7 de abril de 2016

Indústria Regional
Aguda retração no centro da indústria


   

 
Sem margem a dúvidas, a crise afeta a indústria de todas as economias regionais do país, com raríssimas exceções. Entretanto, há sinais de que o quadro está sendo menos ruim no Sul e mais desafiador no Nordeste. Já o centro do sistema industrial do país, localizado nos principais estados da região Sudeste, continua apresentando resultados bastante negativos, como mostram os dados da produção industrial divulgados hoje pelo IBGE.

Tanto em São Paulo como em Minas Gerais e no Rio de Janeiro as quedas foram bastante disseminadas em fevereiro, atingindo 64% dos setores das indústrias paulista e carioca e 77% da indústria mineira. Mas em todos eles, como veremos a seguir, as maiores contribuições negativas concentraram-se na fabricação de produtos associados à indústria automobilística, de bens de capital e metalurgia.

Em fevereiro, São Paulo continuou apresentando retração de dois dígitos frente ao mesmo mês do ano passado. A queda foi de 12,3%, superior àquela do Brasil como um todo (-9,8%). Os setores a mais influenciar esse resultado foram veículos automotores (-25,1%) e máquinas e equipamentos (-24,6%), que devido a seus efeitos encadeadores também contribuíram para a retração de outros setores, como produtos de metal (-20,9%), produtos de borracha e plástico (-16,1%) e minerais não-metálicos (-15,1%).

Tão ruim quanto foi o desempenho de -11,6% de Minas Gerais, ainda sob influência do desastre de Mariana. Mas não nos enganemos com a profundidade da crise enfrentadas por alguns dos ramos industriais nesse estado. As quedas em veículos automotores e em máquinas e equipamentos foram, respectivamente, de 37,1% e 54,1%. Estas perdas são não apenas muito grandes como reincidentes.

Já o Rio de Janeiro, à primeira vista, parece ter conseguido uma situação mais confortável em fevereiro, com uma contração de apenas 3,1% frente ao mesmo mês de 2015, depois de cinco meses seguidos de quedas de mais de 10% na mesma comparação. Infelizmente, isso está muito associado apenas à maior produção de derivados de petróleo (+8,6%). Outros setores importantes para a indústria carioca continuaram em queda profunda: metalurgia (-25,4%), veículos automotivos (-17,3%) e outros equipamentos de transporte (-64,4%).

A permanência de aguda retração nos principais setores desses três estados, devido à sua importância no parque nacional, deve continuar condicionando o resultado geral da indústria, a despeito de alguma melhora relativa que o novo patamar de taxa de câmbio possa ensejar em certos ramos industriais e em algumas localidades onde sua presença seja maior.
  

 
Resultados Gerais. Na passagem de janeiro para fevereiro de 2016, a partir de dados livres de influência sazonal, a produção industrial brasileira retraiu 2,5%. A variação negativa foi observada em 11 dos 14 locais pesquisados, com as principais variações negativas sendo registradas pelos estados da Bahia (-7,9%), Amazonas (-4,7%), Nordeste (-3,6%), Santa Catarina (-3,3%), Ceará (-2,8%), Pernambuco (-2,5%) e São Paulo (-2,1%). Dentre os que apresentaram variações positivas, estão: Pará (6,2%), Espírito Santo (5,3%) e Goiás (4,1%).

Frente ao mesmo mês do ano passado, a retração da produção industrial nacional foi de 9,8%, com 12 dos 15 locais pesquisados registrando variações negativas, os principais dos quais sendo: Pernambuco (-26,2%), Amazonas (-25,0%), Espírito Santo (-18,6%), São Paulo (-12,3%), Minas Gerais (-11,6%), Ceará (-10,4%) e Paraná (-9,0%). Os três locais que apresentaram expansão da produção industrial foram: Mato Grosso (18,1%), Pará (15,4%) e Bahia (11,0%).

No acumulado do ano, 12 dos 15 locais tiveram retração em seus índices, puxados por Amazonas (-28,0%), Pernambuco (-28,0%), Espírito Santo (-22,5%), Minas Gerais (15,2%), São Paulo (-14,2%), Paraná (-11,2%), Ceará (-10,0%), Rio de Janeiro (-9,1%) e Santa Catarina (-8,0%). As oscilações positivas foram registradas no Pará (12,8%), Bahia (10,6%) e Mato Grosso (8,1%).

São Paulo. Na comparação com mês de janeiro, a indústria paulista oscilou -2,1%. Frente a fevereiro de 2015, a retração foi de 12,3%, devido ao desempenho negativo de 13 dos 18 setores pesquisados, cujos destaques foram: equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-35,9%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-25,1%), máquinas e equipamentos (-24,6%), produtos de metal (-20,9%), máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-16,2%), produtos de borracha e de material plástico (-16,1%), minerais não-metálicos (-15,1%) e produtos têxteis (-14,1%). Dentre as variações positivas registradas pelo estado paulista, estão: produtos farmoquímicos e farmacêuticos (12,4%), produtos alimentícios (4,0%), celulose, papel e produtos de papel (2,1%), sabões, detergentes, produtos de limpeza, cosméticos, produtos de perfumaria e de higiene pessoal (1,4%) e artigos do vestuário e acessórios (0,4%).

Bahia. Frente a janeiro, a produção industrial baiana retraiu 7,9% (para dados dessazonalizados). Porém, em comparação a fevereiro de 2015, cresceu 11,0%, com 7 das 12 atividades pesquisadas mostrando avanço na produção. A maior variação positiva nesta base de comparação ficou a cargo de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (108,4%), explicada não só pela maior fabricação de óleo diesel, óleos combustíveis, naftas para petroquímica e gasolina automotiva, mas também pela baixa base de comparação, uma vez que essa atividade recuou 60,1% em fevereiro de 2015, em função de greve de funcionários ocorrida em uma importante refinaria local. Também foi observado crescimento em metalurgia (26,8%), bebidas (8,9%) e equipamentos de informática e produtos eletrônicos e ópticos (6,3%). Registraram desempenho negativo, por sua vez, os setores de veículos automotores, reboques e carrocerias (-60,2%), indústrias extrativas (-18,5%), produtos de borracha e de material plástico (-9,5%), produtos minerais não-metálicos (-9,4%) e produtos alimentícios (-5,5%).

 

 

 

 

 

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