1º de abril de 2016

Balança Comercial
Efeitos do câmbio


   

 
No primeiro trimestre de 2016, a Balança Comercial acumulou superávit de US$ 8,4 bilhões, segundo os dados divulgados hoje pelo Mdic, algo bastante distinto do resultado acumulado no primeiro trimestre do ano passado (déficit de US$ 5,5 bilhões). Só o mês de março (US$ 4,4 bilhões) contribuiu com mais da metade do superávit neste início de ano.

Como já vinha sendo o caso, esse bom desempenho do saldo continuou sendo principalmente resultado da forte contração das importações. No primeiro trimestre, as compras externas do país somaram US$ 32,2 bilhões, apresentando declínio de 33,4% frente ao mesmo período de 2015. Já as exportações nesse período chegaram a US$ 40,6 bilhões, também em queda frente a 2015 (-5,1%).

A boa notícia é que o patamar de retração das exportações tem sido cada vez menor. A trajetória fica mais nítida nas variações trimestrais da média por dia útil das exportações, em relação ao mesmo período do ano anterior: -19,4%, -6,6% e -5,0% nos dois últimos trimestres de 2015 e no primeiro de 2016. Cabe lembrar ainda que no primeiro trimestre de 2015, o declínio era da ordem de 14,5%.

Ao mesmo tempo em que a evolução das exportações fica menos negativa, as importações continuam caindo expressivamente. As variações trimestrais de suas médias diárias desde o terceiro trimestre de 2015 foram as seguintes: -30,4%, -29,7% e -33,6%, sempre em relação ao mesmo período do ano anterior.

Dois são os principais fatores operando para gerar esses resultados, o quadro recessivo em que a economia brasileira ainda se encontra e o nível mais alto da taxa de câmbio.

Após meses de esforço das empresas no sentido de ampliar suas vendas externas, pode ser que estejamos vendo os primeiros sinais de dinamização das exportações, ainda que o cenário internacional continue bastante desafiador, devido à pesada concorrência e ao baixo crescimento do comercio mundial. Também é razoável que a substituição de importações de alguns produtos e insumos tenha avançado, contribuindo, assim, para os fortes recuos das importações.

Do lado das exportações, todas as categorias de produtos seguiram a redução do nível de queda desde o terceiro trimestre de 2015. No caso de produtos semimanufaturados, contudo, houve uma estabilização, com suas médias diárias recuando 7,8% tanto no último trimestre de 2015 como no primeiro de 2016.

Já no caso de manufaturados ocorreu uma piora relativa. Suas exportações médias por dia útil caíram 0,5% no quarto trimestre de 2015, frente ao mesmo período do ano anterior, e 1,8% neste primeiro trimestre de 2016. Por mais que esse resultado seja decepcionante para a indústria, ainda traz alguma melhora, já que no trimestre findo em setembro de 2015 a retração tinha chegado a 15,6%.

Quem permaneceu reduzindo perdas neste início de ano foram os produtos básicos, cuja média diária de exportações saiu de uma queda de 22,6% no terceiro trimestre de 2015 para -10,4% no trimestre seguinte e -5,4% e no primeiro de 2016.

Do lado das importações, as variações mantiveram as mesmas magnitudes entre o quarto trimestre de 2015 e o primeiro de 2016. No caso de bens de capital, a média diária de importações caiu 28,2% e 26,8%, respectivamente. Já no caso de bens de consumo, essas variações foram de -29,3% e -26,8%.

São as importações de produtos intermediários que parecem seguir mais claramente um declínio das médias por dia útil: -25,5%, -27,8% e -32,1% nos trimestres findos em set/15, dez/15 e mar/16.
  

  
De acordo com dados divulgados pelo MDIC, o saldo da balança comercial brasileira em março atingiu R$ 4,435 bilhões frente a um saldo de 459,0 milhões no mesmo mês do ano passado. As exportações alcançaram R$ 15,994 bilhões, valor 5,8% menor que o registrado no mesmo mês do ano passado (R$ 16,979 bilhões). As importações, por sua vez, somaram R$ 11,559 bilhões, valor 30,0% menor que o de março de 2015 (R$ 16,520 bilhões).

