11 de maio de 2016

Comércio Varejista
Panorama em 2016


   

 
Para o comércio varejista, 2016 não começa bem. É visível o contraste com o ano passado, quando as vendas reais do comércio no conceito restrito caíam módicos 0,8% no primeiro trimestre com relação ao mesmo trimestre de 2014. Agora, no primeiro trimestre de 2016, a retração do varejo gira em torno a 7,0% frente ao mesmo período do ano anterior. Por isso, são grandes as chances de o resultado acumulado em 2016 superar a queda de 4,3% registrada no ano como um todo de 2015.

No conceito ampliado, que inclui vendas de automóveis e autopeças e materiais de construção, a diferença entre as quedas dos primeiros trimestres de 2015 e 2016 também é expressiva: -5,3% e -9,4%, respectivamente. Neste conceito, o varejo teve variação no ano passado de -8,5%, apresentando também tendência de aceleração da queda no corrente ano.

A piora verificada nas vendas em volume do varejo ao longo do segundo semestre do ano passado adentrou o início de 2016, atingindo a maioria dos seus segmentos. Mostramos a seguir como isso se processou em alguns dos principais segmentos, segundo nos indicam as variações trimestre contra trimestre anterior com ajuste sazonal.

O pior desempenho nesses três meses iniciais do ano coube às vendas reais de outros artigos de uso pessoal e doméstico, em que pesam muito as lojas de departamento. Frente ao último trimestre de 2015, a retração foi de 6,5%, muito superior ao ritmo de queda dos dois trimestres anteriores (-2,8% e -2,1%), sugerindo clara deterioração da evolução das vendas.

Em outros segmentos do comércio foi constado também agravamento de seus resultados neste primeiro trimestre de 2016, mas nesses casos, predominantemente a piora parece representar um retorno ao padrão de quedas anteriores ao último trimestre de 2015, quando houve melhora significativa de desempenho. Nesse sentido, a melhora do final do ano passado funcionou mais como um alívio passageiro do que como uma mudança de rota.

Foram os casos:

1. Das vendas de hiper e supermercados, alimentos, bebidas e fumo, cujo declínio de 2,3% no primeiro trimestre de 2016 mais do que compensou a alta de 0,4% no trimestre anterior, aproximando-se de -2,2% do terceiro trimestre de 2015.
 
2. Das vendas de móveis e eletrodomésticos, cuja queda expressiva de 6,2% também mais do que compensou o crescimento de 0,3% do quarto trimestre de 2015. Voltamos, de fato, a ver um resultado que retoma aqueles dos três primeiros trimestres do ano passado: -6,0%, -7,0% e -4,8%, respectivamente.
 
3. O mesmo ocorre para as vendas de tecidos, vestuário e calçados: redução de -5,1% no primeiro trimestre de 2016, contra -1,1% no quarto trimestre de 2015 e -4,3% e -4,1% nos dois trimestres anteriores, respectivamente.
 
4. Idem para livros, jornais, revistas e papelaria, cujas vendas caíram 4,4% neste início de 2016.

Há também indicações de trajetórias positivas ganhado força, como em:

1. Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos, com vendas crescendo 2,0% e 1,0% no último trimestre de 2015 e no primeiro de 2016.
 
2. O quadro também perece estar melhorando em segmentos que já sofreram longos períodos de perdas importantes. É o caso de equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação, cujo desempenho trimestral do segundo trimestre de 2015 ao primeiro trimestre de 2016 foi o seguinte: -11,8%, -6,5%, -2,6% e +0,5%.
 
3. O mesmo vale para as vendas de veículos, motos, partes e peças, que depois de cair 10,5% no primeiro trimestre de 2015, reduz suas perdas para algo como 5% nos demais trimestres do ano para voltar a crescer 1,0% no trimestre findo em março de 2016.

Já os que estão “menos ruins” nesse início de ano no varejo brasileiro incluem combustíveis e lubrificantes e materiais de construção, ambos com retrações menores em suas vendas. Os resultados no quarto trimestre de 2015 e no primeiro de 2016 foram, respectivamente, de -3,9% e -2,6% no primeiro caso, e de -3,7% e -1,4%, no segundo caso.
  

 
Resultados Gerais. Segundo dados divulgados pelo IBGE, o volume de vendas do comércio varejista em março, com dados ajustados sazonalmente, recuou 0,9%. No confronto com o mesmo mês de 2015, o volume de vendas apresentou recuo de 5,7%. No acumulado do primeiro trimestre de 2016, frente mesmo período do ano anterior, a variação das vendas varejistas foi negativa em 7,0%. A variação acumulada nos últimos 12 meses chegou a -5,8%.

Setores. Em março, apenas duas das dez atividades pesquisadas obtiveram resultados positivos para o volume de vendas com ajuste sazonal (indicador mês/mês). Os resultados negativos foram: hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-1,7%), móveis e eletrodomésticos (-1,1%), combustíveis e lubrificantes (-1,2%), tecidos, vestuário e calçados (-3,6%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-2,5%), livros, jornais, revistas e papelaria (-1,1%), veículos e motos, partes e peças (-0,5%) e material de construção (-0,3%). Por outro lado, as atividades que mostraram aumento do volume de vendas entre fevereiro e março foram: equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (6,1%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (0,7%).

Na comparação março 16/março 15, apenas a atividade de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos, foi a única a registrar variação positiva, com alta de 2,0%. As demais atividades apresentaram o seguinte desempenho: móveis e eletrodomésticos (-13,8%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-11,9%); tecidos, vestuário e calçados(-14,1%), combustíveis e lubrificantes (-10,1%); hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-1,2%); equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-8,9%); livros, jornais, revistas e papelaria (-16,2%), veículos e motos, partes e peças (-11,1%) e material de construção (-14,6%).

No acumulado entre janeiro e março em comparação ao mesmo período de 2015, quase todos os setores registraram taxas de variação negativa, com exceção de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (2,4%). Os resultados negativos foram: veículos e motos, partes e peças (-13,5%), móveis e eletrodomésticos (-12,2%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-14,9%); material de construção (-14,7%), tecidos, vestuário e calçados (-12,9%), %); livros, jornais, revistas e papelaria (-16,8%), combustíveis e lubrificantes (-9,5%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-12,8%) e supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-2,8%).

Regiões. A partir dos dados de volume de vendas com ajuste sazonal, na comparação de março de 2016 com fevereiro do mesmo ano, verificou-se resultados negativos em 26 das 27 unidades da federação assinalaram recuo com destaque para o Acre (-6,9%); Espírito Santo (-5,2%); Amapá (-5,0%) e Rondônia (-4,8%). A única taxa positiva foi registrada em Sergipe (0,7%).

Na comparação com mesmo mês de 2015, 26 das 27 unidades da federação registraram queda, com destaque para os maiores recuos: Amapá (-22,1%), Acre (-16,7%), Bahia (-12,3%), Pará (-11,9%). Quanto às maiores participações negativas na composição da taxa do varejo, destacaram-se, pela ordem: São Paulo (-4,7%), seguido por Rio de Janeiro, com -4,5%.

 

 

 

 

 

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