10 de maio de 2016

Indústria Regional
A melhora nos centros industriais


   

 
O início de 2016 vem se mostrando um período em que a indústria busca seu “fundo do poço”. Tanto em janeiro (+0,4%) como em março (+1,4%) houve crescimento da produção frente ao mês anterior, com ajuste sazonal. A boa notícia em março é que a alta não só foi mais intensa, como mais disseminada, atingindo 10 das 14 localidades pesquisadas pelo IBGE. Em janeiro apenas 8 delas tinham crescido.

O desempenho no primeiro trimestre como um todo, frente ao último trimestre de 2015, com ajuste sazonal, também foi melhor para a grande maioria das regiões. Algumas delas continuaram no campo negativo, mas suas quedas tornaram-se menores. Para outras, ao menos na margem, 2016 tem significado recuperação. Vejamos como têm se saído os principais centros industriais do país.

São Paulo, que detém o maior e mais diversificado parque industrial, tem conseguido reduzir suas perdas desde o segundo trimestre de 2015. A trajetória ainda é insuficiente porque as retrações persistem, mas são cada vez menos intensas. Em relação ao trimestre imediatamente anterior, com ajuste sazonal, sua produção caiu 5,2% no segundo trimestre, recuando para -3,8% e -3,7% nos dois últimos trimestres de 2015, para atingir um índice muito inferior, embora ainda negativo, qual seja, -1,8% neste início de 2016.

No Rio de Janeiro, o primeiro trimestre de 2016 significou a reversão da trajetória de piora do ritmo de produção, para a qual contribuiu fatores pontuais como a greve de petroleiros no final do ano passado. Entre o segundo e o quarto trimestre de 2015, sempre com ajuste sazonal, os resultados foram de: -0,8%, -4,0% e -5,5%, respectivamente. Em 2016, a produção continua caindo, mas muito menos: -1,6% no primeiro trimestre.

Minas Gerais, por sua vez, segue na mesma direção. Seu último trimestre de 2015 foi muito ruim devido ao desastre de Mariana, chegando a -5,0% frente ao trimestre anterior com ajuste. No início de 2016, esse fator continua operando em alguma medida, mas mesmo assim seu patamar de queda recuou um pouco, para -3,1%.

Se nos casos acima a situação desse início de ano é de um quadro “menos ruim”, no Rio Grande do Sul pode ser constatada uma recuperação na margem. As retrações de 2015 deram lugar a um crescimento de 2,7% no primeiro trimestre de 2016, frente ao último de 2015. Os demais estados do sul do país também experimentaram melhora, com Paraná voltando ao terreno positivo (+0,8%) e Santa Catarina caminhando para ele (-0,6%).

Por fim, no Nordeste o desempenho da indústria também foi menos desfavorável no primeiro trimestre de 2016 (-0,7%) frente ao trimestre anterior, mas sua trajetória tem sido mais errática (-0,5%, +1,1%, -4,3% entre o segundo e o quarto trimestre de 2015), em função de fatores específicos em cada uma das localidades que compõem a região.

Seria muito bem-vindo que esse movimento se mantivesse nos próximos meses, significando um momento de transição para a tão esperada recuperação da indústria brasileira.
  

 
Resultados Gerais. De acordo com os dados divulgados pela Pesquisa Industrial Mensal – Regional do IBGE, entre fevereiro e março de 2016, a produção industrial, com ajuste sazonal, elevou-se em 10 dos 14 locais pesquisados, com destaque para os avanços mais acentuados registrados por Amazonas (22,2%), Bahia (8,1%), Região Nordeste (4,1%), Santa Catarina (3,8%), Paraná (2,8%), Ceará (2,6%), Rio de Janeiro (2,2%) e São Paulo (1,5%). Minas Gerais (0,9%) e Pernambuco (0,4%) também assinalaram variação positiva, porém abaixo da média nacional (1,4%). Por outro lado, Goiás (-4,3%), Pará (-3,2%) Espírito Santo (-1,7%) e Rio Grande do Sul (-1,3%) foram os recuos do mês de março de 2016.