No mês, a média diária (medida por dia útil) das exportações foi de US$ 727,0 milhões, 5,8% inferior ao mesmo mês do ano passado, quando atingiu US$ 771,8 milhões. A média diária das importações apresentou variação negativa maior, de -30,0%, registrando US$ 525,4 milhões, frente a US$ 750,9 milhões do mesmo mês do ano passado. A média diária do saldo comercial no mês foi de US$ 201,6 milhões, 866,2% maior que o do último mês de março, de US$-20,9 milhões.

Exportações por Fator Agregado. As exportações em março atingiram US$ 15,994 bilhões. Deste valor, US$ 7,387 bilhões (46,2%) corresponderam a exportação de produtos básicos, US$ 2,213 bilhões (13,2%) a produtos semimanufaturados, US$ 6,170 bilhões (38,6%) a produtos manufaturados. Em relação ao mês de março de 2015, a média diária das exportações teve retração de 5,8%. As principais variações vieram de operações especiais (-29,6%), semimanufaturados (-14,1%), manufaturados (-5,6%) e básicos (-1,8%).

No acumulado janeiro-março de 2016, registraram retração, em relação a igual período de 2014, os produtos: semimanufaturados (-8,5%, para US$ 6,249 bilhões), básicos (-5,4%, para US$ 17,384 bilhões) e manufaturados (-1,9%, para US$ 16,049 bilhões).

As exportações de produtos básicos sofreram impactos advindo as vendas externas dos seguintes produtos de: minério de ferro (-45,0%), petróleo em bruto (-32,4%), café em grão (-25,2%), fumo em folhas (-11,1%), farelo de soja (-6,4%), carne de frango (-4,9%) e minério de cobre (-4,7%). Em sentido oposto, cresceram as vendas de milho em grão (+110,7%), algodão em bruto (+55,8%), soja em grão (+46,1%), carne suína (+25,0%) e carne bovina (+11,4%).

Já nos produtos semimanufaturados, as maiores quedas ocorreram nas vendas de: semimanufaturados de ferro/aço (-36,2%), óleo de soja em bruto (-21,8%), ferro-ligas (-17,9%), alumínio em bruto (-17,7%), couros e peles (-15,6%), açúcar em bruto (-3,4%). Por outro lado, cresceram catodos de cobre (+47,6%), madeira serrada (+15,1%), celulose (+13,4%) e ouro em forma semimanufaturada (+0,6%).

No grupo dos manufaturados, ocorreu retração principalmente de: motores para veículos e partes (-23,3%), autopeças (-21,5%), motores e geradores elétricos (-20,6%), suco de laranja congelado (-18,7%), açúcar refinado (-14,7%), óxidos e hidróxidos de alumínio (-11,4%), laminados planos (-11,3%), papel e cartão (-4,4%), máquinas para terraplanagem (-3,7%). Por outro, cresceram tubos flexíveis de ferro/aço (+66,8%), etanol (+62,9%), automóveis de passageiros (+56,1%), aviões (+31,5%), polímeros plásticos (+30,7%), veículos de carga (+20,4%), suco de laranja não congelado (+17,8%) e pneumáticos (+6,4%).

Importações por Categoria de Uso. As importações totais em janeiro somaram US$ 11,559 bilhões, dos quais US$ 1,517 bilhão (13,1%) referentes ao grupo de bens de capital, US$ 6,996 bilhões (60,5%) a bens intermediários, US$ 1,920 bilhão a bens de consumo (16,6%) e US$ 1,122 bilhão a combustíveis e lubrificantes.

Na comparação com o mês de março de 2015, a média diária de importação caiu 30,0%, com queda em todos os segmentos. A maior variação negativa ficou por conta de combustíveis e lubrificantes (-40,8%), seguido por bens de consumo (-31,0%), bens intermediários (-28,3%) e bens de capital (-26,8%).

No acumulado janeiro-março de 2016, quando comparado com igual período anterior, houve queda em combustíveis e lubrificantes (-52,4%), bens intermediários (-32,0%), bens de capital (-27,0%) e bens de consumo (-26,9%).

 

 

 

 

 

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