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A evolução do investimento, refletida na produção
de bens de capital dos últimos meses, pode ter encontrado
seu fundo do poço nesse início de 2016. É
verdade que o poço é muito profundo e que a situação
pode piorar se a crise política e econômica se aprofundar,
mas o ritmo da produção dos bens de investimento
tem ajudado a arrefecer a retração da indústria
como um todo.
Em março,
segundo os dados divulgados hoje pelo IBGE, a produção
industrial cresceu 1,4% frente a fevereiro, com ajuste sazonal.
No primeiro trimestre de 2016, frente ao mesmo período
do ano anterior, o resultado da indústria foi de -11,7%,
muito próximo daquele do último trimestre de 2015
(-11,9%).
Em boa medida
isso se deve ao desempenho obtido pela produção
de bens de capital. Na série com ajuste sazonal, as variações
em relação ao mês imediatamente anterior têm
sido positivas em 2016, o que é bastante significativo.
Melhor ainda porque tem havido aceleração: +0,3%
em janeiro, +0,5% em fevereiro e +2,2% em março.
Em relação
ao mesmo período do ano anterior, as quedas continuam graves
mas recuaram para um patamar inferior a 30%. Depois dos resultados
de -30,5% e -31,9% nos dois últimos trimestres de 2015,
os bens de capital caíram 28,9% no primeiro trimestre de
2016 (-24,5% em março).
Bens de consumo
semi e não duráveis é outro segmento que
teve um início de ano menos ruim. Suas quedas continuaram
se reduzindo: -7,9% e -6,5% no terceiro e quarto trimestres de
2015 e -4,5% no primeiro de 2016. Ajudaram para isso alimentos,
confecções, couros e calçados e medicamentos,
possivelmente devido ao câmbio mais competitivo.
Quem continua
não apresentando sinais de qualquer arrefecimento da queda
é a produção de bens de consumo duráveis,
cujo mercado sofre com a contração do crédito
e com a fraca confiança das famílias. Seu resultado
de -27,3% no primeiro trimestre de 2016 repetiu aquele do último
trimestre de 2015 (-27,9%).
Por fim, ao
lado da indústria extrativa, os bens intermediários
puxaram para baixo a produção industrial no início
de 2016 ao seguir sua tendência de piora progressiva: -5,7%
e -9,6% nos dois últimos trimestres de 2015 e -10,3% no
trimestre findo em mar/16. O setor extrativo, por sua vez, duplicou
seu patamar de queda nesse início do ano (-15,3% contra
-7,4% do quarto trimestre de 2015).
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Resultados Gerais. Segundo dados divulgados pelo IBGE,
a produção industrial de março registrou variação
positiva de 1,4% frente a fevereiro na série livre de influências
sazonais, após recuar 2,7% no mês anterior. Na comparação
com março de 2015 a indústria assinalou queda de 11,4%.
Dessa forma, a indústria acumulou decréscimo de 11,7% no
primeiro trimestre do ano em comparação ao mesmo período
de 2015. O indicador acumulado dos últimos doze meses frente a
igual período imediatamente anterior apresentou variação
negativa de 9,7%.
Categorias
de Uso. Entre as categorias de uso na comparação
com o mês imediatamente anterior, o setor produtor de bens de capital
(2,2%) registrou a maior expansão em março de 2016. Os setores
produtores de bens de consumo semi e não-duráveis (0,9%),
de bens de consumo duráveis (0,3%) e de bens intermediários
(0,1%) também ampliaram a produção nesse mês,
mas com intensidade menor do que a média nacional (1,4%).
Os índices
por categorias de uso na comparação com igual mês
do ano anterior confirmam o predomínio de taxas negativas: bens
de capital (-24,5%), bens de consumo duráveis (-24,3%), bens intermediários
(-10,9%) e de bens de consumo semi e não-duráveis (-3,8%).
No acumulado do ano, novamente todas as categorias de uso registraram
índice de produção menor que em 2015: bens de capital
(-28,9%), bens de consumo duráveis (-27,3%), bens intermediários
(-10,3%) e bens de consumo semi e não-duráveis (-4,5%).
Setores. O
avanço de 1,4% da indústria entre fevereiro e março
alcançou doze dos vinte e quatro ramos pesquisados, com destaque
para os ganhos registrados por produtos alimentícios (+4,6%), máquinas
e equipamentos (8,5%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos
(8,3%), veículos automotores, reboques e carrocerias (2,7%), máquinas,
aparelhos e materiais elétricos (3,6%) e produtos de madeira (4,2%).
Por outro lado, entre os onze ramos que reduziram a produção
nesse mês, destacaram-se: coque, produtos derivados do petróleo
e biocombustíveis (-6,5%), celulose, papel e produtos de papel
(-3,1%), de indústrias extrativas (-0,9%), de metalurgia (-2,1%),
de produtos de borracha e de material plástico (-2,9%) e de móveis
(-4,6%).
Na comparação
com igual mês do ano anterior, a produção industrial
mostrou queda de 11,4%, influenciada pelos setores produtores de veículos
automotores, reboques e carrocerias (-23,8%), indústrias extrativas
(-16,6%), máquinas e equipamentos
(-17,8%), metalurgia (-14,4%), equipamentos de informática, produtos
eletrônicos e ópticos (-31,1%), produtos de metal (-19,6%),
produtos de borracha e de material plástico (-16,8%), produtos
derivados do petróleo e de biocombustíveis (-5,8%), produtos
de minerais não-metálicos (-14,3%), máquinas, aparelhos
e materiais elétricos (-17,4%), outros equipamentos de transporte
(-22,0%), produtos têxteis (-15,7%) e de móveis (-17,9%).
Por outro lado, as atividades de produtos do fumo (17,4%) e de produtos
farmoquímicos e farmacêuticos (2,7%) exerceram as principais
influências positivas nesse mês.
No índice acumulado
para os três primeiros meses de 2016, frente a igual período
do ano anterior, a queda de 11,7% da indústria brasileira foi impulsionada
pelo recuo de vinte e três dos vinte e seis ramos investigados.
Veículos automotores, reboques e carrocerias (-27,8%) e indústrias
extrativas (-15,3%) exerceram as maiores influências negativas na
formação da média da indústria, seguidos por
máquinas e equipamentos (-23,7%), de equipamentos de informática,
produtos eletrônicos e ópticos (-34,7%), de metalurgia (-13,9%),
de produtos de borracha e de material plástico (-15,7%), de máquinas,
aparelhos e materiais elétricos (-20,5%), de produtos de metal
(-17,0%), de produtos de minerais não-metálicos (-13,4%),
de outros equipamentos de transporte (-23,6%), de bebidas (-7,9%), de
produtos têxteis (-15,9%), de confecção de artigos
do vestuário e acessórios (-11,4%), de móveis (-15,7%)
e de produtos alimentícios (-1,4%). Por outro lado, as atividades
de produtos do fumo (31,3%) e de celulose, papel e produtos de papel (1,7%)
exerceram as principais influências positivas nesse mês.
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