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A taxa de desemprego no Brasil, em alta desde 2015, assume uma
franca escalada em 2016, atingindo 11,2% no trimestre findo em
abril. Na origem desse movimento encontram-se as estratégias
de ajustamento tanto das famílias como das empresas.
Do lado das
famílias, a corrosão do seu poder de compra pela
inflação mais elevada, as difíceis negociações
salariais devido à crise, a elevação dos
juros e o medo crescente da perda do emprego impuseram um ajustamento
via redução do consumo bem como por meio de um número
maior de familiares em busca de emprego.
Do lado das
empresas, a queda da confiança dos empresários,
a redução das vendas no mercado doméstico,
as dificuldades de ampliação das exportações
devido ao baixo dinamismo internacional, o racionamento do crédito
e aumento dos juros e o crescente do número de falências
impuseram pesada contenção de custos e redução
de postos de trabalho.
Contudo, essas
duas estratégias não têm tido a mesma importância
para explicar a elevação do desemprego dos últimos
meses.
Na primeira
metade de 2015, o fator preponderante eram as estratégias
familiares, que fizeram crescer o número de pessoas em
busca de trabalho a despeito de uma capacidade cada vez menor
de absorção pelas empresas. Na segunda metade de
2015, as famílias levaram ao mercado de trabalho um número
ainda maior de pessoas, mas o fechamento de vagas já estava
ocorrendo.
É em
2016 que o peso das estratégias empresariais tem sido cada
vez maior na elevação do desemprego. O corte dos
postos de trabalho aumentou muito, chegando a 1,54 milhão
no trimestre findo em abril frente ao mesmo período do
ano passado. Enquanto isso, o número de pessoas a entrar
na força de trabalho continua elevado, sendo 1,83 milhão
nesta mesma comparação.
É na
indústria que a destruição de empregos tem
ocorrido de forma mais grave: foi 1,56 milhão de pessoas
ocupadas a menos no trimestre findo em abril contra o mesmo período
do ano anterior. A situação é muito pior
do que nos demais setores da economia.
Não
é por outra razão, que o emprego formal é
o que mais cai. Lembremos que os postos de trabalho oferecidos
pelo setor industrial são majoritariamente com carteira
assinada, diferentemente de outros setores bastante empregadores.
No trimestre findo em abril, 1,54 milhão de ocupados com
carteira assinada ficaram desempregados em comparação
com o mesmo período do ano anterior.
Diante desse
quadro, as pessoas que perderam seus empregos ou que entraram
no mercado de trabalho premidas pelo ajustamento familiar não
têm outra saída a não ser se submeter a ocupações
de pior qualidade. Isso explica o crescimento de 1,07 milhão
de ocupados por conta própria e de 238 mil trabalhadores
domésticos no trimestre findo em abril contra o mesmo período
de 2015.
Como nessas
ocupações os rendimentos costumam ser menores e
mais instáveis, a redução do consumo deve
continuar fazendo parte da vida dessas famílias, reforçando
o quadro negativo de vendas das empresas e, por conseguinte, do
próprio emprego.
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De acordo com dados da PNAD Contínua divulgados hoje pelo IBGE,
a taxa de desocupação atingiu 11,2% no trimestre encerrado
em abril de 2016, 3,2 p.p. maior que a taxa observada no mesmo trimestre
do ano passado (8,0%). No trimestre móvel anterior sem sobreposição
(novembro de 2015 a janeiro de 2016), a taxa foi de 9,5%.
O rendimento real
médio de todos os trabalhos habitualmente recebidos foi de R$ 1.962,00,
o que representou retração de 0,8% frente ao trimestre anterior
sem sobreposição e uma redução de 3,3% frente
ao mesmo trimestre de referência do ano anterior. Já o rendimento
real médio do trabalho principal habitualmente recebido alcançou
R$ 1.911,00, que responde por uma redução de 0,8% frente
ao trimestre anterior sem sobreposição e retração
de 3,1% frente ao mesmo trimestre do ano anterior.
A massa de rendimentos
reais de todos os trabalhos habitualmente recebidos por mês alcançou
R$ 173,3 bilhões, variação de -1,5% frente ao trimestre
anterior sem sobreposição e de -4,3% sobre o mesmo trimestre
de 2015.
No trimestre de referência,
a população ocupada alcançou 90,6 milhões
de pessoas, o que representou redução de 1,7% frente ao
mesmo trimestre do ano anterior. Na mesma comparação, o
número de pessoas dentro da força de trabalho teve aumento
de 1,8% atingindo 102,0 milhões de pessoas e o número de
desocupados aumentou 42,1% e alcançou 11,4 milhões de pessoas.
Frente ao mesmo trimestre
de 2015, o número de pessoas ocupadas dentre as posições
de ocupação apresentou crescimento em duas categorias: trabalhador
por conta própria (4,9%) e trabalhador doméstico (4,0%).
As demais tiveram retração, com destaque para trabalho privado
sem carteira (-0,6%), setor público (-3,3%), trabalho privado com
carteira (-4,3%), empregador (-7,7%) e trabalho auxiliar familiar (-20,3%).
Dentre os setores
da economia que apresentaram maior aumento da ocupação na
comparação com o trimestre compreendido entre janeiro e
março de 2015, estão transporte, armazenagem e correios
(5,3%), serviços domésticos (5,1%), alojamento e alimentação
(3,5%) e administração pública, defesa e seguridade,
educação, saúde humana e serviços sociais
(2,5%). Os setores que tiveram retração da população
ocupada foram construção (-0,2%), comércio, reparação
de veículos automotores e motocicletas (-0,6%), outros serviços
(-0,8%), agricultura, pecuária, produção florestal,
pesca e aquicultura (-0,9%), construção (-1,2%), informação,
comunicação e atividades financeiras imobiliárias,
profissionais e administrativas (-7,8%) e indústria (-11,8%).
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