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Empregar e desempregar envolvem custos importantes para os empresários,
sendo esta uma das principais razões por que estes relutam
em contratar ou demitir funcionários diante das oscilações
de seus mercados. Não há dúvidas de que as
perspectivas de produção e de venda é que
regulam as decisões de empregar, porém os empresários
preferem antes de aumentar ou diminuir seus efetivos terem maior
certeza do que estão fazendo, optando por ampliar ou reduzir
as horas trabalhadas.
Em outras
palavras, é preciso, se convencer de que o nível
de produção esperado veio para ficar antes de tomar
decisões sobre o número de mão de obra empregada.
Os empresários evitam, assim, custos adicionais derivados
da flutuação da produção e do emprego.
A reação
empresarial sobre o emprego aparece, então, com alguma
defasagem em relação à deterioração
de sua confiança e às decisões de corte na
produção. O quadro do desemprego brasileiro refletido
nos últimos dados da Pnad Contínua reflete a piora
da economia nos últimos meses. A taxa de desemprego atingiu
10,9% no primeiro trimestre de 2016.
O contingente
de desempregados alcançou nesse trimestre a 11,1 milhões
de pessoas, um acréscimo de 3,1 milhões de indivíduos
frente ao primeiro trimestre de 2015. Dois fatores levaram a esse
aumento.
Primeiro:
a adição de 1,7 milhão de pessoas à
força de trabalho, resultado em grande medida das estratégias
familiares de recomposição de seus orçamentos,
levando a um maior número de membros das famílias
em busca de colocação no mercado de trabalho.
Segundo: frente
ao mesmo período do ano passado, 1,4 milhão de indivíduos
perderam sua ocupação neste primeiro trimestre de
2016. Daí a situação dramática do
emprego no país.
Devido a defasagem
já mencionada entre produção e emprego, a
queda da população ocupada no país começou
a se apresentar apenas na segunda metade de 2015. Desde então,
tem assumido uma trajetória devastadora. Frente ao mesmo
período do ano anterior, as quedas foram de 179 mil e 630
mil, nos dois últimos trimestres de 2015, e agora, como
vimos, 1,4 milhão, partindo de valores positivos nos dois
primeiros trimestres de 2015 (+771 mil e +159 mil).
Sabemos que
a liderança desse processo é da indústria,
que atravessa uma crise sem precedentes. Suas demissões
líquidas somaram 1,5 milhão de pessoas em comparação
com o mesmo período de 2015. Também despontam o
setor de serviços (informação, comunicação,
atividades financeiras e imobiliárias) e a agropecuária
com cortes de postos de trabalho de 656 mil e 108 mil indivíduos,
respectivamente.
Se os dados
acima mostram com clareza o dramático quadro do desemprego
em vigor no país, pior ainda é que este quadro não
dá sinais de mudança. A despeito de os setores de
varejo, de serviços e a própria indústria
registrarem índices nos últimos meses de relativa
moderação do ritmo de piora em seu nível
de atividade.
Nessas condições,
o rendimento médio real das pessoas ocupadas tem agravado
sua retração. De fato, o rendimento médio
real de todos os trabalhos habitualmente recebidos, que passaram
a cair no último trimestre de 2015 (-2,6%), aprofundou
seu declínio na entrada de 2016 (-3,2% frente ao mesmo
período do ano anterior).
Maior desemprego
e redução do rendimento só poderiam implicar
em contração da massa salarial, esta que é
base do consumo popular no país. O recuo real da massa
atingiu 4,1% nos três primeiros meses de 2016.
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De acordo com dados da PNAD Contínua divulgados hoje pelo IBGE,
a taxa de desocupação atingiu 10,9% no trimestre encerrado
em março de 2016, 3,0 p.p. maior que a taxa observada no mesmo
trimestre findo em março do ano passado (7,9%). No trimestre móvel
anterior sem sobreposição (outubro a dezembro de 2015) a
taxa foi de 9,0%.
O rendimento real
médio de todos os trabalhos habitualmente recebidos foi de R$ 1.966,00,
o que representou expansão de 0,3% frente ao trimestre anterior
sem sobreposição e uma redução de 3,2% frente
ao mesmo trimestre de referência do ano anterior. Já o rendimento
real médio do trabalho principal habitualmente recebido alcançou
R$ 1.914,00, que responde por um aumento de 0,3% frente ao trimestre anterior
sem sobreposição e retração de 3,1% frente
ao mesmo trimestre do ano anterior.
A massa de rendimentos
reais de todos os trabalhos habitualmente recebidos por mês alcançou
R$ 173,5 bilhões, variação de -1,3% frente ao trimestre
anterior sem sobreposição e 4,1% inferior ao registrado
no mesmo trimestre de 2015.
No trimestre de referência,
a população ocupada alcançou 90,6 milhões
de pessoas, o que representou redução de 1,5% frente ao
mesmo trimestre do ano anterior. Na mesma comparação, o
número de pessoas dentro da força de trabalho teve aumento
de 1,8% atingindo 101,7 milhões de pessoas e o número de
desocupados aumentou 39,8% e alcançou 11,1 milhões de pessoas.
Frente ao mesmo trimestre
de 2015, o número de pessoas ocupadas dentre as posições
de ocupação apresentou crescimento em duas categorias: trabalhador
por conta própria (6,5%) e trabalhador doméstico (3,4%).
As demais tiveram retração, com destaque para trabalho privado
sem carteira (-3,3%), setor público (-3,3%), trabalho privado com
carteira (-4,0%), empregador (-8,6%) e trabalho auxiliar familiar (-19,1%).
Dentre os setores
da economia que apresentaram maior aumento da ocupação na
comparação com o trimestre compreendido entre janeiro e
março de 2015, estão transporte, armazenagem e correios
(4,3%), serviços domésticos (4,3%), alojamento e alimentação
(4,0%), administração pública, defesa e seguridade,
educação, saúde humana e serviços sociais
(2,4%) e outros serviços (0,2%). O setor de comércio, reparação
de veículos automotores e motocicletas registrou estabilidade no
período e agricultura, pecuária, produção
florestal, pesca e aquicultura (-1,1%), construção (-1,2%),
informação, comunicação e atividades financeiras
imobiliárias, profissionais e administrativas (-6,3%) e indústria
(-11,5%).
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