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O desempenho da indústria em 2016 dá sinais de uma
evidente descontinuidade da trajetória anterior marcada
por quedas continuadas da produção. Em abril, a
produção industrial cresceu 0,1% frente a março
com ajuste sazonal. Vale observar que dos quatro primeiros meses
do ano, três apresentaram variações positivas
nessa comparação.
A despeito
do sinal favorável, o resultado de -10,5% do primeiro quadrimestre
de 2016 frente ao mesmo período do ano anterior nos lembra
da magnitude da crise em que o setor ainda se encontra. É
cedo para falar em melhora da indústria brasileira. O que
pode ser dito neste estágio é que o quadro começa
a se tornar menos grave.
Esse movimento
tem sido acompanhado por praticamente todos os macrossetores da
indústria, com destaque para o de bens de capital que liderara
a retração em 2015. A produção desses
bens teve alta em todos os quatro meses de 2016 frente ao mês
anterior, com ajuste sazonal (+2,5%, +0,8%, +3,0% e +1,2%, respectivamente).
Não víamos uma sucessão de resultados positivos
assim desde 2009.
Com isso,
em comparação com o mesmo período do ano
anterior, a queda de bens de capital recuou de -31,6% no último
quadrimestre de 2015 para -25,9% no primeiro de 2016. Três
de seus segmentos tiveram seu declínio arrefecido nesse
período: bens de capital para transporte (de -36% para
-25,9%, respectivamente), para energia (de -11,7% para -8,9%)
e para construção (de -56,8% para -46,3%).
A produção
de bens de consumo semi e não-duráveis também
teve uma evolução favorável devido a um conjunto
de fatores que inclui desaceleração da inflação
e reajuste do salário mínimo, a recompor parcialmente
o poder de compra de parte da população, e o patamar
mais competitivo do câmbio, ajudando a ampliar as exportações
e substituir importações. Em maio, houve alta de
1,9% frente ao mesmo mês de 2015, o que não ocorria
desde out/14.
Foi possível
então, que o patamar de queda de bens semi e não
duráveis recuasse de -6,4%, frente ao mesmo período
do ano anterior, no último quadrimestre de 2015 para -2,8%
no primeiro quadrimestre de 2016, sob influência da alta
de abates de reses (+1,2%) e de suínos e aves (+3,8%),
da indústria farmacêutica (+3,1%) e da produção
de álcool e gasolina (+13,1%). Por sua vez, reduziram suas
perdas os segmentos de calçados, têxteis e vestuário.
Onde os sinais
de algum alívio são menos expressivos é na
produção de bens duráveis. Aqui, o resultado
do primeiro quadrimestre do ano (-26,5%) praticamente reproduz
aquele do último quadrimestre de 2015 (-27,8%). Alguns
segmentos, contudo, estão “menos ruins”: é
o caso de automóveis (-25,4% contra -32,2%), que tem conseguido
ampliar suas exportações, eletrodomésticos
da linha branca (-17,7% contra -22,6%) e móveis (-15,5%
contra -22,7%).
Por fim, os
bens intermediários foram os únicos a apresentarem
piora do desempenho em 2016: -9,6% no primeiro quadrimestre contra
-8,9% no último quadrimestre de 2015 frente ao mesmo período
do ano anterior. A história teria sido diferente não
fosse a piora em metalurgia (-14,2% contra -11,8%), sujeita à
crise do setor siderúrgico, e de embalagens (-7,0% contra
-6,4%). Os demais segmentos tiveram retrações mais
brandas neste início de ano.
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Resultados Gerais. Segundo dados divulgados pelo IBGE,
a produção industrial de abril registrou variação
positiva de 0,1% frente a março na série livre de influências
sazonais, após ter registrado alta de 1,4% no mês anterior.
