato, a produção cresceu em São Paulo (+2,6%), Rio de Janeiro (+0,7%) e Minas Gerais (+2,4%). No entanto, todas essas localidades continuam apresentando quedas na comparação com abril de 2015, mas em um patamar menor.

Vejamos como têm se saído esses grandes centros, buscando identificar, em cada um deles, os ramos cujos resultados podem sugerir um arrefecimento do ritmo de contração da produção.

Em São Paulo, frente ao mesmo mês do ano anterior, o mês de abril assinalou uma queda muito inferior ao que vínhamos observando: -2,6% contra -13,8% do primeiro trimestre. Muito disso tem a ver com a antecipação da moagem de cana de açúcar no estado, o que levou a um crescimento de nada menos de 44,2% da sua indústria alimentícia.

A despeito disso, o ramo alimentício em São Paulo obteve crescimento em todos os meses de 2016 frente ao mesmo período do ano anterior. Este também foi o caso de farmoquímicos e farmacêuticos (+3,0% em abril). Outros três ramos saíram do terreno negativo e passaram igualmente a crescer em abril: bebidas (+8,6%), sabões, detergentes e afins (+1,2%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (+0,1%).

Mais significativo é o número de ramos da indústria paulista cujo desempenho tem sido “menos ruim”: 9 dos 19 ramos pesquisados, dentro os quais estão produtos de borracha e plástico, minerais não metálicos, máquinas e equipamentos e produtos de informática e eletrônicos.

Em Minas Gerais, por sua vez, o resultado -4,1% em abril, frente ao mesmo mês do ano anterior, também foi bastante inferior aos -12,1% do primeiro trimestre de 2016. Dos 13 ramos pesquisados no estado, 5 conseguiram crescer em abril: alimentos (+16,1%), bebidas (27,3%), papel e celulose (+22%), outros produtos químicos (+6,0%) e coque e derivados de petróleo (+5,4%). Outros 4 reduziram suas perdas, como veículos, máquinas e equipamentos, têxteis e minerais não-metálicos.

Já no Rio de Janeiro, a queda foi de 9,5% frente a abril de 2015, muito próximo do resultado do primeiro trimestre de 2016 (-10,0%). Mas dos 14 ramos acompanhados no estado, 6 obtiveram crescimento da produção em abril. No caso de coque e derivados de petróleo (+3,1%), de produtos de borracha e plástico (+5,4%) e de produtos de metal (+8,7%) variações positivas têm predominado neste começo de ano. Apesar disso, a retração continua muito intensa em alguns ramos, como em veículos (-34%), outros equipamentos de transporte (-71%) e farmoquímicos e farmacêuticos (-29,6%).

Se os dados da indústria dos últimos meses podem ser lidos como sinais de arrefecimento da crise, continuam válidas algumas ressalvas. A primeira delas é que os resultados positivos em alguns segmentos ou localidades podem ser passageiros, porque ainda estamos longe de uma recuperação da economia.

A segunda ressalva é que a despeito de algumas desacelerações, muitas quedas continuam em patamares gravíssimos. Uma outra ressalva é que tais desacelerações também expressam um efeito estatístico, já que a base de comparação foi ficando muito baixa.
  

 
Resultados Gerais. De acordo com os dados divulgados pela Pesquisa Industrial Mensal – Regional do IBGE, entre março e abril a produção industrial, com ajuste sazonal, cresceu em cinco dos catorze locais pesquisados. O avanço mais significativo foi registrado por Pernambuco (10,2%), seguido por São Paulo (2,6%), Minas Gerais (2,4%), Goiás (0,8%) e Rio de Janeiro (0,7%). Por outro lado, Amazonas (-13,5%), Rio Grande do Sul (-3,6%), Bahia (-2,5%), Santa Catarina (-2,2%), Ceará (-2,1%), Espírito Santo (-1,4%), Região Nordeste (-1,3%), Pará (-0,5%) e Paraná (-0,5%) foram as quedas observadas em abril de 2016.

