3 de maio de 2016

Indústria
Fundo do poço do investimento?


  

 
A evolução do investimento, refletida na produção de bens de capital dos últimos meses, pode ter encontrado seu fundo do poço nesse início de 2016. É verdade que o poço é muito profundo e que a situação pode piorar se a crise política e econômica se aprofundar, mas o ritmo da produção dos bens de investimento tem ajudado a arrefecer a retração da indústria como um todo.

Em março, segundo os dados divulgados hoje pelo IBGE, a produção industrial cresceu 1,4% frente a fevereiro, com ajuste sazonal. No primeiro trimestre de 2016, frente ao mesmo período do ano anterior, o resultado da indústria foi de -11,7%, muito próximo daquele do último trimestre de 2015 (-11,9%).

Em boa medida isso se deve ao desempenho obtido pela produção de bens de capital. Na série com ajuste sazonal, as variações em relação ao mês imediatamente anterior têm sido positivas em 2016, o que é bastante significativo. Melhor ainda porque tem havido aceleração: +0,3% em janeiro, +0,5% em fevereiro e +2,2% em março.

Em relação ao mesmo período do ano anterior, as quedas continuam graves mas recuaram para um patamar inferior a 30%. Depois dos resultados de -30,5% e -31,9% nos dois últimos trimestres de 2015, os bens de capital caíram 28,9% no primeiro trimestre de 2016 (-24,5% em março).

Bens de consumo semi e não duráveis é outro segmento que teve um início de ano menos ruim. Suas quedas continuaram se reduzindo: -7,9% e -6,5% no terceiro e quarto trimestres de 2015 e -4,5% no primeiro de 2016. Ajudaram para isso alimentos, confecções, couros e calçados e medicamentos, possivelmente devido ao câmbio mais competitivo.

Quem continua não apresentando sinais de qualquer arrefecimento da queda é a produção de bens de consumo duráveis, cujo mercado sofre com a contração do crédito e com a fraca confiança das famílias. Seu resultado de -27,3% no primeiro trimestre de 2016 repetiu aquele do último trimestre de 2015 (-27,9%).

Por fim, ao lado da indústria extrativa, os bens intermediários puxaram para baixo a produção industrial no início de 2016 ao seguir sua tendência de piora progressiva: -5,7% e -9,6% nos dois últimos trimestres de 2015 e -10,3% no trimestre findo em mar/16. O setor extrativo, por sua vez, duplicou seu patamar de queda nesse início do ano (-15,3% contra -7,4% do quarto trimestre de 2015).
   

 
Resultados Gerais. Segundo dados divulgados pelo IBGE, a produção industrial de março registrou variação positiva de 1,4% frente a fevereiro na série livre de influências sazonais, após recuar 2,7% no mês anterior. Na comparação com março de 2015 a indústria assinalou queda de 11,4%. Dessa forma, a indústria acumulou decréscimo de 11,7% no primeiro trimestre do ano em comparação ao mesmo período de 2015. O indicador acumulado dos últimos doze meses frente a igual período imediatamente anterior apresentou variação negativa de 9,7%.

Categorias de Uso. Entre as categorias de uso na comparação com o mês imediatamente anterior, o setor produtor de bens de capital (2,2%) registrou a maior expansão em março de 2016. Os setores produtores de bens de consumo semi e não-duráveis (0,9%), de bens de consumo duráveis (0,3%) e de bens intermediários (0,1%) também ampliaram a produção nesse mês, mas com intensidade menor do que a média nacional (1,4%).

Os índices por categorias de uso na comparação com igual mês do ano anterior confirmam o predomínio de taxas negativas: bens de capital (-24,5%), bens de consumo duráveis (-24,3%), bens intermediários (-10,9%) e de bens de consumo semi e não-duráveis (-3,8%).
No acumulado do ano, novamente todas as categorias de uso registraram índice de produção menor que em 2015: bens de capital (-28,9%), bens de consumo duráveis (-27,3%), bens intermediários (-10,3%) e bens de consumo semi e não-duráveis (-4,5%).

Setores. O avanço de 1,4% da indústria entre fevereiro e março alcançou doze dos vinte e quatro ramos pesquisados, com destaque para os ganhos registrados por produtos alimentícios (+4,6%), máquinas e equipamentos (8,5%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (8,3%), veículos automotores, reboques e carrocerias (2,7%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (3,6%) e produtos de madeira (4,2%). Por outro lado, entre os onze ramos que reduziram a produção nesse mês, destacaram-se: coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-6,5%), celulose, papel e produtos de papel (-3,1%), de indústrias extrativas (-0,9%), de metalurgia (-2,1%), de produtos de borracha e de material plástico (-2,9%) e de móveis (-4,6%).

Na comparação com igual mês do ano anterior, a produção industrial mostrou queda de 11,4%, influenciada pelos setores produtores de veículos automotores, reboques e carrocerias (-23,8%), indústrias extrativas (-16,6%), máquinas e equipamentos
(-17,8%), metalurgia (-14,4%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-31,1%), produtos de metal (-19,6%), produtos de borracha e de material plástico (-16,8%), produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (-5,8%), produtos de minerais não-metálicos (-14,3%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-17,4%), outros equipamentos de transporte (-22,0%), produtos têxteis (-15,7%) e de móveis (-17,9%). Por outro lado, as atividades de produtos do fumo (17,4%) e de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (2,7%) exerceram as principais influências positivas nesse mês.

No índice acumulado para os três primeiros meses de 2016, frente a igual período do ano anterior, a queda de 11,7% da indústria brasileira foi impulsionada pelo recuo de vinte e três dos vinte e seis ramos investigados. Veículos automotores, reboques e carrocerias (-27,8%) e indústrias extrativas (-15,3%) exerceram as maiores influências negativas na formação da média da indústria, seguidos por máquinas e equipamentos (-23,7%), de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-34,7%), de metalurgia (-13,9%), de produtos de borracha e de material plástico (-15,7%), de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-20,5%), de produtos de metal (-17,0%), de produtos de minerais não-metálicos (-13,4%), de outros equipamentos de transporte (-23,6%), de bebidas (-7,9%), de produtos têxteis (-15,9%), de confecção de artigos do vestuário e acessórios (-11,4%), de móveis (-15,7%) e de produtos alimentícios (-1,4%). Por outro lado, as atividades de produtos do fumo (31,3%) e de celulose, papel e produtos de papel (1,7%) exerceram as principais influências positivas nesse mês.

 

 

 

 

 

 

 

 

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