Na comparação com abril de 2015 a indústria assinalou
queda de 7,2%. Dessa forma, a indústria acumulou decréscimo
de 10,5% nos primeiros quatro meses do ano, em comparação
com o mesmo período de 2015. O indicador acumulado dos últimos
doze meses frente a igual período imediatamente anterior apresentou
variação negativa de 9,6%.
Categorias
de Uso. Entre as categorias de uso na comparação
com o mês imediatamente anterior, duas categorias de uso assinalaram
alta na produção industrial: bens de capital (1,2%) e bens
intermediários (0,5%). Por outro lado, os setores de bens de consumo
duráveis (-4,4%) e de bens de consumo semi e não-duráveis
(-0,6%) recuaram.
Na comparação
com igual mês do ano anterior, quase todos os índices por
categorias de uso apresentaram taxas negativas, com exceção
de bens de consumo semi e não-duráveis, com expansão
de 1,9%. As demais categorias apresentaram os seguintes resultados: bens
de consumo duráveis (-23,7%), bens de capital (-16,5%) e bens intermediários
(-7,5%).
Setores. A
pequena alta de 0,1% da indústria entre março e abril alcançou
11 dos 24 ramos pesquisados, com destaque para os ganhos registrados por
produtos alimentícios (4,6%) e coque, produtos derivados do petróleo
e biocombustíveis (4,0%), indústrias extrativas (1,3%),
celulose, papel e produtos de papel (2,7%), máquinas e equipamentos
(2,0%), bebidas (2,4%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos
(1,9%). Por outro lado, os setores que assinalaram quedas mais relevantes
foram: veículos automotores, reboques e carrocerias (-4,5%), produtos
farmoquímicos e farmacêuticos (-10,9%), perfumaria, sabões,
produtos de limpeza e de higiene pessoal (-2,6%), metalurgia (-2,5%),
outros equipamentos de transporte (-5,5%), confecção de
artigos do vestuário e acessórios (-3,1%), produtos de metal
(-1,3%) e produtos do fumo (-11,9%).
Na comparação
com abril de 2015, a produção industrial mostrou queda de
7,2%, influenciada pelo recuo da produção de vinte e um
dos vinte e seis ramos pesquisados. As maiores influências negativas
ficaram a cargo de: indústria extrativa (-15,7%), veículos
automotores, reboques e carrocerias (-20,6%), metalurgia (-14,9%), máquinas
e equipamentos (-12,1%), produtos de metal (-17,1%), equipamentos de informática,
produtos eletrônicos e ópticos (-24,8%), outros equipamentos
de transporte (-25,7%), produtos de borracha e de material plástico
(-10,5%), produtos de minerais não-metálicos (-9,6%), outros
produtos químicos (-6,6%), confecção de artigos do
vestuário e acessórios (-12,9%), máquinas, aparelhos
e materiais elétricos (-8,7%), produtos derivados do petróleo
e de biocombustíveis (-2,0%) e móveis (-15,4%). Por outro
lado, a atividade de produtos alimentícios (12,3%) exerceu a principal
pressão positiva.
No índice acumulado
para o acumulado de janeiro a abril de 2016, frente a igual período
do ano anterior, a queda de 10,5% foi impulsionada pelo recuo de 22 ramos
dos 26 ramos investigados, com destaque para: veículos automotores,
reboques e carrocerias (-26,1%), indústrias extrativas (-15,0%),
máquinas e equipamentos (-20,9%), metalurgia (-14,2%), equipamentos
de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-32,6%),
de produtos de metal (-16,6%), produtos de borracha e de material plástico
(-14,5%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-17,4%),
produtos de minerais não-metálicos (-12,6%), outros equipamentos
de transporte (-24,1%), de confecção de artigos do vestuário
e acessórios (-12,2%), produtos têxteis (-14,6%), outros
produtos químicos (-3,9%) e móveis (-15,6%). Por outro lado,
produtos alimentícios (2,2%), celulose, papel e produtos de papel
(2,6%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (2,7%) e produtos
do fumo (12,6%) foram as altas do mês.
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