Na base de comparação mês contra mesmo mês do ano anterior, a queda de 7,2% do índice nacional contou com a influência da queda da produção industrial em treze dos quinze locais pesquisados: Espírito Santo (-21,9%), Amazonas (-21,3%), Rio de Janeiro (-9,5%), Pernambuco (-7,9%), Rio Grande do Sul (-7,5%), Paraná (-7,5%), Santa Catarina (-5,9%), Goiás (-5,5%), Minas Gerais (-4,1%), Região Nordeste (-2,7%), São Paulo (-2,6%), Bahia (-1,1%) e Ceará (-0,6%). Por outro lado, as taxas positivas ficaram por conta de Pará (8,2%) e Mato Grosso (2,0%).

A produção industrial acumulada entre janeiro e abril de 2016 apresentou crescimento em apenas 3 das 15 localidades. As ampliações no desempenho regional foram registradas pelos estados do Pará (10,1%), Mato Grosso (5,3%) e Bahia (2,4%). As maiores quedas ficaram a cargo do estado do Espírito Santo (-22,3%), Pernambuco (-22,1%), Amazonas (-21,7%) e São Paulo (-11,0%). Minas Gerais (-10,1%), Rio de Janeiro (-9,9%), Goiás (-8,4%), Paraná (-8,4%), Santa Catarina (-8,0%), Rio Grande do Sul (-6,9%), Ceará (-6,7%) e Região Nordeste (-4,0%), mas abaixo da queda do índice nacional.

Destaques

Minas Gerais. Em abril, frente meio, com dados já descontados dos efeitos sazonais, a produção industrial do estado apresentou alta de 2,4%, uma das maiores variações positivas nesta comparação. No confronto com abril de 2015, constatou-se redução de 4,1%, taxa influenciada principalmente pelos setores: indústrias extrativas (-14,3%), metalurgia (-10,4%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-13,7%), produtos de metal (-15,3%) e máquinas e equipamentos (-23,7%), enquanto os setores de bebidas (27,3%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (5,4%) e celulose, papel e produtos de papel (22,0%) foram as influências positivas. No acumulado do ano, por sua vez, a indústria mineira recuou 10,1%, pressionada pela queda dos setores de indústrias extrativas (-16,6%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-29,3%), metalurgia (-10,3%), máquinas e equipamentos (-44,6%), produtos de metal (-12,9%) e produtos de minerais não-metálicos (-10,8%). Por outro lado, os setores de produtos alimentícios (8,3%) e de produtos do fumo (37,4%) exerceram as principais contribuições positivas.

São Paulo. Em abril, a indústria paulista apresentou avanço de 2,6% na comparação com maio (dados livres de efeitos sazonais). Na comparação mensal (mês/ mesmo mês do ano anterior), o estado registrou queda de 2,6%, taxa influenciada pelos setores de: veículos automotores, reboques e carrocerias (-18,8%), produtos de metal (-19,1%), coque, produtos derivados de petróleo e biocombustíveis (-5,5%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-21,7%), metalurgia (-18,3%), produtos de borracha e de material plástico (-11,2%), outros produtos químicos (-6,4%), produtos de minerais não-metálicos (-8,8%) e máquinas e equipamentos (-4,4%). Por outro lado, a principal contribuição positiva veio do setor de produtos alimentícios (44,2%). No acumulado no ano de 2016 a produção industrial recuou 11,0%, com destaque para os setores de veículos automotores, reboques e carrocerias (-26,0%), seguido por coque, produtos derivados de petróleo e biocombustíveis (-12,2%), máquinas e equipamentos (-15,6%), produtos de metal (-21,3%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-32,0%), produtos de borracha e de material plástico (-15,5%), metalurgia (-15,8%), outros produtos químicos (-7,4%), de produtos de minerais não-metálicos (-12,1%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-11,3%). Por outro lado, o impacto positivo mais importante foi assinalado pelo setor de produtos alimentícios (16,8%).

 

 

 

 

 

 

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