2 de maio de 2016

Balança Comercial
Risco cambial


   

 
Esse início de ano tem sido marcado por forte volatilidade e valorização da taxa de câmbio, em razão de fatores externos, mas também em reação à conjuntura política que estamos vivendo. O risco que se corre é que isso venha a abortar o processo de reativação das exportações brasileiras que finalmente parece ganhar velocidade.

O superávit da balança comercial em abril de 2016, segundo dos dados do Mdic, atingiu US$ 4,8 bilhões, recorde histórico para um mês de abril desde o início da série em 1989. No ano, o saldo já chega a US$ 13,2 bilhões. Muito disso, é verdade, continua sendo resultado da recessão, que tem levado a intensa retração das importações: -28,3% só em abril e -32,2% no acumulado do ano.

Mas os dados também mostram claramente que da desvalorização cambial do ano passado tem surtido efeito nas exportações. Frente ao mesmo mês do ano anterior, as exportações cresceram 1,4% em abril, chegando a US$ 15,4 bilhões. No acumulado do ano o desempenho ainda é negativo (-3,4%), mas as quedas têm sido cada vez menores.

A média por dia útil das exportações no acumulado entre os meses de janeiro e abril ilustra bem essa trajetória. A contração de 16,4% no acumulado nesse período em 2015 dá lugar a um declínio 3,4% em 2016, devido à evolução tanto de bens básicos como de bens manufaturados.

No caso dos primeiros, a retração das médias diárias das exportações no acumulado até abril saiu de -23,6% para -3,0% entre 2015 e 2016, devido sobretudo ao aumento das vendas externas de grãos (milho e soja), algodão e carnes.

A boa notícia mesmo é a redução do patamar de queda das exportações diárias de manufaturados de -11,3% para -1,8% no acumulado até abril em 2015 e em 2016, estimulada pelas maiores vendas externas de veículos (de passageiros e de carga), aviões, etanol e produtos de metal, entre outros.

É notória a transição das as exportações de manufaturados para o campo positivo. A média das exportações diárias no trimestre findo em abril já atinge +0,2% frente ao mesmo período do ano anterior, depois de contrações expressivas como em setembro de 2015 (-15,6%).

A exportação de manufaturados tem tudo para apresentar um desempenho positivo ao longo de 2016, mas a condição disso é que a taxa de câmbio permaneça competitiva. Diante da situação crítica que vive a indústria nacional isso seria mais do que bem-vindo.
  

  
De acordo com dados divulgados pelo MDIC, o saldo da balança comercial brasileira em março atingiu R$ 4,861 bilhões frente a um saldo de 490 milhões no mesmo mês do ano passado. As exportações alcançaram R$ $ 15,374 bilhões, o que representa uma elevação no valor de 1,4%, frente ao mesmo mês do ano passado. As importações, por sua vez, somaram R$ 10,513 bilhões, valor 28,3%, menor que o de abril do último ano.

Observa-se que para o acumulado do ano, o saldo comercial apresentou superávit de US$ 13,249 bilhões. Para o mesmo período de 2015 a balança comercial apresentou déficit de US$ 5,059 bilhões. As exportações, para o mesmo período apresentaram valor de US$ 55,948 bilhões, queda de 3,4% frente a 2015. Quanto as importações vemos que estas somaram US$ 42,699 bilhões, declínio de 32,2% sobre igual período de 2015.

No mês, a média diária (medida por dia útil) das exportações foi de US$ 768,7 milhões, 1,4% superior ao mesmo mês do ano passado, quando atingiu US$ 758milhões. A média diária das importações apresentou variação negativa, de -28,3%, registrando US$ 525,7 milhões, frente a US$ 733,0 milhões do mesmo mês do ano passado. A média diária do saldo comercial no mês foi de US$ 243,1 milhões, 892,1% maior que o do último mês de abril, de US$ 24,5 milhões.

Exportações por Fator Agregado. As exportações em abril atingiram US$ 15.378 bilhões. Deste valor, US$ 7,739 bilhões (50,3%) corresponderam a exportação de produtos básicos, US$ 1,837 bilhões (35,3%) a produtos semimanufaturados, US$ 5,433 bilhões (2,4%%) a produtos manufaturados.

Em relação ao mês de abril de 2015, a média diária das exportações teve elevação de 1,5% As principais variações vieram de operações especiais (-5,9%), semimanufaturados (216,4%), manufaturados (-93,4%) e básicos (2,5%).

Destaques Exportações. No grupo dos básicos na comparação com abril de 2015 temos as seguintes variações: milho em grão (81,4%), soja em grão (39,4%), carne suína (16,9%), carne de frango (10,5%).

Para os manufaturados, os destaques são os seguintes: torneiras/válvulas (221,2%), automóveis de passageiros (67,6%), tubos flexíveis de ferro/aço (59,1%), suco de laranja congelado (58,2%), motores e geradores elétricos (-27,3%), autopeças (-26,5%), óxidos e hidróxidos de alumínio (-24,2%), motores para veículos e partes (-23,1%), aviões (-23,0%).

Para os semimanufaturados, quando comparado com abril do ano passado, temos as seguintes variações: catodos de cobre (370,3%), açúcar em bruto (78,3%), ouro em forma semimanufaturada (67,5%).

Importações por Categoria de Uso. As importações totais em janeiro somaram US$ 10.513bilhões, dos quais US$ 1.317bilhão (12,5%) referentes ao grupo de bens de capital, US$ 6.504 bilhões (61,9%) a bens intermediários, US$ 1.613 bilhão a bens de consumo (15%) e US$ 1.074 bilhão a combustíveis e lubrificantes.

Na comparação com o mês de abril de 2015, a média diária de importação caiu 28,3%, com queda em todos os segmentos. A maior variação negativa ficou por conta de bens de capital (-62,7%), seguido por bens de consumo (-38,7%), combustíveis e lubrificantes (-38,3%), bens intermediários (-3,8%).

Destaques Importações. Para bens de capital, houve queda dos seguintes itens: equipamentos de transporte industrial e bens de capital, exceto equipamentos de transporte industrial.

No segmento bens de consumo, as principais quedas foram observadas nas importações de bens de consumo duráveis e bens de consumo semiduráveis e não duráveis.

No segmento de bens intermediários decresceram as aquisições de peças e acessórios para bens de capital, insumos industriais elaborados e alimentos e bebidas elaboradas, destinados principalmente à indústria.

No grupo dos combustíveis e lubrificantes, a queda decore da diminuição dos preços de petróleo bruto, óleo diesel, gás natural, carvão, gasolina, querosene e óleos combustíveis.

 

 

 

 

 

Leia outras edições de Análise IEDI na seção Economia e Indústria do site do IEDI


Leia no site do IEDI: O Cúmulo da Cumulatividade Tributária - Estudo sobre a cumulatividade de impostos no Brasil, um problema que aparece quando os tributos pagos na compra de bens e serviços necessários à produção não são recuperados pelo produtor quando completa a produção e o produto é vendido.