Na base de comparação mês contra mesmo mês do ano anterior, 13 dos 15 locais pesquisados assinalaram queda da produção industrial. Os recuos mais intensos foram registrados por Pernambuco (-24,4%) e Espírito Santo (-22,2%), seguidos por Goiás (-14,3%), São Paulo (-12,5%) Rio de Janeiro (-11,0%), Rio Grande do Sul (-10,6%), Amazonas (-10,2%), Minas Gerais (-9,4%), Santa Catarina (-8,3%), Bahia (-7,2%), região Nordeste (-7,0%), Paraná (-6,0%) e Ceará (-5,9%). Por outro lado, Pará (7,3%) e Mato Grosso (4,0%) registraram avanço em março de 2016.

A produção industrial acumulada entre janeiro e março de 2016 apresentou recuo em doze das quinze localidades, sendo que cinco delas recuaram com intensidade superior à média nacional (-11,7%): Pernambuco (-27,0%), Espírito Santo (-22,4%), Amazonas (-22,1%), São Paulo (-13,6%) e Minas Gerais (-13,2%). Goiás (-10,2%), Rio de Janeiro (-10,0%), Santa Catarina (-8,7%), Paraná (-8,7%), Ceará (-8,6%), Rio Grande do Sul (-6,6%) e região Nordeste (-4,4%) também apresentaram resultados negativos. Por outro lado, Pará (10,8%), Mato Grosso (6,6%) e Bahia (3,8%) assinalaram os avanços no índice acumulado no primeiro trimestre do ano.

São Paulo. A partir de dados livres de efeitos sazonais, observa-se que a indústria paulista, na passagem de fevereiro para março, registrou alta de 1,5%. Na comparação de março de 2016 contra igual mês de 2015, houve contração de 12,5%, devido à retração de 15 dos 18 setores pesquisados. Nesta última comparação os destaques negativamente foram: veículos automotores, reboques e carrocerias (-23,7%), coque, produtos derivados de petróleo e biocombustíveis (-19,5%), produtos de metal (-25,3%), produtos de borracha e de material plástico (-18,7%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-33,0%), máquinas e equipamentos (-10,8%), de metalurgia (-21,5%) e produtos de minerais não-metálicos (-10,9%). A principal contribuição positiva nesta comparação foi de produtos alimentícios (8,3%). No acumulado dos três primeiros meses do ano, a queda foi de 13,6% devido a influência dos setores produtores de veículos automotores, reboques e carrocerias (-28,2%) de coque, produtos derivados de petróleo e biocombustíveis (-14,5%), de máquinas e equipamentos (-19,4%), de produtos de metal (-24,6%), de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-35,3%), de produtos de borracha e de material plástico (-17,0%), de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-15,1%), de produtos de minerais não-metálicos (-13,1%) e de metalurgia (-15,0%). Por outro lado, os impactos positivos mais importantes foram assinalados pelos setores de produtos alimentícios (5,4%) e de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (6,5%).

Minas Gerais. Frente a fevereiro deste ano, a produção industrial mineira cresceu 0,7% (para dados dessazonalizados). Porém, em comparação a março de 2015, a variação foi negativa em 9,4%, com 10 das 14 atividades pesquisadas mostrando queda na produção, ainda fortemente influenciada pelo rompimento da barragem em Mariana (MG). A maior variação positiva nesta base de comparação ficou a cargo dos produtos de fumo (33,7%), seguido de produtos alimentícios (5,8%), impulsionados pelos itens açúcar VHP, produtos derivados da extração de óleo de soja e carnes, outros produtos químicos (2,0%) e celulose, papel e produtos de papel (0,9%). Dentre os setores que apresentaram retração, estão máquinas e equipamentos (32,4%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-20,8%), produtos têxteis (20,2%), indústrias extrativas (18,8%), produtos de metal (-17,0%), produtos minerais não-metálicos (-9,3%), metalurgia (-6,5%), bebidas (-1,8%) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-0,3%).

 

 

 

 

 

 

 

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