12 de maio de 2016

Serviços
Novos eixos de retração


  

 
Na esteira do baixo volume de negócios das empresas, do desemprego e da queda do rendimento das famílias, a receita real do setor de serviços manteve a trajetória de aceleração de sua retração.

De fato, no primeiro trimestre de 2016, a queda avançou para 5,0% frente ao mesmo período do ano anterior, depois de ter fechado o ano de 2015 em -3,6%. A contar pelo resultado de março, divulgado hoje pelo IBGE, a piora não deve parar por aí. Com relação a março de 2015, a declínio atingiu 5,8%, indicando um cenário bastante adverso nesse início de ano.

Além do agravamento, 2016 também trouxe mudança do eixo da crise em serviços. Agora, encontram-se na linha de frente das retrações aqueles ramos menos diretamente ligados ao volume de negócios das empresas e de mais difícil compressão pelas famílias.

Os resultados dos principais segmentos de serviços neste primeiro trimestre de 2016, frente ao mesmo trimestre do ano passado, permitem tratar três situações. A primeira reúne segmentos em que se assiste uma piora acentuada de desempenho.

É o caso de serviços de informação e comunicação, cujas receitas reais mantiveram-se estáveis em 2015, mas mergulharam 4,4% no primeiro trimestre de 2016 (-5,9% só em mar/16 contra mar/15). Tal resultado é revelador de que, em 2016, a crise chegou com força nos serviços modernos.

Foi o caso também dos serviços administrativos e complementares prestados às empresas, que compreendem sobretudo funções terceirizadas. Aí a receita real mergulhou 6,4% nos primeiros três meses deste ano; no ano como um todo de 2015 o declínio tinha sido de 2,4%.

A segunda situação reúne ramos que acusaram no primeiro trimestre de 2016 desaceleração das quedas que vinham sofrendo desde o ano passado. São exemplos, transportes e afins, cujas receitas reais caíram 6,1% no acumulado de 2015, desacelerando para -5,2% no primeiro trimestre de 2016, e nos serviços de alojamento e alimentação prestados às famílias, com retração de 5,3% em 2015 e de 3,1% neste primeiro trimestre.

Cabe assinalar, contudo, o risco de que essa melhora relativa tenha sido algo passageira, concentrada apenas no primeiro bimestre do ano. Isso porque os dados de mar/16 frente a mar/15 apontam quedas maiores: de -7,2% para os transportes e de -4,6% para alojamento e alimentação das famílias.

A terceira situação agrupa os segmentos de melhora recente, como outros serviços prestados às famílias (educação, lazer, cultura etc), que conseguiram reduzir suas perdas de -4,0% no acumulado de 2015 para -1,7% no primeiro trimestre de 2016 frente ao mesmo período do ano passado.

Outros serviços também tiveram melhora surpreendente, passando de um revés de -9,0% em 2015 para uma queda mais moderada de -3,8% no primeiro trimestre de 2016. No mês de março, este ramo chegou a registrar aumento de receita real de 2,6%. A diversidade de serviços (financeiros, imobiliários, agropecuários etc) que compõem esse segmento dificulta, contudo, a identificação das razões específicas da mudança de trajetória.

Vale sublinhar ainda o bom desempenho das atividades de turismo que, muito em função da desvalorização do real, conseguiram obter crescimento de suas receitas reais em jan/16 (+0,5% frente a jan/15) e fev/16 (+1,4% frente a fev/15). Em março, porém sofreu nova queda (-2,2%), com o que fechou o trimestre em -0,1%. Mesmo assim, 2016 tem sido mais favorável do que 2015, cuja queda acumulada chegou -2,1%.
   

 
De acordo com dados divulgados pelo IBGE da Pesquisa Mensal de Serviços para o mês de março, a variação do volume de serviços prestados sobre o mesmo mês do ano anterior foi de -5,9%. No acumulado do ano, a retração de 5,0% e nos últimos 12 meses, de -5,3%.

Aprofundando o desempenho negativo dos últimos meses, frente a março de 2015, apenas o segmento de outros serviços registrou expansão, de 2,6%. Os demais grupos pesquisados apresentaram queda do volume de serviços prestados, puxados por transporte, serviços auxiliares dos transportes e correios (-7,2%), serviços profissionais, administrativos e complementares (-6,8%), serviços de informação e comunicação (-5,9%) e serviços prestados às famílias (-3,8%). O volume de serviços de atividades turísticas retraiu 2,3%.

No acumulado do ano, todos os setores tiveram desempenho negativo. A maior queda observada foi no segmento de serviços profissionais, administrativos e complementares (-6,7%), transporte, serviços auxiliares dos transportes e correios (-5,2%), serviços de informação e comunicação (-4,4%), outros serviços (-3,7%) e serviços prestados às famílias (-3,2%). Os serviços de atividades turísticas tiveram pequena oscilação negativa, de -0,2%.

Na variação de 12 meses registrada em março, todos os setores registraram queda. O pior desempenho alcançado foi do grupo de outros serviços (-8,4%), seguido por transportes, serviços de transportes e correio (-6,1%), serviços profissionais, administrativos e complementares (-5,5%), serviços prestados às famílias (-5,3%) e serviços de informação e comunicação (-1,8%).

Na análise por unidade federativa, frente ao mês de março de 2015, dentre os estados que tiveram variação positiva estão Tocantins (-9,3%), Roraima (-7,2%), Rondônia (-6,9%) e Distrito Federal (4,2%). As maiores variações negativas foram registradas nos estados do Amazonas (-16,3%), Amapá (-15,3%), Maranhão (-11,7%), Paraíba (-10,9%), Pernambuco (-10,3%), Paraná (-9,7%), Sergipe (-9,6%) e Espírito Santo (-9,3%).

 

 

 

 

 

 

 

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